Quadro de medalhas fraudado?

José Horta Manzano

O colunista Renato Terra dá título sugestivo a seu artigo de hoje na Folha de São Paulo: “Bolsonaro afirma ter provas de que Quadro de Medalhas foi fraudado”.

O humorista, que só queria fazer graça, não deve ter se dado conta de que, ao mesmo tempo que ele redigia a crônica, um dos três grandes quotidianos do país se esforçava pra tornar realidade a imaginária fraude.

Estas duas capturas de tela foram feitas no mesmo momento, quando o Brasil havia conquistado suas primeiras 3 medalhas. Veja só.

Jornal A

 

 

Jornal B

 

No quadro do jornal A, com 3 medalhas, o Brasil aparece na 15ª. posição entre as nações. Na imagem do jornal B, com as mesmas 3 medalhas, o país é degradado ao 23° lugar. Como é possível?

“É fraude!” – exclamaria o capitão, “estão fazendo isso de propósito pra eu perder a eleição!”. (Ele provavelmente diria “pra mim perder”, mas não vamos nos perder nessas minúcias.)

Fraude, não é. Sobram duas possibilidades: ignorância ou desleixo. Opto pelas duas, um pouco de cada.

O jornal B, que nos mostra em 23° lugar, fez a conta certa. Estar no 23° lugar significa que, independentemente de quantos empates houver entre os demais, somos precedidos por 22 países no quadro final.

O jornal A, que nos põe em 15ª. posição, bobeou. Confundiu-se com o fato de vários países estarem empatados.

As regras olímpicas determinam que, quando dois atletas terminam empatados, o que é muito raro, a medalha seguinte não seja atribuída. Aconteceu nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sotchi (2014). Numa das provas de esqui feminino, duas competidoras fizeram o percurso num tempo rigorosamente idêntico: 1 minuto e 41,57 segundos. Foi o melhor tempo. No pódio, ambas receberam a medalha de ouro. A concorrente seguinte ficou com a medalha de bronze. Naquele ano, a medalha de prata não foi atribuída.

Por analogia, a regra olímpica se estende também à classificação dos países no quadro de medalhas.

Covid – desempenho por país

José Horta Manzano

O Lowy Institute da Austrália é um ‘think tank’, expressão inglesa que se traduz por ‘laboratório de ideias’ ou ‘círculo de reflexão’.

Com a intenção de pôr às claras a montanha de narrativas e contranarrativas que criam verdadeira ‘infodemia’ e embaralham a realidade da pandemia, fizeram um estudo minucioso sobre a maneira como cada país enfrentou a pandemia.

Na avaliação consideraram 6 variáveis:

  • Número de casos
  • Número de mortes
  • Casos por milhão de habitantes
  • Mortes por milhão de habitantes
  • Casos em proporção de testes
  • Testes por mil habitantes

O estudo observou o comportamento que cada país adotou a partir da 36a. semana após confirmação do primeiro caso de covid.

Uma conclusão interessante à qual chegaram foi a de que Estados autoritários não obtiveram classificação melhor do que os demais. Um enfrentamento rigoroso mas de curta duração dá resultados semelhantes aos de uma abordagem menos severa porém mais prolongada.

Outra conclusão – e esta explica, até certo ponto, a dramática situação do Brasil e dos EUA – é a de que países vastos e populosos foram mais atingidos que outros. Isso se deve ao fato de que, enquanto fronteiras se fecharam e a circulação internacional de viajantes foi reduzida, as viagens internas nesses países permaneceram livres e autorizadas. Muitos viajaram, o que permitiu o alastramento do vírus para todos os rincões. Países pequenos sofreram menos com o problema.

Apesar dessa justificativa, há que reconhecer que o Brasil não é o único país grande e populoso. Muitos outros estão na mesma situação e obtiveram resultados melhores. A pesquisa estudou o desempenho de 98 países no enfrentamento da covid. Sem surpresa, o Brasil classificou-se em… 98° lugar. O último da classe. Na rabeira, minha gente! Não estamos mais ‘entre os piores’. Somos os piores. Os campeões da indigência.

Para espíritos masoquistas, estou anexando a lista completa. Lá estamos nós, assim como os mais bem classificados, ou seja, o resto do mundo. Para sofrer, basta clicar na ligação (=link) aqui abaixo:

Covid-19 – Desempenho

Ganha uma caixa de Cloroquina quem descobrir a causa principal do vergonhoso desempenho brasileiro. Repare que os 3 países governados por dirigente negacionista – Brasil, EUA e México – estão entre os 5 últimos da lista de 98 nações. Precisa fazer um desenho?

Não fui eu, foi ele!

José Horta Manzano

Doutor Bolsonaro pode dormir tranquilo. Nos dias em que ele estiver cansado de dizer besteira, tem um substituto à altura: é Abraham Weintraub. Olha ele aí de novo, gente! Na competição de asneiras emanadas do Planalto, os dois são astros de primeiríssima grandeza.

Nosso peculiar ministro da Educação é daquelas figuras meteóricas, surgidas de repente não se sabe de onde. Cochilava nas trevas plácidas de alguma pendanga. Chamado por doutor Bolsonaro, há de ter sentido vibrar a fibra messiânica. Despertou, sacudiu a poeira e, desde então, quem se sacode é a nação. Não se passa dia sem que o povo heroico se escandalize com mais uma constrangedora falta de recato que se poderia associar a quem fosse, menos ao guardião da Instrução Pública nacional.

Assim como surgiu sem aviso, como raio em céu azul, há de voltar rapidinho à toca de onde nunca deveria ter saído. Para o bem de todos e júbilo da nação. Enquanto esse dia não vem, senhor Weintraub faz a alegria de jornalistas, comentaristas e analistas. O personagem é fonte inesgotável de asneiras.

A mais nova façanha do homem veio a público ontem, terça-feira. (A menos que algum novo horror já não tenha eclipsado o anerior.) Senhor Weintraub, com a displicência de quem não tem nada a ver com o peixe, já tratou de anunciar que o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), cujo relatório deverá ser anunciado mês que vem, deve classificar o Brasil em último lugar na América Latina. Em último lugar, foi o que ele disse!

Quem tinha esperança de ver nosso país subir na classificação PISA já desistiu há anos. Não é com belos discursos que a Instrução Pública subirá de patamar. Do bolsinho do colete, doutor Weintraub, naturalmente, tira o papelzinho com o nome do culpado: “governos esquerdistas” que vieram ante dele. Não fui eu, foi ele!

Sem querer ser ave agourenta, posso afirmar o que deve ser uma evidência a qualquer cidadão pensante: não é entregando o ministério da Educação a personagens primitivos, grosseiros, toscos e ressentidos como senhor Weintraub que daremos um passo à frente. Estamos acostumados com as profundezas da classificação PISA, elas nos pertencem. E de lá ninguém nos tira. Que diabos!

É pouco

José Horta Manzano

Consoante THE – World University Rankings, instituição amplamente reconhecida, nenhuma universidade brasileira está classificada entre as 200 melhores do mundo. Entre o 200° e o 500° lugar, aparecem duas universidades brasileiras. São as únicas instituições nacionais entre as 500 melhores do mundo. A mais bem classificada é a Universidade de São Paulo (USP), cotada entre as 300 melhores. Em seguida, vem a Universidade de Campinas (Unicamp), situada entre o 400° e o 500° lugar.

Além das duas mencionadas, quatro outras universidades brasileiras aparecem entre o 600° e o 800° lugar. São elas: a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Unifesp. Portanto, apenas meia dúzia de universidades brasileiras estão classificadas entre as mil melhores do mundo. É muito pouco.

Para efeito de comparação, está aqui um quadro com o mapa da Europa e a menção, para cada país, de quantas universidades estão entre as 500 melhores.

Mapa preparado por jakubmarian.com

Note-se que o Reino Unido tem 58(!) instituições classificadas. Seguem-lhe a Alemanha (44) e a Itália (33). Até a pequena Irlanda tem 7 universidades entre as 500 primeiras, quando o imenso Brasil tem apenas 2.

Nosso país é o 5° do mundo em território e o 5° em população. Partindo da premissa que o brasileiro não é menos inteligente que o resto da humanidade, a indigência de nosso desempenho é incompreensível. Não seria exagero esperar que ao menos uma universidade nossa ‒ umazinha só ‒ se classificasse entre as dez primeiras. Ou entre as vinte melhores. Ou, com muita condescendência, entre as cinquenta campeãs. Em vez disso, nossa melhor instituição só aparece depois das 200 primeiras. É desesperante.

O lulopetismo, que dominou a política nacional durante a última década e meia, se gaba de ter aberto mais faculdades do que nenhum outro governo anterior ‒ como nunca antes neste país. Há de ser verdade. Mas a posição brasileira na classificação global dá prova de que o balanço é ruim. Os estrategistas do partidão confundiram quantidade com qualidade. Pode trazer votos, mas não leva à excelência.

Shanghai Ranking

José Horta Manzano

A Academic Ranking of World Universities (Shanghai Ranking), entidade chinesa especializada em avaliar universidades, publicou sua classificação 2018.

Segundo ela, 6 universidades brasileiras aparecem entre as 500 melhores do planeta. São elas: a Universidade de São Paulo, a Federal do Rio de Janeiro, a Unesp, a Unicamp, a Federal de Minas Gerais e a Federal do Rio Grande do Sul.

Pode parecer pouco, mas não está tão mal assim, que a concorrência é forte. Países conhecidos pelo ensino de qualidade não fazem muito melhor. Só pra comparar, a França conta com 18 universidades entre as 500 melhores. A Espanha tem apenas 10.

Das 20 primeiras, 16 são americanas, 3 são britânicas e uma é suíça.

Escolha seu candidato

José Horta Manzano

Você sabia?

Não sei se o distinto leitor já sabia. Quanto a mim, acabo de descobrir. Um apanhado de mais de vinte cabeças pensantes (e trabalhantes) se reuniu para dar uma mão ao eleitor brasileiro. Criaram um site ‒ politicos.org.br ‒ que avalia a atuação de senadores e deputados federais da legislatura atual.

Fazia tempo que eu matutava sobre o assunto. Como faço pra ficar por dentro da atuação de cada parlamentar? Entre senadores e deputados, são quase 600! Quando a gente só pode contar com o google, fica complicado, pra não dizer impossível.

O pessoal desse novo site faz o trabalho e entrega o prato pronto. Pra chegar à classificação final, levam em conta, entre outros pontos: a assiduidade de cada parlamentar, os gastos que faz por conta da viúva, os processos judiciais em que é réu, o voto que deu a cada lei, sua formação acadêmica, a frequência com que trocou de partido. Outros atos significativos de cada parlamentar podem também ser considerados.

Pontos positivos (ou negativos) são atribuídos. Na classificação atual, o parlamentar mais bem avaliado é doutor Lobbe Neto, deputado federal pelo PSDB/SP. Ele atinge a respeitável marca de 590 pontos. Na outra extremidade, o lanterninha é doutor Celso Jacob, deputado federal pelo MDB/RJ, autor da proeza de baixar a 1086 pontos negativos.

O site fornece ainda os dados pessoais de todos os parlamentares, incluindo data de nascimento, n° de CPF, formação acadêmica, endereço eletrônico. A classificação por quantidade de processos vai desde os que não respondem a nenhum até os que se encontram esmagados sob um calhamaço de acusações.

Com insistência, recomendo ao leitor que consulte o site antes de decidir. Ponha lá o nome de seu candidato e veja se o doutor (ou a doutora) merece realmente seu voto. Ah! E não se esqueça de espalhar a boa-nova. Vale a pena.

Liberdade de imprensa?

José Horta Manzano

«Menaces, agressions lors des manifestations, assassinats… Le Brésil reste parmi les pays les plus violents d’Amérique latine pour la pratique du journalisme. L’absence de mécanisme national de protection pour les reporters en danger et le climat d’impunité – alimenté par une corruption omniprésente, rendent la tâche des journalistes encore plus difficile.»

«Ameaças, agressões durante manifestações, assassinatos… O Brasil continua entre os países mais violentos da América Latina para o exercício do jornalismo. A ausência de esquema nacional de proteção dos repórteres ameaçados e o clima de impunidade ‒ alimentado pela corrupção onipresente ‒ tornam ainda mais difícil o trabalho dos jornalistas.»

Que tristeza, minha gente! O texto acima foi tirado do relatório anual da ong internacional RSF ‒ Repórteres sem Fronteiras. A instituição publica, a cada ano, a classificação dos países pelo critério de liberdade do exercício do jornalismo. A edição 2018 acaba de sair.

Numa lista de 180 países que começa com a Noruega e termina com a Coreia do Norte, o Brasil aparece num vexaminoso 102° lugar. Só pra confirmar a pobreza da situação nacional, países como Modávia, Togo, Tunísia, Sérvia e até Nicarágua(!) estão mais bem classificados que nós. Uma vergonha.

A avaliação não condiz com a importância de nosso país. Quinta maior população do planeta, uma das dez maiores economias, o Brasil não deveria figurar em nível africano no quesito liberdade de imprensa.

Brasil: pior que a média mundial

Em 2010, nosso país aparecia na 58a. posição. Bastaram poucos anos para uma situação que já não era rósea descambar de vez. Os ataques proferidos diariamente pelos cardeais petistas contra a imprensa contribuíram decisivamente para aumentar o risco de exercer a profissão de jornalista.

É impressionante ver a que ponto o lulopetismo tem feito mal ao país. Os efeitos deletérios se entranham por todos os poros da nação. A depuração vai levar décadas. Ninguém escapa. Ainda que não se deem conta, sofrem até os infelizes que integram a massa de manobra vestida de vermelho que levanta o punho fechado em apoio ao demiurgo.

Meta olímpica

José Horta Manzano

Tanto o Comitê Olímpico quanto o Paraolímpico esquivam a questão. Nenhum dos dois dá diretiva quanto à classificação dos países no quadro de medalhas. Como se deve determinar o ranking dos países? Na falta de orientação oficial, dois critérios coexistem.

O primeiro consiste em simplesmente adicionar as medalhas, dando peso igual a cada uma delas, quer sejam de ouro, prata ou bronze. É o mais simples, mas não o mais adotado.

by Felipe Parucci, desenhista catarinense

by Felipe Parucci, desenhista catarinense

O segundo método, mais sofisticado, atribui valor diferente a cada medalha, dependendo do metal que a compõe. A de ouro vale mais que a de prata, que vale mais que a de bronze. Portanto, um hipotético país que tivesse conquistado uma medalha de ouro, nenhuma de prata e nenhuma de bronze seria classificado à frente de um outro que tivesse conquistado várias dezenas de medalhas de prata e de bronze ‒ mas nenhuma de ouro. Embora não seja oficial, esse método sofisticado é reconhecido e bem aceito universalmente.

No Brasil, tende-se a dar preferência ao primeiro método, mais simples, adicionando as medalhas e atribuindo-lhes valor igual. Uma de ouro vale uma de prata, que vale uma de bronze. Prova disso é o Comitê Olímpico nacional dar a todo medalhista um prêmio em dinheiro de montante uniforme, pouco importando a cor do troféu.

by Guillermo Mordillo Menéndez (1932-), desenhista argentino

by Guillermo Mordillo Menéndez (1932-), desenhista argentino

No início dos JOs de atletas válidos, as autoridades olímpicas brasileiras apregoaram que nossa meta era terminar nos «top ten» ‒ entre os dez primeiros. Não deu. Pelo método de classificação mais aceito, o Brasil foi o 13°.

Antes mesmo de ser dada a largada para a Paraolimpíada, ficou combinado que a meta, mais ambiciosa ainda, era entrar nos «top five» ‒ terminar entre os cinco primeiros. De novo, não deu: o Brasil ficou em 8°.

Em ambos os casos, a meta não alcançada deixou gostinho amargo de derrota e de dever não cumprido. Embora a marca de 72 medalhas conquistadas na Paraolimpíada seja resultado excelente, o melhor que o Brasil já obteve, o desconforto permanece. Que fazer?

Prever que nosso país ocupará este ou aquele lugar no quadro final implica conhecer, de antemão, o resultado dos concorrentes. É prognóstico pra lá de arriscado. Da próxima vez, sugiro ao Comitê Olímpico abster-se de arriscar profetizar a classificação ‒ é temerário.

by Ronaldo Cunha Dias, desenhista gaúcho

by Ronaldo Cunha Dias, desenhista gaúcho

Melhor será fixar como meta o número de medalhas esperadas. Para chegar a essa conta, há que somar as modalidades em que temos boas razões de crer que conseguiremos subir ao pódio.

Já estou ouvindo sua contestação, distinto leitor: «Mas, dá no mesmo!» É verdade, aparentemente dá no mesmo. Mas o impacto psicológico é diferente.

Nos Paraolímpicos de Pequim 2012, o Brasil tinha trazido 43 medalhas para casa. Se a meta fixada para Rio 2016 tivesse sido, digamos, de 50 medalhas no mínimo, as 72 que conquistamos nos teriam deixado muito mais orgulhosos e sorridentes. Pouco importando o ranking.

Jogos… que jogos?

José Horta Manzano

Deus é brasileiro, costuma-se dizer. Há quem bote fé nesse chiste. Sete anos atrás, quando o Brasil foi designado como sede dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016, os responsáveis pela boa preparação do evento consideraram que havia muito tempo pela frente.

Construção de instalações e modernização de transporte foram sendo empurrados com a barriga. Afinal, faltava tanto tempo! Deu no que deu. O metrô não chega até onde deveria chegar, a cor da água das piscinas varia conforme os caprichos de São Pedro, o mundo ficou sabendo que os alojamentos dos atletas era um ninho de problemas, ônibus de delegações são apedrejados e baleados. Em resumo: um mundo perfeito.

JO 2016 4A cerimônia de abertura contou com sóbrio e deslumbrante espetáculo que, se não chegou a compensar as falhas, ao menos dourou a pílula e suavizou os efeitos negativos.

Aos trancos e barrancos, a preparação dos Jogos foi feita. O momento chegou. O momento é agora. Felizmente, o mundo anda tão entretido com as competições e com os resultados, que as imperfeições passam (quase) despercebidas. Assaltos e desorganização entram na conta do que já se espera de um violento país de Terceiro Mundo.

Quando os JOs de 2008 foram atribuídos a Pequim, a China começou imediatamente a preparar não só infraestrutura, mas principalmente atletas. Afinal, o planeta não assiste às Olimpíadas pra ver imagem do Corcovado, mas pra vibrar com o desempenho dos protagonistas. As 100 medalhas conseguidas pela China nos jogos de 2008 representaram praticamente o dobro do que o país tinha alcançado, em média, nas 5 participações anteriores. Encantaram o mundo.

JO 1920No Brasil, a coisa não funciona assim. Cada vez mais se tem a impressão de que a chance extraordinária de ter conseguido sediar os JOs serviu mais para enriquecer assaltantes do erário do que para promover o esporte nacional. O importante era encher os bolsos. Quanto aos jogos… que jogos?

Ainda falta uma semana para o fim da Olimpíada, mas o panorama final já está delineado: dificilmente o Brasil conseguirá as 17 medalhas que obteve quatro anos atrás, em Londres. Um vexame para um país de mais de 200 milhões de habitantes.

Curiosidade olímpica
O Brasil participou de todas as edições dos Jogos Olímpicos, desde 1896. Adivinhe o distinto leitor em que ano conseguimos nossa melhor classificação. Não sabe? Pois eu digo logo: foi em 1920, na Olimpíada de Antuérpia, Bélgica. Naquele ano, participaram 29 países. Com 3 medalhas, o Brasil foi o 15° colocado, façanha não superada até hoje.

Pelo balanço da carroça, não será este ano que dobraremos a meta.

Aeroporto sem trem

José Horta Manzano

Avião 7A cada vez que penso nos bilhões rapinados da Petrobrás e do erário, imagino o que poderia ter sido feito com esse patrimônio caso não tivesse ido parar no bolso dos cangaceiros que nos governam.

Intuitivamente, a gente se lembra dos mais precisados ‒ hospitais e escolas em primeiro lugar. Mas falta dinheiro por toda parte. Uma sociedade tem muitas facetas e todas elas demandam atenção e cuidado. Não é aceitável que governantes não cuidem de cada uma.

AviaoO maior aeroporto do país fica em Guarulhos (SP). Tem nome de gente, mas praticamente ninguém usa: foi sempre chamado de Guarulhos e assim continuará. Além de turistas, por ali transitam homens de negócios, investidores, visitantes ilustres, todos aqueles a quem gostaríamos de dar boa impressão de nosso castigado país. Como se sabe, não há segunda chance de dar uma primeira impressão.

Pra quem chega, a realidade, logo de cara, é um choque: o aeroporto não está conectado com a metrópole por estrada de ferro. Nem metrô nem trem expresso nem bonde. Nada. A única solução para transpor os 30km até o centro é a estrada de rodagem. De carro, de ônibus, de caminhão ou de moto, tráfego pesado e eventuais enchentes terão de ser enfrentadas.

Aeroporto esteiraFosse o aeroporto recém-inaugurado, já seria surpreendente que não se tivesse pensado em construir ligação férrea ao mesmo tempo em que se instalava o terminal aéreo. Visto que foi inaugurado 30 atrás, a ausência de transporte rápido e confiável foge à compreensão de todo forasteiro.

Avião 6Em 2014, o Aeroporto de Guarulhos ficou em 30° lugar em número de passageiros. Não é pouca coisa. Nos 29 primeiros lugares, estão 12 aeroportos americanos, 4 chineses e os inevitáveis Frankfurt, Paris, Londres, Amsterdam, Tóquio.

Por Guarulhos transitam mais passageiros do que por campos de aviação importantes como Munique, Sydney, Roma, Barcelona, Toronto, Zurique, Milão, Lisboa, Copenhague. A estação aérea paulista é de longe a mais importante da América Latina. O segundo classificado, o da Cidade do México, fica em longínqua 48ª posição.

Faz 30 anos que, episodicamente, se fala vagamente em interligar o terminal com o centro da cidade. Embora, vez por outra, o assunto volte à tona, não passou, por enquanto, de conversa fiada. Os maiores aeroportos do mundo são conectados por meio confiável à metrópole mais próxima. Por que fazemos questão de continuar sendo a exceção?

Interligne 18g

PS: O governo paulista acaba de anunciar que, pela enésima vez, fica paralisada a construção da interligação da rede de metrô ao Aeroporto de Congonhas, campo de pouso urbano.

Aeroporto Congonhas 1O aeroporto foi inaugurado em 1936, em sítio então desabitado e afastado do centro. A cidade cresceu e envolveu o campo de aviação. Contruiu-se o metrô. A primeira linha do metropolitano ‒ que passa a 1,5km do Aeroporto de Congonhas ‒ opera desde 1974. Nesses quarenta anos, as autoridades que nos governam foram incapazes de completar esse quilômetro e meio que falta. Contando, assim, parece brincadeira, coisa de filme cômico, não?

É verdade que o atual governo federal é mastodonticamente incompetente. Mas ‒ há que dizê-lo ‒ a incapacidade administrativa e o descaso com a coisa pública vêm de longe e estão incrustados na alma nacional.

Nem tudo o que parece é

José Horta Manzano

Dilma Obama 3Quem tem acompanhado os passos erráticos da política externa brasileira destes últimos treze anos já se convenceu de que, definitivamente, o Brasil se divorciou dos EUA. O terceiro-mundismo tornou-se marca característica do atual governo.

A malfadada aproximação com Irã, Venezuela, Nicarágua reforçou a intenção de afirmar nossa «independência política». A abertura de embaixada na Coreia do Norte e na Guiné Equatorial – países cujo povo sobrevive há décadas sob ditadura tirânica – deu ao mundo sinal claro de que o Brasil era a nova locomotiva da diplomacia, o exemplo a ser seguido, o farol dos povos oprimidos.

Em matéria de política internacional, nossa atitude de confronto não levou a nada. Foi desperdício de tempo, esforço, dinheiro e prestígio. Como já dizia o outro, o Brasil é um anão dipolomático. Em briga de gigantes, anões não têm grande chance. Pior: no campo econômico, colhemos resultado desastroso.

Nos últimos dez anos, nossas exportações de manufaturados diminuíram. Em 2005, representavam 0,85% do comércio mundial. Em 2014, desceram a 0,61% das trocas globais, uma insignificância. Foi um tombo de quase 30%, que nos rebaixou à 32a. colocação. Nessas horas, ser amigo do peito de Venezuela, Irã, Coreia do Norte e Guiné Equatorial não é de grande ajuda.

Marinha 1No entanto, por debaixo do pano, sem que ninguém faça muito alarde, continuamos cooperando com o Grande Satã, sabia? Justamente no campo militar, quem diria. Não acredita? Pois é verdade. A informação vem da Revista Forças Armadas.

O Brasil está sediando atualmente, de 15 a 24 de novembro, manobras conjuntas que reúnem oito países americanos. Nos primeiros três dias, o adestramento militar se desenvolve na Ilha do Governador; em seguida, o exercício continua na Ilha da Marambaia. Além do Brasil, sete países participam: EUA, Canadá, Chile, Colômbia, México, Peru e Paraguai. Alguém notou a ausência absoluta de todo e qualquer resquício bolivariano?

Dilma Obama 2Pois assim é. Há o discurso para a plateia e a realidade da qual não se pode escapar. Na hora do vamos ver, a fanfarrice típica de alguns vizinhos folclóricos não serve pra nada. Nosso país teria tudo a ganhar se o Planalto, imitando a Marinha do Brasil, trocasse a ideologia pelo pragmatismo. Está na hora de virar a página do ressentimento e pular, de pés juntos, no século XXI.

Economia brasileira, enfim com crescimento cubano

Percival Puggina (*)

Na edição desta última quinta-feira, o Estadão traz artigo do economista Roberto Macedo analisando os dados de um recentíssimo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O robusto documento de 216 páginas traz a classificação dos países segundo o crescimento do PIB 2014 estimado pela Comissão.

Trinta e três países compõem a região. Estimando o crescimento do PIB brasileiro no corrente ano em 1,4% ― expectativa otimista que sequer o Banco Central corrobora ―, o Brasil fica em 27º lugar, empatado com Cuba.

Se adotarmos a expectativa mais realista, aquela com a qual os analistas do mercado vêm operando, o Brasil ficaria em 30º, à frente apenas dos parceiros petistas Argentina e Venezuela. E logo acima de Barbados, pequena ilha caribenha de 280 mil habitantes, fragmento do Reino Unido.

Lembra o autor do referido artigo que nosso governo tem afastado das próprias costas a responsabilidade por esse desastre, atribuindo o infortúnio a um rescaldo da crise internacional de 2008.

Ora, comento eu, como pode o mesmo governo, que cacarejou como seus os ovos dos bons índices de 2007, 2008 e 2010, remeter a algum sujeito oculto no mercado mundial os ônus das contas do malfazejo período Dilma? E, principalmente, por que outros 29 países da região crescem mais que o Brasil?

Ao que me consta, todos produzem, consomem, compram e vendem no mesmo planeta que nós, embora nosso governo pareça viver no mundo da Lua.

(*) Percival Puggina é arquiteto, empresário, escritor e colunista do jornal Zero Hora.
Edita o blogue puggina.org.

A quantidade faz a força

José Horta Manzano

Você sabia?

Alguns meses atrás, o site informativo americano Business Insider publicou o resultado de estudo baseado na classificação PISA, que mede o grau de instrução de jovens de 15 anos.

Foram computados os adolescentes que tinham alcançado a nota máxima em matemática ou testes verbais. Em seguida, esses números foram comparados com a população de cada país.

Ainda que, estatísticamente, o resultado seja pura estimativa, não há de estar muito afastado da realidade.

Nosso país, por ter população importante, aparece na lista dos 25 melhores. No entanto, em porcentagem, nossos adolescentes estão bastante distanciados dos demais. Aparecem na rabeira.

Disso tudo, já sabíamos. Assim mesmo, vale a pena dar uma espiada na classificação.

Os 25 países com mais mentes brilhantes Fonte: Actualidad.RT.com

Os 25 países com mais mentes brilhantesClique para aumentar      (Fonte: Actualidad.RT.com)

Interligne vertical 11c1. EUA
Estudantes de nível excelente: 1.7%
5.336.300 habitantes de nível brilhante

2. Japão
Estudantes de nível excelente: 4.05%
5.167.800 habitantes de nível brilhante

3. Coreia do Sul
Estudantes de nível excelente: 4.40%
2.200.000 habitantes de nível brilhante

4. Alemanha
Estudantes de nível excelente: 2.60%
2.129.140 habitantes de nível brilhante

5. França
Estudantes de nível excelente: 2.20%
1.445.400 habitantes de nível brilhante

6. Taiwan
Estudantes de nível excelente: 5.85%
1.365.390 habitantes de nível brilhante

7. Canadá
Estudantes de nível excelente: 3.10%
1.081.280 habitantes de nível brilhante

8. Rússia
Estudantes de nível excelente: 0.65%
932.750 habitantes de nível brilhante

9. Reino Unido
Estudantes de nível excelente: 1.4%
885.220 habitantes de nível brilhante

10. Austrália
Estudantes de nível excelente: 3.3%
748.440 habitantes de nível brilhante

11. Itália
Estudantes de nível excelente: 1%
609.200 habitantes de nível brilhante

12. Polônia
Estudantes de nível excelente: 1.45%
558.830 habitantes de nível brilhante

13. Singapura
Estudantes de nível excelente: 9.10%
483.392 habitantes de nível brilhante

14. Turquia
Estudantes de nível excelente: 0.65%
481.000 habitantes de nível brilhante

15. Hong Kong
Estudantes de nível excelente: 6.00%
429.300 habitantes de nível brilhante

16. Holanda
Estudantes de nível excelente: 2.55%
427.635 habitantes de nível brilhante

17. Bélgica
Estudantes de nível excelente: 3.45%
384.330 habitantes de nível brilhante

18. Espanha
Estudantes de nível excelente: 0.75%
354.525 habitantes de nível brilhante

19. Suíça
Estudantes de nível excelente: 4.25%
339.873 habitantes de nível brilhante

20. Brasil
Estudantes de nível excelente: 0.10%
198.700 habitantes de nível brilhante

21. República Tcheca
Estudantes de nível excelente: 1.80%
189.180 habitantes de nível brilhante

22. Nova Zelândia
Estudantes de nível excelente: 4.1%
181.753 habitantes de nível brilhante

23. Suécia
Estudantes de nível excelente: 1.90%
180.823 habitantes de nível brilhante

24. Finlândia
Estudantes de nível excelente: 3.25%
175.955 habitantes de nível brilhante

25. Áustria
Estudantes de nível excelente: 1.7%
143.854 habitantes de nível brilhante

Fontes:
Business Insider
RT – Agência russa de informações