A presidente não mentiu

José Horta Manzano

Brasilia 3Grande injustiça vem sendo perpetrada contra nossa presidente. Ok, ok, a mandatária está longe de ser aquela que deixará as melhores lembranças nos futuros livros de história, mas, assim mesmo, nem tudo é tão ruim.

Todos a condenam por ter prometido e não ter cumprido. Pior: por ter jurado que seguiria um caminho e, na hora do vamos ver, ter caminhado na direção oposta. O presidente que mente ao povo se equipara àquele que bombardeia os súditos. Traidor.

by Lezio Jr, desenhista paulista

by Lezio Jr, desenhista paulista

É verdade que, até a semana passada, vivíamos com a insuportável sensação de termos sido vítimas do conto do vigário. A candidata Dilma, que nos tinha prometido fontes de mel e fim do drama, nos despejava fontes de fel e mar de lama. Uma frustração.

Felizmente, um fato surpreendente ocorrido semana passada veio esclarecer tudo. Dona Dilma não havia mentido, não, senhor. Éramos nós que, ignorantes, não havíamos entendido. A mensagem era, no entanto, clara. Fomos nós que não tivemos lucidez suficiente pra captar-lhe o sentido profundo.

Vamos dar a César o que é de César. Bem antes que a campanha presidencial tivesse início, a candidata Dilma havia garantido que, reeleita, implantaria no Brasil o padrão Fifa. Ninguém acreditou. Ela repetiu. Continuamos não acreditando. Pois os acontecimentos de Zurique afastam toda dúvida: a presidente havia dito a verdade.

Dilma Blatter 2A realidade é que poucos sabiam o que vinha a ser o tal padrão Fifa. A crença generalizada era de que fosse sublime, limpo, reto, livre de impurezas, moderno – em uma palavra: civilizado. A candidata, enfronhada na política desde outros carnavais, certamente sabia. Se pecou, foi por omissão: absteve-se de explicar aos eleitores o que vinha a ser o novo padrão.

Que não seja por isso: o destino se encarregou de esclarecer. O planeta inteiro agora sabe que o padrão Fifa é composto por roubalheiras, mentiras, traições, golpes de palácio, vinganças pessoais, vaidades exacerbadas, corrupção instituída em sistema, cooptação, compra de votos, inveterada cara de pau, ausência de escrúpulos, espírito corporativo, menosprezo pela inteligência alheia.

Fifa 1Não precisa argúcia especial pra identificar escandalosa semelhança entre o padrão Fifa e o padrão brasileiro. A candidata estava certa – errados estávamos nós. Faz quatro anos e meio que ela nos conduz pela senda encantada, tal como havia prometido.

Alegria, conterrâneos! Estamos quase lá!

Reação vigorosa

José Horta Manzano

No Estadão online deste 30 maio 2015, aparece a chamada: “Joseph Blatter diz que ação dos EUA contra Fifa é revanche”.

Chamada do Estadão, 30 mai 2015

Chamada do Estadão, 30 mai 2015

A bem dizer, errado não é. Mas a língua oferece outras palavras que dão o recado com maior precisão. São elas: retaliação, desforra, revide e vingança.

Convém guardar revanche para o domínio esportivo. Assim: “A seleção de futebol do Brasil, que perdeu para a Alemanha, não vê a hora de conseguir sua revanche.”

Profissões desaparecidas

José Horta Manzano

Foguete 1Ouvi, estes dias, que mais da metade das crianças que nascem hoje exercerão, quando adultas, profissão que ainda não existe atualmente. Dito assim, é impressionante. Mas, a bem refletir, a afirmação tem sua lógica. O mundo sempre funcionou assim, só que anda cada dia mais acelerado.

Grande parte dos profissionais exímios no manejo de Word e Excel nasceram antes de o computador pessoal ter sido inventado. Todos os aviadores da Primeira Guerra – todos mesmo – vieram ao mundo antes da invenção do avião. Quando os astronautas que um dia caminhariam na Lua já estavam sendo alfabetizados, foguetes interplanetários ainda não passavam de ficção científica.

Profissões nascem, profissões morrem, essa é a lei. Boa parte dos ganha-pães que conhecemos terá desaparecido daqui a algum tempo. Profissões há que já estão em vias de extinção. Outras vão durar ainda um pouco mas acabarão por desaparecer.

Animal 07Ofícios ligados à saúde tem garantia de perenidade. Por mais que avance a ciência, prevê-se que a imortalidade ainda demore a ser alcançada. Enquanto não vem, todos vamos continuar precisando de cuidados médicos.

Lampião 1Em compensação, num mundo em que o uso do papel tem rareado, papelarias atravessam um momento complicado. Agências de viagem tradicionais também andam à mingua.

Todos nós já ouvimos falar de ofícios desaparecidos: acendedor de lampião de gás, vendedor de leite de cabra tirado na hora, cocheiro. Muitas das profissões atuais certamente terão sumido daqui a vinte anos. Quais serão? Quem viver verá.

Quem quer pizza?

by Cláudio de Oliveira, desenhista potiguar

by Cláudio de Oliveira, desenhista potiguar      –     Clique para ampliar

Para justificar o retorno precipitado, o senhor Del Nero alegou que, de todo modo, não ia votar na eleição do presidente da Fifa.

Fica no ar a pergunta: o que é que ele foi fazer em Zurique então?

O vaso e o cachepô

Francisco de Paula Horta Manzano (*)

Flor 1Uma crônica com um título desses fica até com cara de fábula. Mas não é. Trata-se de caso que realmente aconteceu.

Contaram-me essa história como verdadeira e não tenho por que duvidar, pois a relatar-me foi o próprio dr. Venâncio Prates, homem de meia-idade (que já teve, com certeza, 1/4 de idade e um dia ainda há de ter idade inteira), sujeito boa-praça, que leva muito a sério seus cabelos grisalhos – os que ainda lhe restam e que agora observam, lá do alto, a barriga um tanto volumosa a comprometer um bocado a estética do conjunto.

Disse-me que a esposa, dona Ilda, à semelhança de tantas outras, adorava plantas. Frequentava exposições, admirava e elogiava o capricho da natureza na feitura das flores, umas mais belas que as outras, o que sempre a deixava sem saber definir qual a sua predileta, tantas as cores e as formas. Tamanha beleza e tanta variedade enchiam-lhe os olhos.

Foi num Dia dos Namorados que o dr. Prates teve a infeliz idéia de comprar um pequeno vaso com florezinhas muito delicadas, até bonitinhas mesmo. Tinha bom gosto para escolher, e não havia de existir melhor presente para a esposa.

Pois bem, deu-lhe o tal vaso. A mulher ficou radiante e passou uns 5 ou 6 dias agradecendo de tanto que gostou. Mas (e quase sempre há um “mas” para fazer a coisa desandar)… e o cachepô? Um recipiente desses melhoraria e muito o vaso, faria com que as flores ficassem ainda mais bonitas – achava dona Ilda. Um vaso sem cachepô está fadado ao insucesso, ao abandono, ao esquecimento.

Como de costume, dr. Prates atendeu logo ao desejo de sua amada. Um ou dois dias depois, apareceu em casa com um cachepô que, de fato, valorizou mais ainda o presente.

Um “mas” bastava? Claro que sim, se se tratasse de pessoa, digamos, normal. Já dona Ilda, com tanto tempo disponível para conjecturar, conseguia elaborar idéias mais profundas a partir de um simples vaso, agora reforçado pelo cachepô.

by Ewa Helzen, artista de Malta

by Ewa Helzen, artista de Malta

Achou que talvez fosse a cor da sala que não estivesse lá combinando muito bem com as flores, que, aliás, continuavam muito bonitas, embora parecessem já não ornar tão bem com o ambiente.

O dr. Prates não demorou a tomar a decisão de pintar a sala de estar. Claro que, logo em seguida, descobriu que a sala de jantar não podia ficar com a pintura velha e logo deu-lhe nova pintura também. Acatando sugestão da amada esposa, os quartos também foram pintados, o que obrigou, por conseqüência, a aplicar pintura nova ao resto da casa, sem esquecer, naturalmente, o lado de fora.

Feito tudo isso, dona Ilda, que continuava a cuidar muito bem das flores (que bem poderiam ser chamadas de Eva, pois foi por onde tudo começou), a sra. Prates – dizia eu – que tinha tempo de sobra para observar as coisas, após longa, acurada e minuciosa observação dos tons, do tamanho e do formato das flores do vasinho predileto, chegou à conclusão que, na verdade, era a casa que não combinava com a elegância e distinção das flores. Flores tão únicas, como jamais vira em sua vida. E depois, não era só isso, havia também que considerar o valor sentimental que elas representavam.

Não demorou muito e o dr. Prates, apesar das frustradas tentativas de demover a esposa da nova idéia (sem sucesso apesar de alentada argumentação), procurou nova casa, mais ampla, espaçosa (e mais cara também, claro) mas que, enfim, estaria perfeitamente apta a acolher, numa das salas, aquele vaso de flores dentro do cachepô.

Agora era hora de sossegar, mas (olha o “mas” aí de novo…) alguma coisa ainda inquietava o pobre dr. Prates (a esta altura, literalmente mais pobre mesmo, depois dos gastos consentidos). Conhecendo a esposa de longo relacionamento, ou seja, de muitos outros carnavais, pressentia ele que algo mais ainda estava por vir.

Flor 2O dr. Venâncio Prates me confiou, depois de longo e profundo suspiro, que, preocupado com o conforto da esposa, comprou na semana passada uma almofadinha nova, para ela se sentar no banco do automóvel quando for dirigir.

A almofadinha até que ficou muito legalzinha, mas… (quem diria, hein, outro “mas”!), ele me disse que esta semana estão procurando um modelo novo de carro para comprar. Zero, é claro. E a almofadinha vai ter que ficar uma graça no carro novo.

(*) Francisco de Paula Horta Manzano (1951-2006), escritor, cronista e articulista.

O sistema perfeito

José Horta Manzano

Computador 9Piratas informáticos atacaram o site do americano IRS (Internal Revenue Service), equivalente à nossa Receita Federal.

Não foi invasão gratuita, dessas planejadas pra satisfazer vaidades adolescentes. Os registros de cerca de cem mil(!) contribuintes foram violados, examinados e, mui certamente, copiados.

Candidamente, o IRS confessa não ter a menor ideia de quando a invasão começou. Pode ter sido em fevereiro, mais de três meses atrás. Bom, isso é o que descobriram. Quem garante que não haja outras mazelas por descobrir? Não é impossível que outras invasões estejam ocorrendo no escurinho.

«It just goes to show that even the most secure system can be attacked». Fica claro que até o sistema mais protegido pode ser violado – foi o comentário do diretor do Ponemon Institute, respeitado grupo de pesquisa em segurança informática.

Computador 10Enquanto isso…
Enquanto isso, no Brasil, deitamos e rolamos. E zombamos desses incapazes. Dá até pena assistir, de camarote, às trapalhadas desses loiros de olhos azuis.

Urna 2Ao som do mar e à luz de nosso céu profundo, vamos continuar navegando ao largo desses aborrecimentos. Nosso sistema de voto eletrônico – único no mundo! – nos põe fora do alcance de piratas malvados.

Nossa estrutura eleitoral é inviolável. Nunca foi manipulada e jamais o será.

Saravá!

Passou dos limites

José Horta Manzano

Joseph Blatter, presidente da Fifa

Joseph Blatter, presidente da Fifa

Ainda ontem, eu falava sobre excessos. Hoje, logo de manhãzinha, estourou uma notícia que deve ter feito muita gente engasgar com o croissant: a polícia de Zurique prendeu sete medalhões da Fifa.

Foi raio em céu sereno. Como assim? Dirigentes da Fifa? Mandarins da mais rica e poderosa das máfias? É inacreditável. E como é que foi acontecer?

Foram os excessos, distinto leitor, os excessos. Suborno e corrupção sempre houve, sempre haverá, lá e cá, ontem, hoje e amanhã. «Se você me der isso, eu lhe dou aquilo» é conversa velha como o mundo. Todavia, enquanto o troca-troca se mantém dentro de limites discretos e razoáveis, passa batido. Acontece que a Fifa, há décadas especializada no toma lá dá cá, exagerou. Riu na cara do mundo.

Fifa 1Basta lembrar os países aos quais foi atribuída a organização da mais recente e das duas próximas edições da Copa do Mundo: Brasil 2014, Rússia 2018 e Catar 2022. Nenhum dos três aparece em bom lugar na classificação mundial da lisura. À boca pequena, alastrou-se a desconfiança de que muitos milhões – não necessariamente declarados – estejam por detrás da designação desses países.

Os EUA não detêm o monopólio da seriedade e da firmeza. Dezenas de países são tão respeitáveis quanto o grande irmão do Norte. O que marca a diferença é o peso conferido aos EUA por sua descomunal força econômica. É como aquele parente rico que ninguém, na família, ousa contradizer.

De olho no promissor mercado norte-americano, a Fifa fez o que pôde para organizar seu campeonato mundial naquelas terras. Conseguiu o intento em 1994. De lá pra cá, não há dúvida de que o horizonte comercial ligado ao futebol se alargou. No entanto, toda moeda tem duas faces.

Suite do Hotel Baur au Lac, Zurique

Suite do Hotel Baur au Lac, Zurique. Alguns hóspedes dormirão hoje no xadrez.

A ampliação da influência mundial do futebol aos EUA converteu-se em faca de dois gumes. O esporte mais popular no mundo, até então ignorado, passou a angariar número crescente de admiradores americanos. Por consequência, o futebol entrou na mira dos funcionários encarregados do planejamento a longo prazo do país. O «soccer», antes tão considerado por lá quanto nós consideramos o críquete, deixou de ser atividade exótica.

Os excessos da Fifa são evidentes para todos. Tá na cara, como diz o outro, que muita propina anda correndo por debaixo do pano. Mas cadê coragem de enfrentar a máfia maior?

Dilma BlatterAutoridades dos EUA resolveram encarar. Lançaram, contra dirigentes da Fifa, mandado internacional de busca e captura. Sete medalhões – entre os quais um brasileiro – foram colhidos num cinco estrelas e convidados a passar uma temporada nas agradáveis masmorras de Zurique. Devem permanecer sob custódia das autoridades suíças até que o pedido de extradição seja julgado.

Como vemos, dinheiro pode até ajudar, mas não blinda. Neste momento, o mais engasgado de todos há de ser Sepp Blatter, o presidente da Fifa e candidato a um quinto mandato. O escrutínio – de cartas marcadas, dizem as más línguas – está programado para sexta-feira 29 de maio. Estava. Vamos ver como evolui a situação.

Perfil e círculos

José Horta Manzano

Photo de profil 3Sou do tempo em que a gente, quando saía de férias, dava um jeito de evitar dar muita bandeira. Para despistar, cada um tinha seu método. Era imprescindível pedir a algum vizinho que esvaziasse a caixa de cartas a cada dois ou três dias. Caixa cheia dá na vista e assinala ausência de moradores.

Outra providência era instalar um temporizador que acendesse lâmpadas durante determinados períodos e – essa também era boa – botasse o rádio pra tocar a certas horas do dia. Luz e flashes intermitentes de tevê refletidos na parede também eram boa pedida.

Em resumo: fazia-se o possível para evitar que desconhecidos mal-intencionados se inteirassem da ausência e aproveitassem para assaltar a residência.

Photo de profil 2O mundo mudou. Mantenho respeitosa distância de redes sociais. Quando me perguntaram um dia se eu tinha «foto de perfil», imaginei que me estivessem falando daqueles retratos tirados de prisioneiros que dão entrada na carceragem: de frente e de perfil, e com escala graduada como pano de fundo.

Embora, pessoalmente, não me sinta atraído por círculos, rodas, clubes & afins, entendo que outras cabeças possam emitir outras sentenças. Muita gente gosta de relatar pequenos fatos do quotidiano – o que fez, o que pretende fazer, o que comeu, onde esteve, com quem conversou. Por que não? Se um tem prazer em contar e outro gosta de ficar sabendo, onde está o mal?

Pois o mal está no excesso. Já houve casos de gente que, descuidadamente, deixou vazar a informação de que estaria de viagem de tal a tal dia. Propagada, a notícia chegou a ouvidos de integridade duvidosa. Foi como entregar à raposa a chave do galinheiro. Sabendo que não perigavam ser surpreendidos pela chegada inopinada do morador, ladrões deitaram e rolaram.

by Gilberto César Terra, desenhista mineiro

by Gilberto César Terra, desenhista mineiro

«Do que a mão esquerda faz, a direita não precisa ficar sabendo.» Mesmo afastado do conceito original bíblico, o ditado serve para ilustrar o caso de hoje. Serve também em outras ocasiões. Em boca fechada, não entra mosca.

Pioneirismo helvético

José Horta Manzano

Você sabia?

«Irlanda é primeiro país onde povo, em referendo, aprova casamento gay.»

Irlanda 2Com termos assim, a mídia planetária trouxe a boa-nova: o verdejante, tradicional e ultraconservador país do trevo dava mais um passo em direção à modernidade. O aplauso foi universal.

Não sei a que agência noticiosa atribuir a autoria da ideia de que o governo irlandês teria sido o primeiro submeter ao povo a aprovação do casamento gay. A afirmação não é verdadeira.

Nestes tempos de alastramento instantâneo da informação, verdades se espalham com velocidade. Mentiras, infelizmente, também. Em matéria de casamento gay aprovado pelo povo, a primazia cabe à Suíça. Conto-lhes a história.

Desde o início deste século, a sociedade mandava sinais mais e mais flagrantes de mudança. Era passado o tempo em que homossexuais eram obrigados a viver na clandestinidade, apartados dos demais cidadãos e vistos com reserva. Tornou-se, então, imperativo que a lei passasse a refletir a evolução das mentes.

Entendendo o problema, o governo federal de Berna propôs ao parlamento nova legislação sobre o assunto. Estabelecia as bases e as regras para oficializar e sacramentar a união entre pessoas do mesmo sexo. As câmaras aprovaram a lei já em junho de 2004.

Para que ficasse bem claro que a vontade dos cidadãos estava sendo obedecida, ficou combinado que o texto seria submetido a referendo. Dia 5 junho 2005, o povo suíço aprovou, em referendo, a lei já votada pelo parlamento. A Suíça tornou-se, assim, o primeiro país onde a união entre pessoas do mesmo sexo foi aprovada pelo voto popular. Dez anos antes da Irlanda.

Suisse 18Neste país alpino, pouco dado a espalhafatos, a união não é chamada de «casamento». Para não chocar sensibilidades mais tradicionais, criou-se um nome específico. Em alemão, é Eingetragene Partnerschaft. Em francês, adotou-se a tradução ipsis litteris: Partenariat Enregistré. Em italiano, ficou Unione Domestica, nome meio sem graça. Até um novo estado civil foi criado especificamente para acomodar os que se viessem a se unir na forma da nova lei. Em português, um neologismo calcado na língua inglesa poderia servir de tradução: partenariado.

Irlanda 1O texto entrou em vigor dia 1° de janeiro de 2007. A temida destruição da família tradicional, temida por profetas do apocalipse, parece não ter acontecido. A família continua firme e forte. E manda lembranças.

É tranquilizante viver sob regras claras. Pão, pão, queijo, queijo. No Brasil, apesar da tão decantada tolerância nesse campo, até hoje não há – que eu saiba – um texto definitivo, claro, peremptório, inatacável. A omissão do legislador sobre a união legal entre pessoas do mesmo sexo abre brecha para que o judiciário faça a lei, o que não é exatamente sua atribuição.

E assim vamos, aos trancos e barrancos, como de costume.

Quem paga o pato

José Horta Manzano

FHC 1Não acho que seja função de quem já esteve no topo da carreira ficar dando palpite sobre o dia a dia da República. Para a biografia de suas excelências, mais valeria recolher-se a um silêncio distante e majestático. A aura dos figurões sairia reforçada.

Mas as coisas no Brasil não funcionam assim. É comum aparecer, na mídia, entrevista concedida pelos mais improváveis personagens: encarcerados, juízes, desembargadores, antigos ministros do STF, antigos presidentes da República. Ah, essa vaidade…

Ademais, a situação peculiar que nosso País atravessa permite certos excessos. Vamos ao mais recente deles.

Tesoura 1Toda a imprensa noticiou a declaração do antigo presidente Fernando Henrique Cardoso, pronunciada em 23 de maio no Centro Universitário de Brasiília. Disse o palestrante que, ao cortar 70 bilhões de seus gastos este ano, o governo “está pagando seus pecados”. O «governo» está pagando? Quéquéisso, cara-pálida?

Arca 1Integrantes do «governo» estão com as burras cheias – abarrotadas – de dinheiro, ouro e pedras preciosas. Houve os bilhões roubados da Petrobrás. Houve os réus confessos de haver pago propina a políticos de alto e baixo quilate.

Há ainda quem suspeite que boa parte dos bilhões entregues aos bondosos irmãos Castro, no âmbito do Mais Médicos, estar sendo devolvida sob forma de depósito em contas particulares, domiciliadas em paraísos fiscais. Há desconfiança de assombrosos desvios ligados a obras bilionárias financiadas pelo BNDES em Angola, na Venezuela, no Equador e em outros países amigos.

Quem está pagando somos nós, povão, tanto os ingênuos que botaram essa gente lá quanto os que não se dobraram ao marketing oficial.

Ninguém pode perder o que não tiver. Portanto, os integrantes do «governo» não podem perder a dignidade, por nunca a terem tido. A eles, venais e egocentrados, a fortuna pecuniária basta. São gente atrasada e daninha, que jamais deveria ter sido alçada aos píncaros da República.

Crédito: Junecember

Crédito: Junecember

Quem está pagando, prezado ex-presidente, é o povo. A conta veio justamente para aqueles que dão duro todos os dias na esperança de um futuro melhor. Dói no bolso e no coração ver que nosso destino está sendo forjado por cafajestes.

Data venia, excelência, entendo a intenção de suas palavras e com ela concordo. Mas, convenhamos, a formulação foi pra lá de infeliz.

Os escândalos, a caravana e a banda

José Horta Manzano

Briga 4As consequências do mensalão e do petrolão não são apenas financeiras. Atingem o momento econômico e perturbam o planejamento do Brasil de amanhã.

Faz quase dez anos que o País, estarrecido, assiste ao interminável desfile de acusações, contra-acusações, afirmações, negações, imputações, absoluções. Quando a gente acha que chegou ao clímax, aparece novidade mais espetaculosa.

Políticos, sociólogos, filósofos, ministros, artistas, jornalistas, empresários – enfim, os integrantes da nata que detém o poder – se engalfinham de embolada. Faz dez anos que o Brasil está paralisado.

Por falta de previsão e erros de aplicação, planos apresentados como salvação da lavoura deram em nada. Bifurcação do Rio São Francisco, trem-bala, exploração do pré-sal, programa espacial, extinção do desmatamento, elevação do nível de ensino, consolidação de infraestrutura rodoviária e ferroviária – tudo isso ficou no papel.

by Armand

by Armand “Apfel” Feldmann, artista francês

A corrupção, sozinha, não justifica todo esse empacamento. Corrupção, posto que nunca antes tenha atingido a magnitude atual, sempre existiu. Assim mesmo, o Brasil progrediu.

Discussão 3A incompetência tampouco é explicação para a estagnação. Nossos dirigentes nem sempre foram competentes. Assim mesmo, o Brasil progrediu.

Crises externas não servem de pretexto para o marasmo atual. Crises, tensões, conflitos, guerras sempre houve. Nem por isso, nosso País retrogradou.

Sabe o distinto leitor qual é o ingrediente que, mal percebido, junta-se às mazelas nacionais endêmicas e as reforça? Pois é justamente a exacerbação desses males congênitos, trazida à tona pelo mensalão e pelo petrolão.

Ponhamos em outros termos. Apesar da corrupção crônica e da incompetência difusa, o Brasil de 2015 é, em muitos aspectos, melhor que o de um século atrás. Bem ou mal, o País vinha desempenhando razoavelmente.

Discussão 1No entanto, estes últimos anos, petrolão e mensalão baralharam as cartas. Desmilinguiu-se o pouco que havia de competência para pensar o Brasil do futuro. O tempo e o esforço dos mais capazes tem sido consumido na fogueira dos escândalos.

Juristas, psicólogos, historiadores, sociólogos, antropólogos e outros eruditos não fazem outra coisa senão tecer considerações sobre os excessos que vêm sendo revelados a cada dia. É afligente ver desperdiçada tanta massa cinzenta, que seria tão mais útil se estivesse esboçando o Brasil de amanhã.

by Sinval Fonseca, artista brasileiro

by Sinval Fonseca, artista brasileiro

O decênio de 1980 ficou na história do Brasil como «a década perdida». Que nome darão os historiadores do futuro ao período túrbido que começou em 2005? Que nome se deve dar a um tempo que a gente terá passado se estapeando, sem preocupação com o amanhã, enquanto outros povos pavimentavam, previdentes, o próprio futuro? Quantos degraus teremos descido no processo civilizatório? Quem viver verá.

Enquanto a caravana passa e nos ultrapassa, nós, bobões, continuamos ladrando. Vendo a banda passar.

Lei de palanque

Cláudio Humberto (*)

Justiça 3

Candidato a prefeito de Catolé do Rocha (PB) nos anos 60, Benedito Alves Fernandes, o Biu Fernandes, encerrou a campanha usando a famosa expressão do direito Dura lex sed lex – a lei é dura, mas é a lei. Como o povão não entendeu, Biu resolveu traduzir a frase: “Lutarei até morrer!”.

Hoje ele é deputado estadual pelo Democratas. Biu pode não saber o significado da expressão em latim, mas já deve ter aprendido que, para certos políticos, como diria Fernando Sabino, a expressão mais adequada é “dura lex sed latex” – a lei é dura, mas estica.

(*) Cláudio Humberto, jornalista, publica coluna diária no Diário do Poder.

Amigos do alheio e Força Pública

José Horta Manzano

Assalto 1Quarta-feira, importante jornal de Paris fez análise da violência e da criminalidade que se impõem como regra de vida no Brasil. O quotidiano Libération, de orientação socialista, preocupa-se com o que está por vir daqui a um ano, quando o Rio hospedará os Jogos Olímpicos de verão.

A reportagem começa relatando o ataque de que foi vítima, faz algumas semanas, um ciclista francês de 19 anos na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, justamente onde se disputarão algumas provas dos JOs.

JO 2016Menciona, em seguida, menino de 14 anos esfaqueado mês passado por uma malta de jovens que lhe surrupiaram a bicicleta. Também lembra as facadas desfechadas domingo passado numa turista vietnamita cuja única culpa era ter atravessado meio mundo para apreciar a Cidade Maravilhosa.

O caso mais recente fecha a lista macabra. Trata-se do cardiologista assassinado na orla da lagoa por ogros imbecis interessados em subtrair-lhe a bicicleta. O artigo traz declaração de figurões, prefeito, governador. Cada um tem solução pronta na algibeira: adiantamento da idade da maioridade penal, intensificação do policiamento, luta contra desigualdades sociais, instalação de unidades ditas ‘pacificadoras’ em favelas.

Rio de Janeiro 2Conjecturo. Não tenho estatísticas criminais de cinquenta anos atrás. Mas posso assegurar meus leitores mais jovens que, meio século atrás, não nos invadia o sentimento de insegurança hoje onipresente.

Crimes passionais, sempre houve. Faziam a euforia de jornais populares. Na época, quem quisesse se informar só tinha o rádio e a imprensa. Brincando com coisa séria, a gente dizia que, se aqueles jornais sensacionalistas fossem espremidos, sairia sangue.

Ladrão 3Latrocínio era acontecimento relativamente raro. Furtos eram bem mais frequentes que roubos. «Amigos do alheio» – como eram chamados os ladrões – tinham comportamento refinado. Para começar, não costumavam andar armados. Bater carteiras era técnica requintada: finório, o punguista profissional aliviava a vítima de seus pertences sem ser notado por ninguém. De tirar o chapéu.

Policiamento sempre houve – nem mais nem menos que hoje. Os soldados da Força Pública, como dizíamos, não nos pareciam mais numerosos que os policiais atuais. A desigualdade social acho que era até mais acentuada que hoje: pobre era pobre, rico era rico, sem nada no meio.

O que terá mudado então? Por que é que o sentimento de vulnerabilidade é mais agudo hoje? Não tenho a resposta na algibeira. A meu ver, o problema vem de longe e, do jeito que as coisas vão, tende a agravar-se.

Goste-se ou não, parece-me evidente: a grande culpada é a sociedade brasileira, tomada como um todo. O relaxamento que começou, tímido, na efervescência dos anos 1970, não foi detectado a tempo pelos que seguram as rédeas da nação. As novas gerações foram abandonadas ao deus-dará. Medidas de formação e de orientação, que deveriam ter sido implementadas desde os bancos escolares, não o foram. O relaxamento gerou a permissividade, que descambou para a leniência. Estamos com um pé no «liberou geral».

JO 2016 2Aumentar o número de policiais, adiantar a maioridade penal, construir cadeias suplementares – nenhuma dessas medidas, isoladamente, vai adiantar. O sentimento de pertencimento a uma sociedade tem de ser incutido no povo brasileiro. Não é tarefa simples nem rápida. Mas toda longa caminhada começa com o primeiro passo.

Não há outra saída. A perdurar o atual vale-tudo, a sociedade brasileira não sobreviverá. Faz tempo que a saúva deixou de ser a maior ameaça. País onde criminosos condenados são louvados como «heróis do povo» e contraventores são eleitos ministros da Suprema Corte encaminha-se, célere, para a anomia. Ou bagunça total, se preferirem.

Frase do dia — 242

«O embaixador Guilherme Patriota foi atingido na testa porque passou pelo plenário na hora do tiroteio contra Luiz Fachin. Para salvar Fachin, mataram Patriota.»

Eliane Cantanhêde, em sua coluna do Estadão, 20 mai 2015.

A vida da manada é difícil

Pedro Valls Feu Rosa (*)

Animal 01Dia desses assisti a um daqueles documentários sobre a África, recheados de cenas de caça. O foco era exatamente este: os cuidados que a maioria dos bichos deve ter por conviver com espécies ferozes em um mesmo ambiente.

Achei muito interessante o ritual da hora de beber água, no final do dia. O primeiro a ir até o rio é o chefe da manada. Ele chega cauteloso, quase furtivo. Verifica com cuidado o ambiente, certificando-se de que lá não está nenhuma besta feroz à espreita.

Se a barra estiver limpa, ele retorna e chama o restante da manada. Vão todos às pressas, em uma correria desesperada causada não pela sede, mas pelo medo. É assim que chegam à beira do rio e começam a beber nervosamente, sempre olhando para os lados e controlando o ambiente. Ao redor, sempre vigilante, lá está o chefe da manada, pronto a dar o alarme caso alguma fera apareça.

Animal 02Neste caso, cada animal sabe o que fazer: sair numa correria desesperada. O último é sempre o chefe – que, para salvar o restante da manada, acaba virando comida de alguma besta feroz.

Confesso que a cada vez que assisto a um documentário desses choca-me principalmente a falta de dignidade imposta aos animais mais pacíficos, sempre obrigados a viver às escondidas ou correndo de um lado para o outro. As atividades mais banais, tais como pastar ou beber água, se transformam em momentos de risco, nos quais a dignidade vai cedendo espaço ao instinto de sobrevivência.

Pois é. Assim é a vida lá nas selvas da África. Mas, mudando de assunto, há alguns dias saí para jantar fora com um casal amigo. Eles resolveram levar os dois filhos, ainda crianças. Vivemos momentos agradáveis. Por volta das oito da noite, fomos embora.

Animal 03Impressionou-me, então, o treinamento da família. O primeiro a sair do restaurante foi o meu amigo. Olhou para um lado e para o outro, foi até o carro, contornou-o, certificando-se de que não havia ninguém perto e, de lá, fez um sinal de positivo para a esposa e os dois filhos.

Estes, então, disciplinadamente, saíram quase correndo rumo ao carro. Cada um já sabia o que fazer, abrindo sua porta e entrando apressadamente. Enquanto isso o motor estava sendo ligado e o veículo preparado para sair. Confesso que não cheguei a cronometrar quanto tempo durou esta operação, mas posso dizer que consumiu menos de 30 segundos.

Animal 04Conversando depois com meu amigo, fui informado de que toda a família passou realmente por um treinamento. E acrescentou que, em caso de emergência, todos já estão preparados. Assim, ele deverá ficar e encarar a situação do jeito que for possível – e se não for possível, que se sacrifique pelos demais. Quanto à esposa e filhos, estes deverão sair correndo desenfreadamente, cada um para um lado, abanando os braços e gritando por socorro.

Mas, perdoem-me, ainda sobre a África aprendi algo interessante naquele documentário. Disseram que uma das maneiras de diferenciar um animal pacífico de um violento é através dos olhos.

Animal 05Eis aí algo curioso, que eu ainda não havia observado: os olhos dos animais mansos ficam na lateral da cabeça – posição que torna mais fácil controlar o ambiente ao redor. Em resumo, dá para vigiar melhor se alguma fera está se aproximando. Já quanto a estas, os olhos invariavelmente ficam na frente do crânio, possibilitando um maior foco nas vítimas e uma caçada mais eficiente.

E é assim, inspirado pela vida nas selvas, que fico a pensar se não deveríamos ter os olhos ao lado das orelhas…

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(*) Pedro Valls Feu Rosa é desembargador. Foi presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Fonte do texto.

Aqui vivo, aqui voto

José Horta Manzano

Urna 7A notícia, de escasso interesse para a imensa maioria, foi dada pelo Estadão, mas passou praticamente despercebida.

Em janeiro passado, quando sua aura ainda guardava um restinho de brilho, o Lula deu uma passeada numa feira típica promovida pela comunidade boliviana. Subiu ao palanque, discursou, e, como ainda costumava acontecer naquela época, foi afagado pelo mestre de cerimônias da quermesse. Foi agraciado com epítetos tais como «migrante mais famoso do Brasil» e «pai da integração social da América Latina(!)». Pra você ver.

Entre uma empanada salteña e outra, um atônito Lula ouviu um coro com inusitada reivindicação: «Aquí vivo, aquí voto!». Não precisou traduzir. Nesse momento, um membro da corte que acompanhava o antigo presidente precipitou-se ao microfone para reafirmar que, se a integração das Américas não avançava, a culpa era «do preconceito das elites». Naturalmente.

Urna 5O Lula comeu empanadas, aceitou mais algumas ‘pra viagem’, foi-se embora. E tudo ficou por isso mesmo.

Por duas razões, o pedido dos bolivianos caiu no vazio. Primeiro, porque foi feito a um personagem já arredado do poder. Segundo, porque, com tantas questões mais prementes, o assunto periga permanecer em banho-maria por décadas.

Pois este blogueiro – que é do ramo – ficou sensibilizado com o assunto. Concordo com os bolivianos. No meu entender, é justo e desejável que estrangeiros votem no país em que se tiverem estabelecido.

Mas, atenção! Não é ir chegando e já se ir tornando eleitor – o caminho não é esse. O direito deveria ser concedido a estrangeiros estabelecidos há um determinado número de anos, cinco ou sete, por exemplo. Teriam também de provar não ter nome sujo na praça, nem nas finanças, nem na justiça.

urna 4Governantes são escolhidos para conduzir uma comunidade, não uma nacionalidade. É compreensível e desejável que estrangeiros estabelecidos há muitos anos no Brasil participem da escolha de governantes. É excelente empurrão para a integração.

Por que não se naturalizam então? – pode algum distinto leitor se perguntar. A Constituição de 1988, dita ‘cidadã’, determina que a naturalização somente seja concedida a estrangeiros que tenham vivido pelo menos 15 anos no Brasil. É muito tempo, daí a utilidade de expandir o direito de voto a estrangeiros que preencham as condições determinadas em lei.

Fim melancólico

José Horta Manzano

DécouragementNão precisa ter bola de cristal pra se dar conta de que o futuro do Lula não é radioso como todos imaginavam até seis meses atrás. O homem – que muitos consideram inteligente, mas que eu julgo apenas astucioso e oportunista – não consegue entender o que lhe está acontecendo.

Persistindo na crença de que foi o melhor presidente que essepaiz já conheceu, não atina com os motivos pelos quais ele e seus companheiros passaram a ser rejeitados. Dado que é virtualmente impossível adivinhar os pensamentos que circulam nos meandros do cérebro alheio, a gente pode, no máximo, conjecturar. No caso do Lula, tenho uma hipótese a propor.

Feuille morteDesde o tempo em que liderava metalúrgicos, ele entendeu que o mundo é um jogo de interesses. Toma lá, dá cá. Eu lhe dou isto, você me dá aquilo. A utilização intensiva da fórmula garantiu-lhe vasto círculo de ‘amigos’ e assegurou-lhe ascensão até o posto máximo da República.

Não há notícia de que o Lula jamais se tenha mostrado embaraçado com alguma falcatrua ocorrida à sua volta. Parece-lhe normal que dinheiro e favores circulem por debaixo do pano – faz parte do toma lá, dá cá. Daí ser-lhe impossível entender a razão da cólera popular, agora que escândalos estão sendo revelados. Nosso líder está sinceramente atônito, embasbacado, sem entender o porquê de reação tão negativa contra uma prática que lhe parece corriqueira e indispensável.

Arvore 1A Folha de São Paulo deste 18 maio traz artigo contando que nosso guia criou um ‘grupo para o futuro’, roda formada por alguns dos poucos amigos que lhe restam. Juntos, procuram solução pra vitaminar hipotética candidatura do líder a um terceiro mandato presidencial.

Os componentes do grupo fazem pensar num abraço de afogados. O taumaturgo não está só. A seu lado, estão outros personagens tão ou mais desprestigiados que ele: Antonio Palocci (ministro da Fazenda demitido), Alexandre Padilha (candidato malsucedido ao governo paulista), Fernando Haddad (prefeito paulistano mal-amado). São esses os mais conhecidos.

MorroO Lula devia ter pendurado as chuteiras no dia em que entregou a faixa presidencial à sucessora. Tivesse feito como grandes personagens do passado, que saíram de cena no auge da carreira, teria ficado na memória nacional como grande líder.

Não o fez porque queria mais. Preferiu continuar no palanque sem se dar conta de que, depois de ter chegado ao topo da montanha, só pode descer. Tem descido. É melancólico.

Falam de nós – 8

0-Falam de nósJosé Horta Manzano

Maracana hotelNo Maracanã
«Une nuit à Maracana»Uma noite no Maracanã. O site francês de informação 20 Minutes traz notícia de concurso realizado por uma agência de turismo. O prêmio é uma noite no Estádio do Maracanã. Uma suite de luxo será instalada para abrigar o vencedor.

As Olimpíadas vêm aí
«Violencia en Brasil: peligrosa antesala para los Juegos Olímpicos 2016»Violência no Brasil: perigosa antessala para as Olimpíadas de 2016. Foi manchete do portal informativo chileno T13. Mostra a preocupação que aflige atletas e dirigentes do mundo inteiro à vista da criminalidade enraizada em nosso País.

China imperadorBrasil colônia
«Chinese ‘economic colonisation’ of Brazil continues»Continua a ‘colonização econômica’ chinesa do Brasil. É com esse título que o jornal britânico The Independent relata o investimento de 50 bilhões de dólares que a China prevê fazer dentro em breve em nosso País.

Criança 1Fertilidade
«Brasilianische Mutter bekommt mit 51 Jahren ihr 21. Kind»Mãe brasileira dá à luz, com 51 anos, seu 21° filho. Manchete do portal alemão RP-Online sobre a extraordinária notícia da mulher sergipana que põe no mundo mais um brasileirinho.

Dilma 9Rivalidade
«Rousseff’s main ally eyes Brazil’s presidency in 2018»O principal aliado de Dilma de olho na presidência do Brasil em 2018. Com esse título, o portal noticioso Arab News, da Arábia Saudita, informa que o PMDB já não disfarça suas pretensões ao trono presidencial.

Criminalidade
«Despite firearm restrictions, gun violence kills five people every hour in Brazil»Apesar de restrição de armas de fogo, violência armada mata cinco pessoas por hora no Brasil. O portal Vice News relata o aumento alarmante da criminalidade em terras de Pindorama.

Crédito: Kopelnitsky, EUA

Crédito: Kopelnitsky, EUA

Imodéstia
«Conmigo y com Neymar juntos, Brasil habría ganado el Mundial»Comigo e Neymar juntos, o Brasil teria ganhado a Copa. É com essa tirada pouco modesta que Pep Guardiola se manifestou estes dias. Guardiola, que já foi técnico do Barça, comanda atualmente o Bayern Munique. Saiu no portal espanhol Mundo Deportivo.

Onibus 5Assalto por engano
«Asaltan bus que transportaba a hinchas de Guaraní en Brasil»No Brasil, assaltado ônibus que levava torcedores do Guarani. O jornal paraguaio Ultima Hora dá assim a notícia de assalto sofrido por torcedores nas cercanias de Maringá (PR). Os bandidos, imaginando que o coletivo trazia sacoleiros, estavam mais era de olho na mercadoria.

Frase do dia — 241

«Uma das primeiras licitações do ano, no Planalto, em meio ao escândalo da Lava a Jato, foi para comprar fragmentadoras de papel, aquelas maquininhas que destroem documentos. E até provas.»

Cláudio Humberto, jornalista, em coluna do Diário do Poder.