Mau negócio

José Horta Manzano

E o Pizzolato, hein? Alguém se lembra dele? É aquele condenado no processo do Mensalão que, julgando-se mais esperto que os outros, escapou do país com passaporte forjado ― emitido em nome de um parente morto havia décadas.

Sentenciado a quase treze anos no xilindró, valeu-se da dupla cidadania ítalo-brasileira e correu para a pátria-mãe. Por certo, imaginou ser acolhido de braços abertos, como bom filho que a casa torna.

Prisioneiro 3Enganou-se. Apanhado pela polícia peninsular, está encarcerado em regime fechado há quase seis meses, longe de parentes e amigos, sem perspectiva de sair tão já. Protocolarmente, o governo brasileiro requereu sua extradição, mas não se tem notícia de que haja profundo empenho em trazê-lo de volta tão cedo.

Na verdade, a presença em território nacional de um provável detentor de detalhes incômodos poderia ser embaraçosa para antigos companheiros. No Brasil, como se sabe, todos dão entrevista, desde presidente e juíz até traficante, arruaceiro e prisioneiro. Já pensou se o homem, ressentido, dá com a língua nos dentes e revela tenebrosas transações? Quanto mais tarde voltar, melhor.

O cidadão binacional fez mau negócio. Enquanto seus companheiros de infortúnio já tiveram suas multas quitadas e estão a caminho da liberdade, signor Pizzolato ainda pode bem amargar longos meses de cadeia italiana. Anos até. E sem os privilégios da Papuda.

Interligne 18b

Obs: Artigo da Folha de São Paulo deste 31 de julho informa que ― será coincidência? ― os petistas condenados no Mensalão foram os primeiros a quitar sua dívida para com a Fazenda Nacional. Já o fugitivo ausente do território ainda carrega o peso da multa estipulada no ato condenatório.

Embaixador sem teto

José Horta Manzano

Todos os países-membros da ONU mantêm embaixador permanente junto à organização, cuja sede principal está em Nova York(*). A França, membro fundador do organismo internacional, segue o caminho dos demais.

Nestes momentos de crise ― alguém, por acaso, se lembra de ter atravessado período que não fosse de crise? Eu, não. Enfim, voltemos à vaca fria. Nestes momentos de crise, dizia eu, o governo francês resolveu fazer um gesto simbólico.

Vendeu, por míseros 70 milhões de dólares, a antiga residência do embaixador junto à ONU. À vista do preço, imagino que a propriedade havia de ser um deslumbre.

Depois de longa procura, foi encontrada residência mais modesta, ainda assim com charme e prestígio. O preço do novo apartamento foi argumento de peso: apenas 7,8 milhões de dólares, quase um décimo do valor do anterior. A localização do imóvel, com vista para o East River, foi também importante na decisão.

Mas as coisas nem sempre saem como a gente gostaria. Por mais que o governo francês tenha peso político, as regras de cada país (democrático) costumam sobrepujar toda ingerência exterior. Assim aconteceu.

River House Residence, Nova York

River House Residence, Nova York

O apartamento de 460m2 situa-se num condomínio nova-iorquino. Pela regulamentação vigente, a venda de um apartamento é condicionada à aprovação dos demais coproprietários. Um deles ― uma riquíssima herdeira ― rejeitou terminantemente a entrada de um diplomata no prédio.

Com a alegação ― verdadeira, diga-se de passagem ― de que residência de embaixador costuma ser palco de festas e recepções frequentes, conseguiu convencer seus vizinhos a não anuir à transação. Assustados com o risco de serem perturbados pelo barulho e pelo entra e sai constante de visitantes, os condôminos negaram a autorização de venda.

Pronto. Monsieur François Delattre, embaixador da França junto à ONU, está sem teto. Caso alguém esteja em condições de propor abrigo digno, solicita-se encarecidamente que se dirija ao Ministério das Relações Exteriores, Quai d’Orsay, Paris. A nação francesa, comovida, agradece.

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(*) A ONU mantém sede secundária em Genebra, Suíça. Boa parte das organizações internacionais ligadas às Nações Unidas têm sua sede principal na cidade suíça. Entre elas, estão as seguintes:
Interligne vertical 11Organização Mundial do Comércio,
Alto-Comissariado para os Refugiados,
Comissão de Indenização das Nações Unidas,
Alto-Comissariado de Direitos Humanos,
Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento Social,
Instituto de Pesquisa sobre o Desarmamento,
Organização Internacional do Trabalho,
Organização Mundial da Saúde,
União Internacional de Telecomunicações.

Como comportar-se em Hong Kong

José Horta Manzano

Você sabia?

Hong Kong ― bondes de dois andares

Hong Kong ― bondes de dois andares

Dia 1° de julho de 1997, quando o território de Hong Kong foi devolvido à China, poucos acreditavam que a mãe-pátria levaria realmente a sério o acordo firmado com o Reino Unido.

Fazia 155 anos que aquele pedaço de chão estava sob domínio britânico ― desde o Tratado de Nanquim, de 1842. Nos anos negros em que a China continental sofria faminta os horrores do regime de Mao e de sua Revolução Cultural, Hong Kong curtia tranquila seu mormaço, protegida de todo mal pelo guarda-chuva do Império Britânico.

Hong Kong ― a bandeira

Hong Kong ― a bandeira

Pelo que ficou acertado entre Londres e Pequim nos anos 1990, o governo chinês se comprometia a manter, pelo menos durante 50 anos após a retrocessão, a relativa autonomia do território, sua moeda própria, seu bilinguismo, seu arcabouço legal, seu sistema político. Até suas próprias regras de tráfego.

Atemorizados, os hongkongueses mais abastados despacharam a tempo sua fortuna para recantos mais acolhedores. Alguns, mais assustados, optaram por solução radical: foram-se de mala e cuia.

Cheguei a perguntar a alguns hongkongueses conhecidos meus se não estavam amedrontados com a perspectiva de a cidade ser encampada pelo gigante chinês. Invariavelmente respondiam todos que, como não eram endinheirados, nada tinham a temer.

Tinham razão os que não se assustaram. A pátria-mãe cumpriu o prometido. Hoje, passados 17 anos, Hong Kong leva vidinha tranquila de região especial administrativa. Enquadra-se na filosofia «um país, dois sistemas», uma especificidade chinesa.

Nada mudou ou quase. A região especial manteve sua administração própria, suas leis, sua moeda, sua bandeira. Até a organização do tráfego foi mantida: em Hong Kong circula-se pela esquerda, à moda inglesa.

Hong Kong ― bairro de escritórios

Hong Kong ― bairro de escritórios

A única alteração visível é um acréscimo bem-vindo. A língua chinesa padrão, aquela que se fala em Pequim, é agora ensinada desde a escola elementar, coisa que não ocorria no tempo dos britânicos. Com isso, os pequerruchos navegam entre três falares: o cantonês (língua local), o mandarim (chinês padrão) e o inglês. Uma riqueza.

Hong Kong ― comércio popular

Hong Kong ― comércio popular

A fronteira entre o minúsculo território e a China continental continua lá, mais bem guardada que nunca. Se assim não fosse, a pequena língua de terra perigava afundar sob o peso de milhões de migrantes.

Estes últimos anos, a subida do nível financeiro tem despertado em muitos chineses a curiosidade de conhecer o antigo território britânico. Lá não se entra assim, sem mais nem menos: precisam de um visto. Os que podem comprovar ter certa folga financeira não têm problema, que a porta está sempre aberta.

Hong Kong ― vista aérea

Hong Kong ― vista aérea

Para quem, como nós, vive do outro lado do globo, pode parecer exagero. Mas é verdade: uma barreira civilizacional separa os chineses dos hongkongueses. Para os que atravessam a fronteira pela primeira vez, o choque cultural é garantido. Os da China continental são vistos em Hong Kong como primitivos, incultos, broncos. Isso é fonte de mal-entendidos e de tensões.

Para baixar a voltagem, a mui oficial agência de notícias Nova China publicou uma lista de conselhos destinada aos cidadãos que tencionam visitar Hong Kong. Eis algumas das dicas:

HK ― regras de comportamento

HK ― regras de comportamento

Fale baixo
Evite chocar-se com as pessoas ou empurrá-las
Não converse aos gritos com pessoas distantes
Trate o pessoal de serviço com polidez
Evite pechinchar exageradamente
Não coma nem beba no metrô
Não atire lixo ao chão e não cuspa na rua
Só viaje na primeira classe se tiver comprado o bilhete

Espera-se que todos sigam as sugestões afastando, assim, todo risco de guerra civil.

Sorry, mano

José Horta Manzano

«Computador do Planalto pôs elogios a Dilma em página da Wikipédia» ― é o título de matéria da Folha de São Paulo deste 28 de julho.

ComputadorOs autores do artigo vão mais longe, descem aos tim-tins e dão nome aos bois. Informam que 11 (onze!) computadores do governo federal, em irrefutável desvio de suas funções republicanas, dedicaram-se a eliminar referências desairosas a membros da nomenklatura. No lugar de menções desagradáveis, os computadores inseriram louvação.

A blindagem tem a presidente por objeto principal, mas não só. Um certo senhor Padilha, candidato a governar o maior estado da federação, também teve seu currículo, digamos, adocicado. A história não faz alusão a outros beneficiários da trapaça, mas o bom senso impele a imaginar que os dois não sejam os únicos.

Curioso é o artigo relatar que «computadores» do Planalto tenham feito isto ou aquilo, como se máquinas decidissem por si o que convém e o que não convém a determinados figurões.

Dona Dilma disse uma vez que, atrás de cada criança, havia sempre uma figura oculta ― um cachorro, no imaginário presidencial. Pois eu digo, sem demagogia, que, atrás de um computador, há sempre ser(es) humano(s) que o manipulam. É incontestável.

Computador 2Portanto, digamos as coisas como são. Uma penca de funcionários ― pagos com nosso dinheiro ― estão incumbidos de reescrever a história, apagando menções embaraçosas e substituindo-as por referências enaltecedoras. Para chegar a seus fins, utilizam computadores pagos com nosso dinheiro, abrigados em palácio custeado com nossos impostos. Até a conta da eletricidade que faz funcionar as simpáticas máquinas de dourar pílula é paga com dinheiro do nosso bolso.

E agora, que a falcatrua foi desvendada, fica tudo por isso mesmo? Ministério Público, OAB, Congresso, onde estais que não respondeis?

Tremei, porteiros! Tremei, moças do café! Tremei, contínuos, bedéis e faxineiros! Se a notícia chegar ao jornal televisivo, não vai ter jeito: um de vocês terá de pagar pelo malfeito. Sorry, mano.

Frase do dia — 163

«Pensando bem… o título de “anão diplomático” dado por Israel ao Brasil, pelo menos desta vez, nada teve a ver com um certo ex-chanceler megalonanico.»

Cláudio Humberto, jornalista, in Diário do Poder, 25 jul° 2014.

Transporte urbano

José Horta Manzano

Você sabia?

Dizem que a China é país muito corrupto ― pode ser. Dizem que o sistema de governo é extremamente autoritário ― parece que é. Dizem que grandes desigualdades sociais subsistem ― é certeza.

O que não se diz tão frequentemente é que o salto dado pelo país em vinte anos não ocorreu por obra e graça do Divino. Foi fruto de planejamento, de aplicação, de trabalho.

Um governo errático como o nosso, com critérios efêmeros e mudanças diárias, jamais chegará ao ponto a que chegaram os chineses. O modus operandi do governo brasileiro é paradigma de ineficiência.

Muitos problemas subsistem na China, mas é indisfarçável que o governo central daquele país tem investido na preparação do futuro. Trabalham duro no sentido de garantir aprovisionamento em matérias primas e desenvolvimento tecnológico.

Pequim tem-se mostrado menos preocupada com futebol e mais com o desenvolvimento da capacidade técnica e intelectual do povo. Quem planta, colhe.

Entre outros pontos, o governo cuidou de dotar suas metrópoles de atributos que facilitam a vida moderna. Como o transporte, por exemplo. Em janeiro passado, foram inauguradas as mais recentes linhas de metrô de Xangai. Com as linhas 12 e 16, a rede de transporte metropolitano da maior metrópole chinesa atinge a extensão de 567 quilômetros ― recorde mundial.

O programa de construção do metrô de Xangai prevê acrescentar, nos próximos anos, outros 230 quilômetros ― mais que a extensão total do metropolitano parisiense.

Metrô do Rio e de Xangai: evolução nos últimos 20 anos

Metrô do Rio e de Xangai: evolução nos últimos 20 anos

Para efeito de comparação, aqui vai a extensão atual de alguns metrôs:

Interligne vertical 11Xangai:           567km
Londres:          402km
Nova York:        373km
Moscou:           325km
Madrid:           293km
Cidade do México: 227km
Santiago:         103km
Istambul:          82km
São Paulo:         74km
Rio de Janeiro:    41km

Na China, não se organizam passeatas pedindo melhora na mobilidade urbana. Primeiro, porque é proibido. Segundo, porque não precisa.

Interligne 18bObs: Com informações do ReporterGazeta.com.br

Frase do dia — 162

«Absurdo mesmo é um país do tamanho do Brasil ter uma diplomacia subordinada aos interesses chinfrins da aliança entre o petismo, o kirchnerismo e o bolivarianismo.»

Rolf Kuntz, jornalista, in Estadão, 26 jul° 2014.

Os óculos do Monsieur

José Horta Manzano

Os menos jovens certamente se lembrarão das gravatas Hermès do senhor Collor, aquele que ― é até difícil acreditar ― um dia foi presidente de nosso país. Afortunado desde o berço, o referido cavalheiro não dispensava adereços de luxo, do colarinho ao bico do sapato. A imprensa e o povo achavam graça. Afinal, se ele paga com dinheiro do seu próprio bolso, que mal há?

Por outros motivos, que não convém aqui esmiuçar, o presidente foi impedido de prosseguir no cargo em 1992. Voltou pras Alagoas. Mas o exemplo ficou guardado na gaveta. Seus sucessores imediatos, o deselegante Itamar e o pão-duro FHC, não se interessaram pelo legado do antecessor. Não sobressaíram pelo esmero no vestir. Mais tarde, no entanto, com a chegada ao Planalto do presidente-operário, os costumes “Ancien Régime” foram devidamente restabelecidos.

É notório que nosso guia não regateou na hora de escolher seus impecáveis trajes. Importados, de preferência, tinham de ter caimento perfeito. O corpo não ajudando muito, o bom corte compensava. A imprensa e o povo acharam graça, e ficou tudo por isso mesmo.

François Hollande Foto Kenzo Tribouillard, AFP

François Hollande
Foto Kenzo Tribouillard, AFP

No Brasil, a agonia das pequenas indústrias é encarada com indiferença pelo governo central. O que conta mesmo são os grandes números gerados por aquela meia dúzia de grandes exportadores de matéria-prima. São os que melhoram as estatísticas. São os que têm capacidade de despejar no partido doações generosas. O resto é o resto. Que cada um cuide de si.

Exatamente como o Brasil, a França está em processo acelerado de desindustrialização. Badulaques são sistematicamente importados da China. Artigos menos chinfrins vêm de países de mão de obra barata ― Europa Oriental, Marrocos, Tailândia.

Abandonados pelas autoridades, o pequeno e o médio empresário brasileiro têm motivos para inquietação e tristeza. Já na França, o governo central empreende ações para encorajar os cidadãos a darem preferência a produto nacional, ainda que tenham de desembolsar um pouco mais. Até um ministério foi criado especialmente para tentar “endireitar” a situação. «Dê preferência ao made in France» é a palavra de ordem.

Dia destes, o presidente da República, Monsieur Hollande, foi fotografado de óculos novos. Até aí, morreu o Neves. O problema é que um fabricante francês de armação, especialista no assunto, percebeu que os óculos presidenciais não eram franceses, mas dinamarqueses.

Sacrilégio! Em tempos de penúria industrial, um descuido presidencial dessa magnitude é imperdoável. O fabricante nacional dirigiu carta aberta ao presidente, missiva que saiu na mídia do país. Além da carta, o esperto empresário mandou de presente a Monsieur Hollande uma armação legítima, das boas, garantidamente made in France. Argumentou que, na qualidade de vetor da imagem do país no exterior, não ficava bem ao presidente estampar, bem no meio do rosto, um objeto fabricado em terra estrangeira.

As próximas fotos de François Hollande confirmarão se ele assimilou a lição. Ou não.

Anão? Ah, não!

José Horta Manzano

Anao 1Sem paz
No conflito entre israelenses e palestinos, a paz é o que menos parece interessar. A nenhuma das partes calharia bem. Ambos os lados dependem crucialmente da ajuda internacional, que vem dos EUA para Israel e da União Europeia para a Palestina. Se a conflagração sumir do radar, a atenção internacional se voltará para outros pontos e as doações perigam minguar. Convém alimentar o conflito.

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Resoluções ONU
Dezenas de resoluções já foram votadas na ONU, tanto na Comissão de Direitos Humanos quanto em plenário. Têm sido falatório estéril, de efeito nulo. O Brasil, membro fundador da organização, deveria saber disso. Quando dois insistem em brigar, não há força que se possa interpor.

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O voto de 23 de julho
Nesta enésima votação, os 47 países que compõem a Comissão de Direitos Humanos da ONU votaram da seguinte maneira:

A favor (29):
África do Sul, Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Brasil, Casaquistão, Chile, China, Congo, Costa Rica, Costa do Marfim, Cuba, Emirados Árabes, Etiópia, Filipinas, Índia, Indonésia, Kuwait, Maldivas, Marrocos, México, Namíbia, Paquistão, Peru, Quênia, Rússia, Serra Leoa, Venezuela e Vietnam.

Contra (1):
EUA.

Abstenções (17):
Alemanha, Áustria, Benin, Botsuana, Burkina Faso, Coreia do Sul, Estônia, França, Gabão, Irlanda, Itália, Japão, Macedônia, Montenegro, Reino Unido, República Tcheca, Romênia.

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A escolha brasileira
O mais prudente teria sido abster-se de votar ― foi o que fizeram países mais lúcidos. Sabem que, de qualquer maneira, não vai servir para nada. Diplomacia é arte sutil que não se exerce à luz do sol em mesas com 47 participantes, luzes, câmera e ação. O Brasil decidiu acompanhar a maioria. Até aí, nada de extraordinário. De qualquer maneira, o resultado prático da gesticulação será igual a zero.

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Anao 1O exibicionismo equatoriano
O Equador, que nem parte da Comissão é, chamou seu embaixador em Israel para consultas. Isso, em linguagem diplomática, é demonstração de forte desagrado, degrau que precede o rompimento de relações.

Como vinha do Equador, o gesto não rendeu nem noticia de rodapé em site de segunda classe.

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A imprudência brasileira
O Planalto resolveu seguir o exemplo do pequeno Equador. Chamou de volta seu embaixador em Israel. Foi mais longe: convocou o embaixador israelense em Brasília para expressar-lhe, de viva voz, o profundo descontentamento do Planalto.

É interessante notar o ensurdecedor silêncio brasileiro diante de outras barbaridades tais como prisioneiros políticos em Cuba, lapidação de mulheres iranianas, abate de avião de linha na fronteira russo-ucraniana.

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O descontrole israelense
Tivesse o Brasil se contentado em votar a favor da resolução, o assunto estaria encerrado. No entanto, o fato de ter seguido o exemplo do pequenino Equador, teve o poder de irritar o governo de Israel.

Num espantoso descontrole, o porta-voz do governo de Jerusalém cometeu a arrogância de atribuir ao Brasil o epíteto de «political dwarf» ― anão político. Cá entre nós, e que ninguém nos ouça: o que o homem disse não é mentira. Sabemos todos que a grande diplomacia brasileira começou e terminou com o Barão do Rio Branco.

O problema é que o porta-voz israelense feriu um princípio universal: eu posso falar mal da minha família, mas você, não. Em outras palavras: certas verdades, embora conhecidas por todos, não devem ser ditas em voz alta. Uma fala tem de ser politicamente correta.

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Anao 1As consequências
Com suas palavras, o governo israelense despertou a ira do povo brasileiro inteiro. Nada como um inimigo comum para federar as forças de uma nação.

A empáfia das autoridades israelenses periga surtir efeito contrário ao que eles imaginavam. Pode até reforçar o apoio do povo brasileiro à posição do Itamaraty e do Planalto. Estamos a menos de três meses de eleições gerais. Um povo, quando se sente agredido, tende a renovar sua confiança naqueles que mostram disposição para defendê-lo.

Em resumo: o diferendo com Israel é uma bênção para a campanha de dona Dilma. Bem explorado, o sucedido pode render-lhe a simpatia e a adesão de muitos indecisos.

Tapeação de Salomão

José Horta Manzano

Em artigo publicado no Estadão deste 25 de julho, Diego Zanchetta informa que, ao final de quatro anos de obras que saíram por 680 milhões(!), o novo Templo de Salomão está sendo inaugurado em São Paulo.

Pertence a uma conhecida seita neopentecostal autodenominada Igreja Universal do Reino de Deus, controlada por um senhor chamado Macedo.

Os atributos do recinto são coisa de novo-rico, dignos de um castelo «medieval» de Las Vegas: quatro vezes a superfície do Santuário Nacional de Aparecida com espaço para 10 mil pessoas sentadas, revestimento de mármore cor-de-rosa italiano, iluminação garantida por 10 mil lâmpadas, oliveiras importadas de Israel, telão maior que os dos estádios da Copa das Copas. Pra ministro nenhum botar defeito, sô!

Foto Estadão

Foto Estadão

Aliás, não só ministro, mas presidente, ex-presidente, governador e prefeito foram convidados para a cerimônia de inauguração. Sem público, naturalmente, que é para prevenir vaias. Rapidinho, dona Dilma confirmou presença. É altamente provável que os outros convidados «de honra» compareçam também. Afinal, em época de campanha eleitoral, é permitido fazer o diabo.

Tem um detalhe que me incomoda. Fiel que ousar vir a pé, sozinho, movido por sua própria fé, não será admitido no local. Para frequentá-lo, é obrigatório vir em caravana. O adepto terá de inscrever-se junto à única empresa de ônibus coveniada com a seita. E terá de desembolsar obrigatoriamente 45 reais, ainda que resida a um quarteirão de distância. A notícia não deixa claro se o pagamento obrigatório da entrada será descontado do dízimo.

Em terras mais civilizadas, esse tipo de procedimento já teria sido denunciado como exploração da ingenuidade popular, num processo com excelentes chances de sucesso e de consequente interdição da seita no território nacional.

Mas em nossa terra, sacumé, a coisa é mais maneira. Já que pode servir de vitrina eleitoral, por que não fechar um olho? Afinal, parte importante de nossa vida política é alicerçada na exploração da crendice do povão. Ou não?

Comparecimento imediato

José Horta Manzano

Você sabia?

No Brasil, quem sai fora da linha não arrisca muito. Tendo um bom advogado e alguma folga financeira, aí então é moleza. Na falta de dinheiro, o apoio de uma ong qualquer também funciona.

Habeas corpus, prisão domiciliar, regime semiaberto, recursos, chicanas, entrevistas à mídia, protestos, faixas, passeatas contam-se aos montes. Até pedido de asilo político em consulado do Uruguai anda na moda. Cadeia é mesmo só pra pobre desdentado. Gente fina sempre dá um jeito.

Em outras partes do mundo, a coisa não funciona exatamente assim, que lugar adequado para quem afronta a lei é cadeia.

Um grupo havia solicitado à polícia francesa autorização para organizar uma manifestação em solidariedade com o povo palestino. As autoridades não deram permissão. Os manifestantes resolveram passar por cima e sair em passeata assim mesmo. Foi em Sarcelles, arredores de Paris, domingo passado.

Manif 2O que tinha de acontecer, aconteceu. Elementos perturbadores infiltraram-se na passeata e transformaram o cortejo pacífico em manifestação violenta. Vitrinas quebradas, lojas saqueadas, degradação de patrimônio público.

Tivesse ocorrido em nosso País, teria dado em nada. Ultimamente, os deveres andam meio esquecidos ― só valem os direitos. A expressão violenta da opinião de uns poucos tem prioridade sobre o direito à paz e à tranquilidade de que a esmagadora maioria de cidadãos deveria poder gozar.

Na França, tem disso não. A polícia deteve 18 arruaceiros. Foram divididos em grupos, conforme o delito cometido. Os primeiros foram apresentados à Justiça num procedimento dito de comparution immédiate ― comparecimento imediato. Essa fórmula é frequentemente utilizada em caso de pequenos crimes.

Os quatro primeiros foram julgados e condenados já na terça-feira, dois dias depois do tumulto. Três deles pegaram pena de dez meses de prisão ― os quatro primeiros meses em regime fechado e os seis últimos no semiaberto.

Não há consulado do Uruguai em Sarcelles. Nem que houvesse, não adiantaria nada. Preso político é uma coisa, baderneiro é outra.

O banco do Brics

José Ronaldo Saad (*)

A propósito da recente criação do banco CRA, banco do Brics, faço um comentário.

Por mero cálculo aritmético, verifica-se que o rateio do investimento dos cinco países se baseou na média de três índices: população, PIB, renda per capita. O aporte de cada um foi (em bilhões de dólares): China: 41, Índia: 18, Brasil: 18, Rússia: 18, África do Sul: 5.

A criação de nosso banco de desenvolvimento não está longe. by Paresh Nath, desenhista indiano

A criação de nosso banco de desenvolvimento não está longe.
by Paresh Nath, desenhista indiano

Ocorre que o terceiro índice (renda per capita) teria de ser descartado por dissimular uma falácia. Como ele é a relação entre PIB e população ― já devidamente computados nos dois primeiros critérios ― sua consideração é redundância equivalente ao notório expediente de “dar com uma mão para tirar com a outra”.

Ou seja, neste último indicador a população entra como denominador de uma fração, diminuindo sensivelmente o correto aporte dos países mais populosos ― a China e a Índia ―, justamente os gigantescos países asiáticos que mais precisam da infraestrutura para a qual o fundo foi específicamente criado. Hermanos vizinhos!

A média legítima seria obtida se se levassem em conta unicamente população e PIB. O rateio deveria ficar assim (em bilhões de dólares): China: 52.4, Índia: 26.3, Brasil: 10.3, Rússia: 9.0, África do Sul: 2.0.

Chegamos a um acordo para um mundo multipolar. by Paresh Nath, desenhista indiano

Chegamos a um acordo para um mundo multipolar.
by Paresh Nath, desenhista indiano

Como ficou, a China e a Índia deixaram de aportar 11,4 e 8,3 bilhões (22% e 32% de vantagem). Brasil, Rússia e África do Sul, investiram a maior 8, 9 e 3 bilhões respectivamente, chegando a 75%, 100% e 150% de desvantagem.

Não é à toa que os indianos são os maiores matemáticos do planeta. E adivinhem quem será o primeiro presidente?

Mais uma copa perdida?

in Tribuna da Imprensa, 16 jul° 2014.

Dona Mariquinhas e Dona Maricota

Carlos Chagas (*)

As duas velhinhas lá do subúrbio, viúvas e com os filhos criados, passam o dia se vigiando, empenhadas em tertúlias a respeito de que goiabeira é mais florida e dará melhores frutos, ou sobre que quintal está mais bem cuidado. Pela idade que alcançaram, são respeitadas no quarteirão. Mas não têm nenhuma importância para a vida da comunidade.

Assim parecem os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula. Não se passa uma semana sem que deixem de se agredir comparando suas goiabeiras e seus jardins. Artigos, entrevistas e comentários sucedem-se de uma para a outra velhinha, mas, convenhamos, apenas para que passe o tempo das duas. A vida sabe ser cruel.

(*) Carlos Chagas (1938-), jornalista, in Tribuna da Internet.

Por via terrestre

José Horta Manzano

Anteontem o mundo ficou sabendo que, ao retornar do exterior por via terrestre, residentes no Brasil passavam a ter seu direito a importar sem impostos amputado de metade. O limite de valor da isenção tributária ― que já era baixo ― encolhia de 300 a 150 dólares.

Jornais paraguaios expressaram seu pesar. Tanto o ABC Color quanto outros portais. Para nosso pequeno vizinho, as divisas despejadas por compristas brasileiros são importantes.

Ontem, catapimba! Deu-se o dito pelo não dito. Em 24 horas, tivemos ordem e contraordem. Mais um assombroso improviso de nosso lamentável Executivo. A decisão amadorística terminou, como não podia deixar de ser, num desastre para a imagem de seriedade que o governo apreciaria(?) projetar.

A segurança jurídica é um dos sustentáculos da democracia e um dos atributos maiores dos países civilizados. Por que é que grandes empresas mundiais estabelecem sua sede ou sua base de operações neste ou naquele país? Os critérios são múltiplos. Entre eles, está naturalmente a facilidade de encontrar mão de obra e funcionários especializados. Tamanho do mercado, eficiência da infraestrutura e vantagens fiscais também contam. Acima de tudo, porém, paira a segurança jurídica ― a razoável certeza de que leis e regras não serão mudadas da noite para o dia.

Fronteira Brasil-França (Amapá-Guiana Francesa)

Fronteira Brasil – França    (Amapá – Guiana Francesa)                                                                                    imagens Google

Alguém imagina uma multinacional estabelecer sua central de operações na Venezuela ou na Argentina? Impensável. São países atormentados por um ordenamento jurídico ondulante, imprevisível, sinuoso, inseguro.

O recado que o Brasil passa ao mundo com esse tipo de vaivém jurídico é negativo e extremamente prejudicial a nossa imagem no exterior.

É verdade que já não nos enxergam como país confiável. Mas também não precisa confirmar essa deficiência a todo momento. Pra que exagerar? O caso em pauta deixa evidente que 24 horas de reflexão teriam bastado para evitar o vexame.

Interligne 18e

Obs: A regra trata de chegada ao Brasil por via terrestre, o que exclui transporte aéreo e marítimo. Fico curioso para saber como são tratados os viajantes que retornam a Tupiniquínia por via fluvial. Entre outros pontos de passagem de nossa longa fronteira, há, por exemplo, uma linha regular de balsa entre St-Georges (Guiana Francesa, França) e Oiapoque (Amapá, Brasil). Os passageiros, navegando pelo Rio Oiapoque, não entram por via terrestre. Como é que fica?

Rapidinha 27

José Horta Manzano

Incertezas
Com informações da Agência Reuters, o portal Euronews anuncia, em sua versão em língua inglesa, que a presidente do Brasil já não navega em águas tão tranquilas. Esclarece que as perspectivas econômicas e a frustração dos habitantes das grandes metrópoles ameaça sua reeleição. Disso já sabíamos nós outros.

ShakhtarRecusa
Na falta de cientistas padrão Fifa para exportar, o Brasil despacha jogadores de futebol. Dizem que uns mil jovens partem a cada ano em direção aos rincões mais improváveis. Cinco deles são atualmente contratados pelo Shakhtar, da cidade de Donetsk, Ucrânia. É justamente o epicentro da insurreição ucraniana. O time esteve em exibição estes dias em jogo amistoso na França. Aproveitando-se da ocasião, os cinco brasileiros recusaram-se terminantemente a voltar para a Ucrânia. Perigoso demais. Foram acompanhados por um argentino, jogador do mesmo time. Quem dá a notícia é a Bloomberg.

De qualquer jeito
O portal CityWire, especializado em economia e finanças, informa que o setor bancário brasileiro prosseguirá seu crescimento ainda que(sic) Dilma Rousseff seja reeleita. O uso da locução «ainda que» (even if) revela o estado de espírito de quem escreve. Leia-se: Rousseff atravanca o crescimento econômico do país, mas o setor bancário é tão poderoso que deve sobreviver a eventual reeleição da mandatária.

SacoleiroSacoleiros
O paraguaio ABC Color lamenta que a quota de compras que brasileiros fazem no exterior esteja sendo cortada pela metade (de 300 a 150 dólares). A redução atinge em cheio a economia da região de fronteira, centrada na venda a turistas de um dia. A construção de estádios tão monumentais quanto inúteis representou desperdício de dezenas de bilhões do patrimônio do povo brasileiro. Os cofres públicos não são milagrosos. Quanto mais se gasta, menos sobra. É revoltante que, para reconstituir reservas dilapidadas, o governo federal amargue a vida dos sacoleiros, essas formiguinhas que sobrevivem revendendo bugigangas.

À prova de vazamento

Ruy Castro (*)

Na semana passada, Merkel expulsou o chefe da CIA na embaixada americana em Berlim, por aliciar funcionários da inteligência alemã para se tornarem agentes duplos e venderem informações aos EUA. Depois de sofrer com as polícias secretas nazistas e comunistas por quase 60 anos, é natural que os alemães não gostem de ser espionados. E, afinal, não somos aliados dos EUA? ― pergunta Merkel. Por que espionar aliados?

Porque não há aliados no mundo digital. O homem de capa, chapéu e luvas, adentrando de madrugada um gabinete, vasculhando arquivos com a lanterna, subtraindo pastas de documentos datilografados ficou obsoleto. Hoje, sem sair de seu quarto, um escolar munido de um smartphone consegue furar bloqueio de qualquer instituição e surrupiar seus documentos em 0,1 segundo.

Talvez por isso, o chefe do Parlamento alemão ― o democrata-cristão Patrick Sensburg ― tenha anunciado em televisão que ele e seus colegas estão considerando voltar a usar máquina de escrever para redigir documentos mais sigilosos. O apresentador perguntou-lhe se ele estava brincando. E Sensburg, na lata: «Não, não estou. Os russos já estão fazendo isso desde o ano passado».

(*) Ruy Castro (1948-) é escritor e jornalista. O texto acima transcrito é excerto de artigo publicado pela Folha de São Paulo em 21 jul° 2014.

Pré-campanha desastrada

José Horta Manzano

Quem estiver achando que vou falar da campanha eleitoral, que começa a ferver em Tupiniquínia, pode tirar o cavalo da chuva. Não só campanhas políticas provocam desastres. O artigo de hoje se inspira em fato real ocorrido estes últimos dias em Genebra, Suíça.

Mas voltemos um pouco no tempo. Nos anos 50, quando ainda não se fabricavam lavadoras de roupa no Brasil, o tanque era apetrecho indispensável em todo lar urbano. Lavadeira era profissão comum, exercida em geral por mulheres.

Algumas recolhiam a roupa na casa dos fregueses, levavam embora e traziam tudo de volta ― lavado, dobrado e passado ― alguns dias depois. Outras eram diaristas. Vinham trabalhar na própria casa da patroa, que fornecia o tanque, a água, o sabão e, conforme o trato, também o almoço. Confirmavam, assim, o dito popular segundo o qual roupa suja se lava em casa.

Lavar sem sabão!

Lavar sem sabão!

Em 1957, surgiu estranha propaganda. Na verdade, melhor falar em anúncio. Embora já não se dissesse reclame, o termo propaganda ainda não era muito usado. Na peça publicitária, de uns dez segundos de duração, uma voz cantava «Ooo-mooo… Que será Omo?». Outdoors (que a gente conhecia como cartazes) traziam a mesma pergunta. Quem seria esse tal de Omo?

A tentação durou algumas semanas. Um dia foi, afinal, revelado o segredo. A pré-campanha introduzia nova marca de sabão. Em pó! Verdadeira revolução numa época em que pedras de sabão Campeiro e Minerva disputavam a preferência das lavadeiras.

Numa segunda fase, a campanha dedicou-se a instruir incrédulas donas de casa. A maioria desconfiava do produto ou considerava-o dispensável, imaginando ser um aditivo, daqueles que se adicionam à água já ensaboada. Levou alguns anos até que a novidade entrasse nos hábitos.

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Semana passada, apareceram em Genebra alguns cartazes ― desses que agora dizemos outdoors ― com mensagem chocante. «Desconfie dos franceses», dizia um deles. «Tenha receio dos italianos», prevenia outro. E mais algum outro gritava: «Tenha medo dos alemães».

Tenha medo dos alemães!

Tenha medo dos alemães!

Tenha medo dos alemães! São verdadeiros conhecedores.

Tenha medo dos alemães!
São verdadeiros conhecedores.

Numa cidade onde a população estrangeira ultrapassa 50% dos habitantes, os dizeres chocaram e causaram estupor. Seria provocação de algum partido extremista, desses que sonham em limpar o território expulsando todos os forasteiros? Dois ou três dias depois de lançada, a pré-campanha foi interrompida. A grita que se alevantou não permitiu que chegasse ao final.

Desconfie dos franceses!

Desconfie dos franceses!

Desconfie dos franceses! São bons gourmets.

Desconfie dos franceses!
São bons gourmets.

E sabem quem estava por detrás da extravagante ideia? A SPA – Sociedade Protetora dos Animais. Nesta época de verão, quase todos viajam de férias. Não tendo com quem deixar seu animal de companhia, muitos o abandonam à beira da estrada. Parece inacreditável, mas a cada ano se ouvem histórias dramáticas desse naipe.

Tenha receio dos italianos!

Tenha receio dos italianos!

Tenha receio dos italianos! São grandes sedutores.

Tenha receio dos italianos!
São grandes sedutores.

A SPA imaginou que uma campanha-choque pudesse coibir esse tipo de selvageria. Só que, para vestir um santo, despiram outro. Cutucaram os brios da população. A campanha foi suspensa.

Frase do dia — 161

«A política está apodrecida não pela rejeição da população. Isso é um dos efeitos do problema. A política está apodrecida porque políticos, como o ex-presidente, que se dizem “modernos”, continuam fazendo o que faziam os coronéis que condenam.»

Editorial do Estadão, 20 jul° 2014.