José Horta Manzano
Doutor Bolsonaro pode dormir tranquilo. Nos dias em que ele estiver cansado de dizer besteira, tem um substituto à altura: é Abraham Weintraub. Olha ele aí de novo, gente! Na competição de asneiras emanadas do Planalto, os dois são astros de primeiríssima grandeza.
Nosso peculiar ministro da Educação é daquelas figuras meteóricas, surgidas de repente não se sabe de onde. Cochilava nas trevas plácidas de alguma pendanga. Chamado por doutor Bolsonaro, há de ter sentido vibrar a fibra messiânica. Despertou, sacudiu a poeira e, desde então, quem se sacode é a nação. Não se passa dia sem que o povo heroico se escandalize com mais uma constrangedora falta de recato que se poderia associar a quem fosse, menos ao guardião da Instrução Pública nacional.
Assim como surgiu sem aviso, como raio em céu azul, há de voltar rapidinho à toca de onde nunca deveria ter saído. Para o bem de todos e júbilo da nação. Enquanto esse dia não vem, senhor Weintraub faz a alegria de jornalistas, comentaristas e analistas. O personagem é fonte inesgotável de asneiras.
A mais nova façanha do homem veio a público ontem, terça-feira. (A menos que algum novo horror já não tenha eclipsado o anerior.) Senhor Weintraub, com a displicência de quem não tem nada a ver com o peixe, já tratou de anunciar que o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), cujo relatório deverá ser anunciado mês que vem, deve classificar o Brasil em último lugar na América Latina. Em último lugar, foi o que ele disse!
Quem tinha esperança de ver nosso país subir na classificação PISA já desistiu há anos. Não é com belos discursos que a Instrução Pública subirá de patamar. Do bolsinho do colete, doutor Weintraub, naturalmente, tira o papelzinho com o nome do culpado: “governos esquerdistas” que vieram ante dele. Não fui eu, foi ele!
Sem querer ser ave agourenta, posso afirmar o que deve ser uma evidência a qualquer cidadão pensante: não é entregando o ministério da Educação a personagens primitivos, grosseiros, toscos e ressentidos como senhor Weintraub que daremos um passo à frente. Estamos acostumados com as profundezas da classificação PISA, elas nos pertencem. E de lá ninguém nos tira. Que diabos!