José Horta Manzano
Não precisa ter bola de cristal pra se dar conta de que o futuro do Lula não é radioso como todos imaginavam até seis meses atrás. O homem – que muitos consideram inteligente, mas que eu julgo apenas astucioso e oportunista – não consegue entender o que lhe está acontecendo.
Persistindo na crença de que foi o melhor presidente que essepaiz já conheceu, não atina com os motivos pelos quais ele e seus companheiros passaram a ser rejeitados. Dado que é virtualmente impossível adivinhar os pensamentos que circulam nos meandros do cérebro alheio, a gente pode, no máximo, conjecturar. No caso do Lula, tenho uma hipótese a propor.
Desde o tempo em que liderava metalúrgicos, ele entendeu que o mundo é um jogo de interesses. Toma lá, dá cá. Eu lhe dou isto, você me dá aquilo. A utilização intensiva da fórmula garantiu-lhe vasto círculo de ‘amigos’ e assegurou-lhe ascensão até o posto máximo da República.
Não há notícia de que o Lula jamais se tenha mostrado embaraçado com alguma falcatrua ocorrida à sua volta. Parece-lhe normal que dinheiro e favores circulem por debaixo do pano – faz parte do toma lá, dá cá. Daí ser-lhe impossível entender a razão da cólera popular, agora que escândalos estão sendo revelados. Nosso líder está sinceramente atônito, embasbacado, sem entender o porquê de reação tão negativa contra uma prática que lhe parece corriqueira e indispensável.
A Folha de São Paulo deste 18 maio traz artigo contando que nosso guia criou um ‘grupo para o futuro’, roda formada por alguns dos poucos amigos que lhe restam. Juntos, procuram solução pra vitaminar hipotética candidatura do líder a um terceiro mandato presidencial.
Os componentes do grupo fazem pensar num abraço de afogados. O taumaturgo não está só. A seu lado, estão outros personagens tão ou mais desprestigiados que ele: Antonio Palocci (ministro da Fazenda demitido), Alexandre Padilha (candidato malsucedido ao governo paulista), Fernando Haddad (prefeito paulistano mal-amado). São esses os mais conhecidos.
O Lula devia ter pendurado as chuteiras no dia em que entregou a faixa presidencial à sucessora. Tivesse feito como grandes personagens do passado, que saíram de cena no auge da carreira, teria ficado na memória nacional como grande líder.
Não o fez porque queria mais. Preferiu continuar no palanque sem se dar conta de que, depois de ter chegado ao topo da montanha, só pode descer. Tem descido. É melancólico.
Tem razão. Acabo de me dar conta de que o rosto do Lula nos últimos meses é uma mistura dos de Paulo Maluf (incompreensão: que é isso? eu confio no meu taco; ainda sei dominar as massas) e o de Causescu (pânico/terror: como foi que eu não percebi antes?)
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Abraço de afogados, muito boa a comparação! Num toma lá dá cá desmedido, agora ele recebe a parte que lhe cabe. Pra mim, mesmo que ingênua a comparação, não é bem melancolia, é como se nos filmes de terror “Sexta-feira 13”, o vilão sempre ressurge.
É tanta coisa que se diz, é tanta moda que essa criatura inconstante inventa, que fica difícil arriscar se ele sente a melancolia que sentimos dele. Me parece que a meta desse, seja apenas, pirraçar, nem que por uma vida inteira.
O conselho político dele parece mais uma reunião de vilões de filmes de terror. Cine Trash, é claro.
Grande abraço.
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É um simples caso de metapsicose cambiante.
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Confiram:
http://www.politicanarede.com/2014/10/video-em-que-eneas-explica-por-que.html
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