Adotando um pesadelo

Myrthes Suplicy Vieira (*)

Nos últimos meses, tenho evitado como posso abordar o tema “vida ao lado de cachorros”. Desde que minha filósofa de quatro patas preferida partiu, abriu-se um imenso vazio em meu coração e teve início um angustiante período de falta de interlocução com outros humanos e outros animais.

Não me entendam mal. Continuo desenvolvendo como de hábito minhas atividades profissionais e sociais, encontrando parentes e amigos, cuidando da minha cachorra Aisha e tentando encontrar uma nova companheira peluda que seja capaz de nos tirar do pântano existencial em que patinamos. Por mais contraditório que pareça, nada disso consegue trazer alívio ou verdadeiro prazer para minha mente atormentada.

Constato com mais força a cada dia que passa que o vínculo que me uniu à Molly é, para todos os efeitos, único e insubstituível. Talvez para quem nunca tenha convivido com um animal de estimação soe estranho falar sobre a personalidade de cada pet, mas assim é. Independe totalmente de sua raça, porte, idade ou sexo. Cada bicho tem um jeito peculiar de andar, comer, tomar água, brincar, dormir, exprimir suas necessidades e se relacionar com seu dono. Não há como transferir para outro cachorro a rotina de cuidados e experiências, sem que tudo pareça despropositado, forçado ou fora de ritmo.

Como a interlocução entre um humano e seu bicho de estimação é de alma, de energia e não passa pelas palavras, a gente é obrigada, mesmo que não queira, a fazer uma revisão profunda dos alicerces que sustentam nossa relação com cada animal. O passatempo preferido da Molly era ficar me olhando com um ar inquisitivo, em completo silêncio e imobilidade, como se pudesse ler tudo o que me passava pela alma. A palavra de ordem na vida da Aisha, ao contrário, é agitação. Qualquer atividade para ela é prazerosa, tanto faz se o convite é para passear ou movimentar-se dentro de casa mesmo, desde que haja uma bolinha como forma de intermediação da nossa relação. Quando não há nenhuma à mão, ela se entrega à apatia e me ignora por completo. Não há meio termo, não há possibilidade de diálogo ou negociação.

É da minha natureza buscar o sossego e a meditação, mas sou forçada a confessar que a rotina de interiorização logo me cansa. Preciso sempre que o beijo de alguma estimulação externa desperte a Bela Adormecida que vive em mim. Recomeçar é, para mim, tão vital quanto o ar que respiro. Quando a vida me oferece essa possibilidade, minha energia mental e espiritual prontamente recomeça a brotar.

Nas últimas semanas, o que mais tenho feito é visitar sites de doação e feiras de adoção de pets. Tenho analisado as mais diferentes opções de tamanho, cor, idade e temperamento canino. A desastrosa tentativa de convivência com a Helô me chamou de volta à realidade: não tenho mais idade, disposição física ou paciência para educar um filhote e lidar com a inevitável frustração de vê-lo destruir tudo ao redor. Passei a focar nas alternativas de adoção de cachorras adultas, mansas e sociáveis, uma vez que preciso levar em consideração também uma possível rejeição da Aisha.

Pode ser que o problema seja meu, mas sinto que a estratégia de marketing que vem sendo usada por muitas ongs e protetores está redondamente equivocada. Na ânsia de aumentar as chances de adoção, praticamente todos os cães anunciados são apresentados como portadores das qualidades acima. A alegação padrão costuma ser a de que o bicho é carinhoso, dócil, carente e obediente, não importa se ele é um pitbull idoso e vítima de maus tratos ou um vira-lata brincalhão que mal começou a vida.

Examino as fotos e analiso com cuidado o olhar de cada cachorra disponível. Não é isso que sinto na imensa maioria dos casos. Quando localizo alguma que tenha o olhar filosófico ou uma postura de esfinge parecida com a da Molly, meu coração bate descompassadamente. Ligo, converso, negocio, explico minha situação, peço informações detalhadas sobre o comportamento da outra. As promessas se repetem, monótonas. Quando alerto que preciso fazer uma experiência de contato entre a candidata e a Aisha antes de me comprometer em definitivo, o discurso começa sutilmente a mudar de figura.

Uma só pode morar em casa térrea, preferencialmente com grades e telas de proteção. Outra magicamente passa a ser diagnosticada como um tanto instável na convivência com outros animais adultos. Outra ainda é apresentada como extremamente medrosa e desconfiada, em função de traumas emocionais derivados de maus tratos. E por aí vai.

Ultimamente, tenho me sentido como uma socialite entediada que tem um exército de tratadores, adestradores e terapeutas caninos à disposição. Outras vezes, como uma dona de casa apalermada, cujo único interesse na vida é cuidar de cães e que tenta preencher seu vazio existencial com eles por não dispor de uma vida social (quiçá sexual) satisfatória.

Será que sou eu quem está à procura um ideal inexistente ou serão eles que ainda não se deram conta de que há infinitas outras formas de crueldade com os animais além do abandono e dos maus tratos?

(*) Myrthes Suplicy Vieira é psicóloga, escritora e tradutora.

Natureza humana e cultura

Myrthes Suplicy Vieira (*)

Viajando de ônibus para São Lourenço. O ônibus faz uma parada curta numa cidadezinha à beira da estrada para apanhar mais passageiros. Proibida de descer, contento-me em olhar ao redor. Há uma praça ao lado, chão de terra batida, ainda sem grama. Nela, alguns cachorros perambulam ou dormitam ao sol. Acompanho-os com os olhos um tanto entediada.

Aos poucos me dou conta de que a cachorra de pequeno porte que está deitada no centro da praça está no cio. Ela é cercada por uns sete ou oito cachorros que a cheiram e tentam copular com ela. Começo a me angustiar, dado que a desproporção de tamanho entre eles é grande. O maior macho aproxima-se dela por trás e a empurra com o focinho, como se quisesse levantá-la. A cachorra resiste e permanece deitada – um indicativo claro de que não está receptiva.

Minha angústia cresce. Depois de várias tentativas, o macho consegue penetrá-la e, com a força de seu impulso para a frente, acaba por levantar a cachorra. Ela gira no ar, em pânico. Olho em volta, desesperada, procurando alguém que pudesse me ajudar a interferir. Na tarde modorrenta, apenas alguns homens conversam em pé na frente de uma loja e limitam-se a rir quando percebem o que está acontecendo.

Cachorro 30Levanto num pulo, me perguntando se teria coragem suficiente para enfrentar tantos machos ensandecidos. Caminho hesitante até a frente do ônibus, mas o motorista volta, fecha a porta e dá a partida, ignorando meus apelos para aguardar mais alguns instantes. Volto a meu assento desolada. A imagem não sai mais da minha cabeça.

Solidariedade de gênero? Não sei. Instinto maternal? Talvez. Senso de justiça? Provável. Uma coisa é certa, porém, na minha cabeça: não sei lidar com o sentimento de impotência diante da selvageria. Não suporto nem mesmo assistir a documentários sobre a vida natural das espécies, fecho os olhos para não testemunhar cenas de predadores estraçalhando corpos.

A violência no mundo animal só não me desestrutura mais do que a bestialidade humana. A recente notícia do estupro coletivo de uma jovem me faz reviver o pesadelo. Não vi as cenas, a simples menção ao fato me devolveu ao olho do furacão. Surpreendo-me com a declaração da garota de não sentir dor no útero, mas sim na alma. Soa como tradução perfeita do meu mal-estar. Mais do que violência física, sinto que o que está em jogo é a negação da alma feminina, do direito que toda mulher tem de decidir autonomamente o que pode ou não ser feito com seu corpo, seja por iniciativa dela mesma ou de terceiros.

Coreto 1Reflito por alguns instantes sobre a expressão inglesa ‘son-of-a-bitch’ – literalmente, ‘filho de uma cadela’. Certamente, penso, inventada por um homem, como forma de afirmar que a mulher pode ser objeto de prazer, mas nunca sujeito de seu próprio prazer. Deixa implícito que o desejo e a excitação masculina são irrefreáveis, capazes de despertar por si o desejo na mulher e que, portanto, não faz sentido esperar por seu consentimento. Mais precisamente, um jeito de interpretar a recusa feminina como ilógica, já que pressupõe que, em condições naturais “normais”, a mulher reagiria como uma cadela no cio, encontrando prazer em se submeter ‒ o que a cena que presenciei deixa claro que não acontece nem mesmo entre animais.

Penso depois em Rousseau e em sua tese de que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe. Relembro minhas aulas de Filosofia e a obra de tantos pensadores da cultura e da civilização. Ah, meu caro Rousseau, os teóricos que o sucederam demonstraram que as coisas não são bem assim, infelizmente. O que eles nos ensinaram é que as pulsões humanas estão em permanente conflito com a cultura e com os valores que cada uma prioriza para compor seu ideal de moralidade sexual.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo, escritor e compositor Nascido na então República de Genebra, hoje cantão suíço

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo, escritor e compositor
Nascido na então República de Genebra, hoje cantão suíço

Ao contrário de sua hipótese romântica, os casos de irrupção de barbárie na cultura – seja os de estupro, genocídio ou terrorismo – desnudam o fracasso da civilização em conter em definitivo impulsos perversos que, para nosso pesar, são parte constituinte da natureza humana. A psicanálise dá a isso o nome de “retorno do reprimido” e explica: quanto maior a repressão, maior a violência com que os impulsos reprimidos se manifestarão. A onda de indignação que varre a consciência de todos na sequência serve apenas para escancarar a extensão e a virulência com que a norma moral nos foi impingida. Faz-nos lembrar que, se deixados livres, seríamos provavelmente capazes de façanhas ainda piores.

O paradoxal nisso tudo é que, na ânsia de evitar a repetição desses eventos trágicos, se apele justamente para ações ainda mais repressoras e totalitárias. Queimem-se os livros, proíbam-se as músicas obscenas, condenem-se à morte os humoristas que ousarem ridicularizar formas religiosas de opressão, impeça-se que educadores disseminem conteúdos ideológicos em sala de aula.

Vale tudo para identificar os culpados e puni-los. O preocupante é que pouca gente se dê conta de que o culpado é sempre o outro. Ou que a justiça seja sempre colocada do lado de fora, aos cuidados de alguma instituição social. A responsabilidade nunca é assumida como nossa, pessoalmente.

Triste, mas já é tarde para um ‘mea culpa’ coletivo. Nossas consciências já foram estupradas.

(*) Myrthes Suplicy Vieira é psicóloga, escritora e tradutora.

A vida da manada é difícil

Pedro Valls Feu Rosa (*)

Animal 01Dia desses assisti a um daqueles documentários sobre a África, recheados de cenas de caça. O foco era exatamente este: os cuidados que a maioria dos bichos deve ter por conviver com espécies ferozes em um mesmo ambiente.

Achei muito interessante o ritual da hora de beber água, no final do dia. O primeiro a ir até o rio é o chefe da manada. Ele chega cauteloso, quase furtivo. Verifica com cuidado o ambiente, certificando-se de que lá não está nenhuma besta feroz à espreita.

Se a barra estiver limpa, ele retorna e chama o restante da manada. Vão todos às pressas, em uma correria desesperada causada não pela sede, mas pelo medo. É assim que chegam à beira do rio e começam a beber nervosamente, sempre olhando para os lados e controlando o ambiente. Ao redor, sempre vigilante, lá está o chefe da manada, pronto a dar o alarme caso alguma fera apareça.

Animal 02Neste caso, cada animal sabe o que fazer: sair numa correria desesperada. O último é sempre o chefe – que, para salvar o restante da manada, acaba virando comida de alguma besta feroz.

Confesso que a cada vez que assisto a um documentário desses choca-me principalmente a falta de dignidade imposta aos animais mais pacíficos, sempre obrigados a viver às escondidas ou correndo de um lado para o outro. As atividades mais banais, tais como pastar ou beber água, se transformam em momentos de risco, nos quais a dignidade vai cedendo espaço ao instinto de sobrevivência.

Pois é. Assim é a vida lá nas selvas da África. Mas, mudando de assunto, há alguns dias saí para jantar fora com um casal amigo. Eles resolveram levar os dois filhos, ainda crianças. Vivemos momentos agradáveis. Por volta das oito da noite, fomos embora.

Animal 03Impressionou-me, então, o treinamento da família. O primeiro a sair do restaurante foi o meu amigo. Olhou para um lado e para o outro, foi até o carro, contornou-o, certificando-se de que não havia ninguém perto e, de lá, fez um sinal de positivo para a esposa e os dois filhos.

Estes, então, disciplinadamente, saíram quase correndo rumo ao carro. Cada um já sabia o que fazer, abrindo sua porta e entrando apressadamente. Enquanto isso o motor estava sendo ligado e o veículo preparado para sair. Confesso que não cheguei a cronometrar quanto tempo durou esta operação, mas posso dizer que consumiu menos de 30 segundos.

Animal 04Conversando depois com meu amigo, fui informado de que toda a família passou realmente por um treinamento. E acrescentou que, em caso de emergência, todos já estão preparados. Assim, ele deverá ficar e encarar a situação do jeito que for possível – e se não for possível, que se sacrifique pelos demais. Quanto à esposa e filhos, estes deverão sair correndo desenfreadamente, cada um para um lado, abanando os braços e gritando por socorro.

Mas, perdoem-me, ainda sobre a África aprendi algo interessante naquele documentário. Disseram que uma das maneiras de diferenciar um animal pacífico de um violento é através dos olhos.

Animal 05Eis aí algo curioso, que eu ainda não havia observado: os olhos dos animais mansos ficam na lateral da cabeça – posição que torna mais fácil controlar o ambiente ao redor. Em resumo, dá para vigiar melhor se alguma fera está se aproximando. Já quanto a estas, os olhos invariavelmente ficam na frente do crânio, possibilitando um maior foco nas vítimas e uma caçada mais eficiente.

E é assim, inspirado pela vida nas selvas, que fico a pensar se não deveríamos ter os olhos ao lado das orelhas…

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(*) Pedro Valls Feu Rosa é desembargador. Foi presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Fonte do texto.

De gatos e pássaros

José Horta Manzano

Artigo publicado pelo Correio Braziliense em 6 dez° 2014

«Quando non c‘è il gatto, i topi ballano» – quando o gato não está, os ratos fazem a festa. Aprendi esse provérbio, faz muitos anos, com um velho comandante da Marinha italiana. Havia lutado nas duas Grandes Guerras e, naquela altura, já estava reformado. Dono de aguçado senso de humor, quando lhe perguntavam sobre a guerra, costumava retrucar com um meio sorriso: «Qual delas? A que ganhamos ou a que perdemos?» É que tinha combatido tanto no primeiro conflito mundial – que seu país havia vencido – quanto no segundo, que terminou no desastre que conhecemos.

Fiat ElbaAdaptando o ditado à atualidade brasileira, é forçoso admitir que os gatos andam meio distraídos. Também, pudera: com a avalanche de notícias assombrosas que o saqueio à Petrobrás tem provocado, a realidade fica distorcida e a mente, atordoada. Diz-se que, quando uma pessoa morre de acidente, é um drama; quando meia dúzia perecem, é uma tragédia; quando dez mil perdem a vida, é estatística. A espoliação da estatal está nesse patamar.

Como se sabe, cada novo escândalo relega o anterior ao esquecimento. O assalto à petroleira é de tal magnitude que chega a ofuscar fatos que, em tempos normais, teriam subido à ribalta. Vão longe os tempos em que o velho Adhemar de Barros amargou processo criminal por ter-se apoderado de uma urna marajoara, pote de barro pertencente ao patrimônio coletivo. E aquele antigo presidente, então, atropelado por um Fiat Elba? Bons tempos…

Bruja 4A comilança anda inflacionada. Hoje, figurão que se contentar com propina abaixo de dez milhões faz papel de bocó. Nem o «sub do sub» – parodiando o linguajar peculiar de antigo presidente – se vende por menos. Enquanto isso…

… enquanto isso, os ratos estão fazendo a festa. Sorrateira, a obra de desconstrução nacional continua. Vai-se comendo pelas bordas, que é para não dar na vista. A grande mídia, fascinada pela inacreditável feira de indecência que povoa o andar de cima, não tem tempo (nem ânimo) de se ater a miudezas.

Bruja 3Em pleno período eleitoral, um deputado fez arrepiante revelação ao plenário da Assembleia Legislativa de Goiás. Denunciou a perniciosidade de um «kit folclórico» distribuído a aluninhos de 6 anos da rede escolar pública de Goiânia. Segundo o deputado, o material ostenta a (outrora) prestigiosa chancela do MEC. Um mês e meio depois, a acusação foi repercutida na Câmara Federal – sinal evidente de que a queixa não havia surtido efeito.

Segundo a Agência Câmara de Notícias, que divulga a denúncia do parlamentar federal, a cartilha dá receitas de magia negra, notadamente um desconcertante «feitiço para transformar criança em passarinho». O «kit» insta os pequeninos a reunir penas de pássaro preto, água benta e alpiste. Prescreve que as penas sejam arrancadas do pássaro vivo enquanto estiver cantando. Em seguida, penas, água benta e alpiste devem ser misturados num caldeirão. Enquanto mexe, a criança deve repetir a fórmula mágica «passarinho quer pousar, não deu, quebrou a coluna».

Brujo 1Chocado, distinto leitor? Eu também. É estarrecedor, como diria nossa presidente, um verdadeiro atentado. Não atino qual possa ser o objetivo dos preclaros autores dessa insídia. Permita-me duvidar que a «receita» tenha sido inserida na cartilha unicamente para divertir os pequeninos.

Num primeiro escorregão, o livrinho incita à crueldade contra animais, prática abjecta, condenada no mundo civilizado. Na contramão do decoro ecológico, patrocina a extinção de toda uma família de aves, como se a diversidade biológica fosse assunto de somenos. Pior: abre caminho para que um pequerrucho imaginoso, julgando-se transformado em ave, se atire pela janela. (O alvo são crianças de seis aninhos!) Para coroar, ao associar água benta a práticas de feitiçaria, o «kit» lança dardo envenenado a um símbolo da religião mais praticada no País. Em outros tempos, tal sacrilégio levaria os autores à fogueira.

Rato 2Não tenho a ingenuidade de imaginar que a água benta tenha entrado na receita por descuido. Estará aí a ponta do fio que, emaranhado, deu esse novelo bizarro? De alguns anos para cá, os fatos têm mostrado que o inimaginável se tornou corriqueiro no Brasil. Donde se pode inferir que o intuito tenha sido assestar mais um preciso golpe de picareta na desconstrução do que nos resta de princípios decentes. A marcha em direção à Idade Média segue galharda.

A grande mídia não se alvoroçou. A Igreja não se manifestou. Sociedades protetoras de animais não se agitaram. Devo estar eu fazendo papel de bocó. Quer saber? Que os ratos façam a festa.