José Horta Manzano
Quando os criminosos que desviam nosso dinheiro são exatamente os que têm o poder de se conceder autoanistia, é sinal de que a criminalidade nacional se elevou ao mais alto patamar. É um círculo vicioso, infernal e sem esperança.
José Horta Manzano
Deus, dinheiro e mentiras no Brasil
Jair Bolsonaro vs. Lula da Silva: a campanha eleitoral entre dois políticos predominantes já começou. Para o presidente Bolsonaro, as chances de reeleição são escassas.
O jornal Wiener Zeitung, de Viena (Áustria), sintetizou em três palavras a campanha presidencial brasileira deste ano: Gott, Geld und Lügen – Deus, dinheiro e mentiras.
Note-se que discussões, debates, argumentações, ideias, projetos e outros tópicos que costumam frequentar as campanhas em países mais adiantados estão ausentes da nossa. A democracia brasileira está se aproximando perigosamente do padrão do Zimbábue ou do Mali.
José Horta Manzano
Você sabia?
Faz só uma semana que se encerraram os Jogos Olímpicos de Tóquio, mas parece que faz um tempão. É que eventos marcantes arrebatam a atenção no momento em que ocorrem mas, assim que acabam, desaparecem da memória cansada.
Estive colecionando dados sobre o prêmio em dinheiro que cada comitê nacional destinou a seus campeões. Não foi fácil. Tive de catar um aqui, outro ali, que cada um fala do seu sem se preocupar muito com os demais.
As conclusões são interessantes, inesperadas e, às vezes, surpreendentes. Os montantes dados pelos países a seus atletas variam muito. Vão desde Singapura e Taiwan – generosíssimos – até países extremamente sovinas como a Grã-Bretanha e a Suécia.
Um singapuriano ou um taiwanês medalhado com ouro ganhou um amortecedor confortável para o resto de seus dias: voltou para casa com 3.800.000 reais no bolso. Além disso, os taiwaneses, ainda que não tenham conseguido o pódio mas tenham chegado, por exemplo, em 7° ou 8° lugar na prova final, foram premiados em dinheiro.
Para Singapura, a vistosa política até que saiu em conta, visto que o país não conseguiu nenhuma medalha. Já para o comitê taiwanês, a conta saiu salgada: seus atletas ganharam 12 medalhas, sendo 2 de ouro.
Nos esportes individuais, o Brasil pagou 250 mil reais a cada atleta dourado, 150 mil aos prateados e 100 mil aos de bronze. Os prêmios oferecidos por nosso país se encaixam na média dos vizinhos latino-americanos. Para o ouro, a Colômbia dá 300 mil reais, o Peru oferece 316 mil, o Chile presenteia com 289 mil. Mais generosa que o Brasil, a Bolívia propõe 262.500 reais a todo boliviano que chegue ao ouro; assim mesmo, nunca obtiveram nenhuma medalha.
Os comitês olímpicos de Hong Kong e da Indonésia também tiveram de levar a mão ao bolso pra pagar os prêmios prometidos. A Indonésia tinha oferecido 1.800.000 reais por ouro; seus atletas levaram um total de 5 medalhas, sendo uma de ouro. O mesmo aconteceu com Hong Kong. Um feliz vencedor “dourou” e embolsou a fabulosa soma de 3.400.000 reais por sua medalha; outros 5 colegas receberam prêmios menores com suas pratas e seus bronzes.
O paupérrimo Bangladesh propôs um megaprêmio de quase 1.600.000 reais por medalha dourada e um pouco menos para as prateadas e bronzeadas. Mas o risco de empobrecer era pequeno, visto nunca ter ganhado medalha antes. E não foi desta vez que ganhou.
A Estônia, país de espírito previdente, não dá prêmio tipo mega-sena. Talvez para evitar que o jovem, de cabeça avoada, jogue o dinheiro pela janela, faz proposta diferente. Os campeões passam a receber imediatamente uma pensão anual vitalícia de 4.600 euros, que será complementada por uma ajuda especial assim que chegarem aos 65 anos, a idade da aposentadoria.
A Polônia segue caminho semelhante, com um acréscimo generoso. Seus atletas dourados recebem, logo de cara, um prêmio de 310 mil reais. Bem mais tarde, quando chegarem ao 40° ano de vida, passarão a receber uma renda livre de impostos equivalente a 60% do salário médio nacional. Todos os meses, até o fim da vida! Atenção: não é o salário mínimo, mas o salário médio do país. Nada mal, não?
No fim da lista, estão os países de espírito pão-duro, aqueles que julgam que os atletas, treinados e financiados durante anos com o dinheiro dos contribuintes, não fazem mais que a obrigação quando vencem competições. Os jovens estarão assim devolvendo uma parte do que receberam. Sem dúvida, é uma maneira de enxergar o funcionamento da sociedade. Bem diferente da nossa criação, que nos faz acreditar que tudo nos é devido.
Entre os que não dão nenhum prêmio a seus vencedores, estão a Grã-Bretanha (65 medalhas), a Nova Zelândia (20 medalhas), a Suécia (9 medalhas), a Noruega e a Croácia (8 medalhas cada uma). Como se vê pelo número de medalhas recebidas pelos que ficaram chupando dedo, não é o vil metal que move essa juventude corajosa. O importante é competir.
Observação
Os montantes mencionados são resultado da conversão aproximada dos valores originais, expressos em moeda local.
José Horta Manzano
O distinto leitor há de se lembrar daquele obscuro senador flagrado em outubro passado com cédulas de dinheiro encafuadas na cueca e enfiadas naquele lugar onde, em princípio, se costuma inserir supositório. Um senador da República (como é mesmo o nome dele?) devidamente eleito para representar seu estado!
Ressalte-se que, à época, foi revelada a suspeita de ser ele chefe de um bando criminoso, autor de ‘desvio’ (=roubo) de recursos públicos da Secretaria da Saúde de Roraima. Da Saúde! De Roraima!
Na época em que foi pilhado com o dinheiro no traseiro, foi subitamente acometido do decoro que lhe havia faltado ao preparar as notas para o transporte: pediu afastamento das funções de senador. A velhinha de Taubaté até acreditou que ele não voltasse mais. Qual o quê! Só tinha se escondido por algum tempo pra esperar baixar a poeira. O homem está de volta pra enriquecer o Senado da República com sua nobre presença.
No Brasil, o caradurismo está se tornando atitude corriqueira. Dá pra desconfiar que não é de hoje que isso acontece, visto que nossa língua tem um balaio de termos que, de perto ou de longe, se aproximam da expressão cara de pau. Vai aqui uma listinha (não exaustiva) com mais de 40 palavras. Pra facilitar a conferência, pus em ordem alfabética.
arrogante
atirado
atrevidaço
atrevido
audacioso
audaz
cafajeste
caradura
cara-lisa
cara-seca
cínico
debochado
desabrido
desabusado
desaforado
desavergonhado
desbriado (=sem brios)
descarado
desembaraçado
desfaçado (=dado à desfaçatez)
deslavado
despejado
despudorado
destravado
desvergonhado
devasso
escandaloso
folgado
imoral
impertinente
impudente (=sem pudor)
impudico (=sem pudor)
indecente
indecoroso
insolente
irreverente
ousado
petulante
procaz (importação direta do latim)
protervo (importação direta do latim)
safado
sem-vergonha
sórdido
sujo
Carlos Brickmann (*)
Chico Rodrigues, DEM, o senador cuja história entrou para os anais, tirou 121 dias de licença do Senado. Assim, a decisão do ministro Barroso – que nome predestinado! – de afastá-lo do cargo por 90 dias foi suspensa pelo próprio ministro, por ter-se tornado desnecessária. Mas o importante nem é isso: é que, licenciando-se por 121 dias, um senador automaticamente passa o cargo ao suplente.
No caso, o suplente é Pedro Arthur Ferreira Rodrigues (DEM), filho de Chico Rodrigues e herdeiro, pelo menos temporário, de seu mandato. E passa a desfrutar das mordomias do cargo. Citando a frase clássica, a família é a base da sociedade. E ninguém, claro, criticará tão belo exemplo de solidariedade entre pai e filho.
A história não termina por aqui. Chico Rodrigues insiste em dizer que o dinheiro localizado no insólito esconderijo era destinado ao pagamento de seus empregados. Vá lá, vá lá, mas que é que pode ocorrer se suas empresas crescerem, graças a seu trabalho e seu tino gerencial, e contratarem mais funcionários? Chico Rodrigues, em vídeo que enviou aos senadores, também diz que, ao enfiar o dinheiro no providencial esconderijo sob suas cuecas, tomou “a decisão mais irracional de sua vida”.
Engano: a decisão mais irracional de sua vida foi candidatar-se; e a dos eleitores, dar-lhe o voto. Mas aceitemos. Só que, quando alguém está prestes a ser preso, costuma mastigar e engolir as provas. Errar o lado do aparelho digestivo é novidade.
(*) Carlos Brickmann é jornalista, consultor de comunicação e colunista.
José Horta Manzano
Certas notícias se alastram feito rastilho e fazem as delícias da imprensa internacional. Em geral, vêm de países exóticos como os da África e da Ásia Central, mas não só. O Brasil, desde que entramos no século XXI, anda abrindo muito o flanco e deixando escapar muita notícia assim. Será que estamos nos tornando um povo folclórico, daqueles dos quais não se pode esperar nada de sério?
A história do dinheiro na cueca do senador – um senador da República! – provoca sorrisos e abanos de cabeça ao redor do mundo. Cada jornalista explica com as palavras de sua língua.
Le Figaro, jornal francês, até que foi bastante comedido. Disse: «Brésil: des liasses de billets retrouvés dans le caleçon d’un sénateur – Brasil: maços de notas encontrados na cueca de um senador». Mandou um genérico «dans le caleçon – na cueca», deixando a cada um a liberdade de imaginar o conjunto: o dinheiro, a cueca e o senador. Publicou a foto do indigitado, um bigodudo de tez morena, protótipo do medalhão latino-americano.
Em sua edição em língua inglesa, a plataforma Deutsche Welle traz a mesma notícia com palavras mais cruas: «Brazil senator caught hiding money ‘between buttocks’ – Senador brasileiro apanhado escondendo dinheiro ‘entre as nádegas’». Escreveu assim mesmo, botando as nádegas entre parênteses, talvez numa pudibunda tentativa de encobri-las.
Der Spiegel, a grande mídia alemã, além de dar a notícia com palavras inequívocas, vai mais longe e ilustra a reportagem com uma foto de Jair Bolsonaro. Para quem não houvesse entendido, fica sugerida a ligação entre o dinheiro e o presidente. Saiu assim: «Mutmaßlich veruntreutes Geld “zwischen den Pobacken” gefunden – Dinheiro suspeito desviado encontrado ‘entre as nádegas’».
Em qualquer mídia, em qualquer língua, em qualquer país, a mensagem é uma só: quem acreditou na lorota da «decolagem» do Brasil, em voga poucos anos atrás, se iludiu. Desde que estourou o Mensalão, faz 15 anos, nada mudou. Se mudou, foi pra pior.
José Horta Manzano
Você sabia?
Nem sempre é fácil encontrar a origem de expressões da língua. Algumas são tão evidentes que não precisam de explicação. Outras são misteriosas, como é o caso desta que tratamos hoje. Que outros quinhentos serão esses?
Fosse feita anos atrás, uma busca desse tipo seria trabalhosa. Precisava conversar com os mais velhos, perguntar ao professor de Português, ir até a casa de um amigo que tivesse a Enciclopédia Barsa – mas ir com disposição pra passar a tarde consultando os intermináveis 22 volumes. Era complicado, mas tinha uma vantagem: achada uma resposta, a gente se contentava. Era aquela, e não se falava mais nisso.
Hoje mudou. Em três rápidos cliques, encontram-se respostas. O problema é que surge logo uma dúzia de explicações, que nem sempre têm a ver uma com a outra. O engraçado é que tem gente incapaz de transmitir com as próprias palavras aquilo que leu; então, num rápido exercício de copiar/colar, apanham parágrafos inteiros e apresentam como se fosse obra sua. Curioso. O resultado é a multiplicidade de pistas, umas mais consistentes, outras menos.
Uma origem, apresentada por alguns como legítima, é a história engraçada de um trapaceiro que chega a uma cidadezinha e, com sua lábia, acaba enganando o padre, o fazendeiro, o dono da venda. E consegue extorquir 500 (reais, cruzeiros, milréis, como queira) deles. A historieta é engenhosa, mas não convence. Como é que uma piadinha que quase ninguém conhece havia de se transformar em expressão popular tão arraigada?
Outra origem – esta, mais consistente – situa a origem da expressão nos tempos medievais, uns 700 anos atrás. Encontrei um bocado de gente fina sustentando esta explicação. Naqueles tempos, a nobreza formava casta superior, cujos membros escapavam à lei comum. Até para punir delito de injúria, a pena variava conforme o ofendido pertencesse à nobreza ou ao povão. Quem ofendesse gente simples pagava 300 soldos de multa; se ofendesse barão, duque ou marquês, o descuido ia lhe custar 500 soldos(*).
Acontece que o pagamento da multa não livrava o ofensor de futuros arroubos. Caso escorregasse e reincidisse, pagava nova multa: eram outros 500. A história parece um tanto esquisita, mas é o que encontrei. Quando topam com uma explicação dessas, meio tortuosa, os franceses dizem que foi «tirée par les cheveux – puxada pelos cabelos». Ai, meu couro cabeludo!
(*) O soldo
Durante toda a Idade Média, antes da reforma introduzida no século XV pelo rei Eduardo 1°, a unidade monetária do Reino de Portugal foi o dinheiro, nome simples mas evidente, derivado do denarius romano.
De toda maneira, na Idade Média, dinheiro não era como hoje; não havia notas e os valores não circulavam. O escambo (sistema de trocas) era o modo habitual de comerciar. Portanto, que o dinheiro se chamasse dinheiro não incomodava ninguém. Doze dinheiros valiam um soldo (do latim solidus), e vinte soldos valiam uma libra (do latim libra).
Quem se lembrou do sistema vigente na Inglaterra até 1971, antes da decimalização da moeda, acertou. A libra se dividia em 20 xelins(shillings), subdivididos em 12 pence cada um. Como no Reino de Portugal, era reminiscência do sistema romano.
José Horta Manzano
Casa em que todo o mundo fala
Qualquer palavra apunhala
Nestes tempos de internet e de redes sociais, se já é complicado garantir a integridade da própria imagem, que dirá proteger a da família toda?
Doutor Bolsonaro deixou-se inebriar pelo bom desempenho eleitoral dos rebentos. Também, pudera! Milhares de votos para um, milhões para outro ‒ é pra deixar qualquer pai inchado. Só que o doutor não se deu conta de detalhe importante: se os filhotes estouraram no hit parade eleitoral de modo tão fora de série, devem mais ao sucesso do pai do que ao próprio mérito.
Passando por cima da evidente transferência de votos que garantiu aos filhos, doutor Bolsonaro há de ter sentido muito, mas muito, orgulho. A partir daí, amoleceu. Deixou a porteira aberta para os bolsonarinhos. Pode tudo! E cada um saiu, desembestado, aprontando o diabo.
Hoje é um que, em visita aos EUA, enfia na cabeça um boné marcado «Trump 2020». Amanhã é outro que se faz tratar de pit bull pelo pai embevecido. Em seguida, é mais um que reitera que nossa embaixada vai mesmo pra Jerusalém. Um festival de asneiras infantis, desnecessárias, constrangedoras.
Com essa promiscuidade entre o público e o privado, o que vai ficando no ar é que a palavra dos filhos vale tanto quanto a do pai. Na plateia, o sentimento é de que não elegemos um presidente, mas um clã. Isso pode funcionar em outras partes do mundo, aqui fica esquisito. E pode ser perigoso. Compartilha-se entre os membros tudo o que é bom ‒ e isso é ótimo. Já o mal que atinge qualquer um do clã acaba fatalmente atingindo a imagem do capo.
Foi o que aconteceu estes dias. Veio à tona uma obscura história, ainda mal esclarecida, de dinheiro pra cá e pra lá, girando em círculo restrito, passando por mãos diversas entre as quais as de um dos bolsonarinhos. Não se sabe ainda quem é quem na história, quem fez que papel, se o dinheiro é lícito, se, se, se…
Pouco importa. O que se sabe desde já é que a imagem do doutor foi atingida em cheio. O petardo teria sido menos violento se cada um dos familiares se tivesse contentado com o próprio sucesso. O fato de ter jogado os votos da família numa bacia comum atou o destino de todos num único feixe. Vamos ver como é que desatam esse nó. Não vai ser fácil.
Em casa de muita fala
A discórdia se instala.
José Horta Manzano
Deu nas manchetes: «Censo do IBGE ameaçado». Em seguida, o texto explica que falta dinheiro para organizar o censo de 2020 que, por isso, periga não ser realizado. Em resumo: ou será realizado pela metade, ou, se duvidar, nem sai do papel.
Acostumados a tragar absurdos todo santo dia, já nem damos muita atenção. É verdade que, se a gente for ficar de cabelo em pé a cada notícia espantosa, ninguém mais precisa fazer permanente.
Essa história de anular o censo de 2020 ou fazê-lo no estilo meia-sola é um erro histórico, uma barbaridade saída da mente obscura de gente ignara. O censo decenal ‒ realizado nos conformes, naturalmente ‒ é fonte indispensável de preciosos conhecimentos.
Essa pesquisa, levada a cabo de dez em dez anos, é um marco, uma radiografia do país. Permite avaliar o estado da educação, do transporte, da moradia, da escolaridade, da religião, da pirâmide das idades, do acesso ao saneamento básico ‒ enfim, um conjunto de informações sem as quais impossível será planejar.
Sem conhecer o passado, não se pode projetar o futuro. Só o censo permite comparar o avanço de políticas públicas. Perturbar o recenseamento é criminoso. É erro irrecuperável. Passado o tempo, não adianta medir, que a comparação estará prejudicada.
Tem mais. Tirando os imprevistos, para os quais há sempre uma reserva de segurança, os gastos do país são previstos em orçamento, pois não? Ficam, então, interrogações. Devemos entender que o censo não foi previsto no orçamento? Ninguém se terá dado conta de que nos anos terminados em zero se contam os ativos da nação? Pior ainda: se foi previsto e o dinheiro orçado, onde estão os cobres? Corruptos passaram a mão?
Respostas para a redação, por favor.
José Horta Manzano
Se você conhece alguém que nunca tenha se queixado dos vereadores, dos deputados, dos senadores, da Câmara ou do Senado, levante a mão! Aposto que ninguém ergueu a mão. Todos nós costumamos lamentar a baixa qualidade de nossos representantes. Em grande parte, eles são ignorantões, incapazes, homens e mulheres mais preocupados com interesses mesquinhos do que com os anseios dos que os elegeram.
Não bastassem esses defeitos, que já são pesados, os anos recentes ainda desvelaram falha bem mais contundente: a corrupção. A Operação Lava a Jato pôs a nu coisas do arco da velha. A gente imaginava que houvesse uma malandragem aqui, outra ali, afinal, ninguém é ingênuo. Mas a esse ponto? Nem a mente mais delirante podia ter desconfiado que o mal fosse de tal amplitude.
Vimos de tudo: dinheiro em cueca, dinheiro em mala, dinheiro em quitinete-cofre, dinheiro em apartamento-bunker, dinheiro na Suíça, dinheiro em Andorra, dinheiro no Panamá, dinheiro nas Ilhas Caimã. A corrupção assaltou e levou recursos do erário, da Saúde Pública, da Petrobrás, da Eletrobrás, dos portos, dos aeroportos, das estradas, das ferrovias, Até da merenda escolar, senhores! Ladrões assim merecem a guilhotina.
Bom, o que está feito, está feito. Não se refaz a história. Mas dá pra (tentar) consertar o futuro. Como fazer? Olhe, não tenho a receita milagrosa. Mas há uma pista que vale a pena seguir. Raciocine comigo. Os eleitos que estão aí são praticamente todos farinha do mesmo saco, não são? Pois então, que sejam eliminados. Todos.
Sem chegar ao extremo de condená-los à guilhotina, basta não os reeleger. Se os eleitores esclarecidos seguirem essa receita e votarem exclusivamente em candidatos que nunca tenham sido eleitos, teremos um Congresso inteiramente renovado. Em si, não é garantia de eficiência, honestidade e retidão. Mas, convenhamos, a chance de um novo eleito ser parlamentar íntegro é bem maior do que se se tratasse de velha raposa reeleita.
Então, ficamos combinados. Na ficha de cada candidato, vamos procurar o histórico. Só receberá nosso voto se for marinheiro de primeira viagem. Pra frente, Brasil!
José Horta Manzano
Estes últimos dias, o sempre bem informado jornalista Cláudio Humberto(*) publicou três notícias interessantes no portal Diário do Poder. Aqui estão elas.
O crime das malas
O apartamento no Chame-Chame, bairro de Salvador, não é o único local onde Geddel Vieira Lima escondia dinheiro. A suspeita é de que haja malas e caixas espalhadas em outros locais, inclusive fora da Bahia. A apreensão dos 51 milhões atribuídos àquele que foi ministro de Lula e de Temer não causou especial surpresa no mundo político: esse tipo de esconderijo é mais comum do que se imagina.
O imóvel do Chame-Chame era conhecido dos vizinhos de Geddel, que o viam com frequência no local. Fica a menos de 1km da casa dele. O Ministério Público Federal e a Polícia Federal vão listar, à procura de malas, até mesmo imóveis remotamente ligados a Geddel.
O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira já mandou vasculhar outros endereços, inclusive a casa onde mora a mãe de Geddel. A expectativa dos investigadores é de que também ele se disponha a delatar seus cúmplices no esquema.
Baixo risco
O Risco Brasil, que mede o grau de confiança do mercado na economia do país, baixou a 250 pontos em maio, patamar que não tinha sido atingido desde a reeleição de Dilma, em 2014. O índice, usado como base para investimentos estrangeiros, já caiu 36,5% em relação aos 394 pontos registrados no dia seguinte à aceitação do impeachment pela Câmara. E segue com viés de queda em virtude da melhora na economia.
O Risco Brasil caiu de 394 para 309 entre a votação do impeachment na Câmara e a cassação de Dilma no Senado. Com Dilma no comando do governo e da economia, o Risco Brasil chegou a atingir 548 pontos, nível 107% maior do que quando ela assumiu o poder.
O maior nível registrado pelo Ipea na série histórica, desde 1994, foi de 2.436 pontos. Foi em setembro de 2002, um mês antes da eleição de Lula.
Calote vem aí
O Brasil já dá como certo que o governo do ditador venezuelano Nicolás Maduro dará gigantesco calote em empresas brasileiras. Da dívida total de 5 bilhões de dólares (R$15,6 bi), cerca de 3,8 bilhões (R$12 bi) vencem em outubro e novembro próximos. O Brasil aposta em “beiço” da Venezuela. «A expectativa é de calote», informou à Comissão de Relações Exteriores da Câmara o embaixador Tarcísio Fernandes Costa, do Departamento de América do Sul do Itamaraty.
A dívida do desastroso governo Maduro para com empresas brasileiras representa mais da metade do total de reservas internacionais daquele país. Elas totalizam, hoje, US$9,8 bilhões. Para efeito de comparação, as reservas do Brasil somam 380 bilhões de dólares.
Com a penúria, a Venezuela entrou no chamado «default seletivo», deixando de pagar credores variados e investidores dos seus papéis.
(*) Cláudio Humberto é jornalista. Publica coluna diária no Diário do Poder.
José Horta Manzano
Nos dias atuais, poucos viventes se lembrarão do tempo em que as notícias vinham sem imagem. Faz tempo que perdemos o hábito. Já nos anos 1930-1940, os jornais começaram a ilustrar reportagens com fotos. Eram em preto e branco e de baixa qualidade, mas assim mesmo falavam mais alto que o texto.
Foram, em seguida, reforçadas pelos documentários que toda sala de cinema passava antes do filme principal. Imagens nítidas ‒ e em movimento! ‒ deixavam nos espectadores marca forte dos acontecimentos da semana anterior. Depois disso, veio a tevê com seus jornais e, mais recentemente, a internet com suas redes sociais. Nem sempre nos damos conta, mas vivemos num mundo em que a imagem ocupa um espaço enorme encurralando, num cantinho, sons e palavras.
Na falta de imagem, a mídia se sente desamparada, sem saber direito como dar a notícia. Muita informação importante deixa de ser divulgada por simples falta de ilustração visual. Um exemplo atual e vigoroso é a misteriosa Coreia do Norte. Há relatos, artigos, livros inteiros sobre o país mas… faltam imagens. A falta de podermos enxergar o que acontece por lá aumenta a inquietude que aquela terra nos inspira. De lá não temos senão fotos e vagos «clips» oficiais, pasteurizados e aprovados pela ditadura. São paradas militares e a indefectível apresentadora de tevê, sempre vestida de rosa-choque. Pouco ou nada além disso, uma frustração.
Estes dias, Irma, o furacão mais violento dos últimos cem anos, passeia pelas Caraíbas (que, no Brasil, convém chamar pelo nome espanhol: Caribe). Ontem, devastou as pequenas ilhas francesas de Saint-Barthélémy e Saint-Martin. (Esta última, aliás, é dividida em duas porções: uma francesa e outra, holandesa.) Acontece que, quando passa um ciclone de tais proporções, a pior ideia é expor-se ao ar livre. Ninguém fez isso e, se fez, não sobrou pra dar notícia.
Como resultado, não há imagens da passagem do vendaval. Rádios e tevês tiveram de se contentar com gravações caseiras do ruído do vento, forma pouco costumeira de dar notícia. Para preencher o espaço, promoveram mesas-redondas com especialistas em meteorologia. Ao fundo, apenas fotos (belíssimas) do furacão tiradas por satélite.
Enquanto isso…
Enquanto isso, no Brasil, um apartamento usado como valhacouto por eminente homem político brasileiro entrou na linha de mira. A toca, desprovida de móveis mas atulhada de malas e caixas de papelão abarrotadas de dinheiro, fez a alegria de fotógrafos, repórteres, jornalistas e analistas. A imagem deu a volta ao mundo. Emparelhou com o destaque dado à perquisição levada a efeito na mansão do mandachuva do Comitê Olímpico Brasileiro.
E assim vai-se cimentando a ideia de que nosso país não passa de uma republiqueta de segunda zona, onde uns mordem a orelha dos outros, onde se mata mais que em guerra aberta, onde se rouba mais que em mesa de jogo de mafiosos. Uma imagem vale mais que mil palavras.
José Horta Manzano
A cada dia que passa,
Que chova, vente ou sol faça,
A gente sabe que tem
Um movimento dos sem.
Tem quem se diga sem-terra,
Tem quem se diga sem-casa,
Tem quem se diga sem-teto.
A gritaria atanaza
E o povo todo se atrasa
Mas basta pensar um pouco:
Não precisa ficar rouco.
Só quem grita é que se ferra.
Pensando, a gente não erra.
Deixando os considerandos
E chegando aos finalmentes,
Convém esquecer os bandos,
Que é pra não ficar dementes.
O que falta não é terra
Não adianta abrir berreiro.
Refletindo, não se erra.
O que eu digo é verdadeiro.
O que falta não é teto:
O que falta é dinheiro.
José Horta Manzano
Você sabia?
O barão Pierre de Coubertin (1863-1937) não foi esportista famoso ‒ era pegadogo, historiador e humanista. Apesar disso, devemos a ele a ressureição dos Jogos Olímpicos, que andavam recobertos pela poeira da História já fazia dois milênios.
Foi pela influência, pelo esforço e pelo empenho do barão que se organizou, em 1896, a primeira Olimpíada dos tempos modernos. Com frequência, atribui-se a Pierre de Coubertin a frase «O importante é participar». Não há consenso no entanto. Há quem jure que a frase original teria sido «O essencial não é ter ganhado, mas ter lutado pra vencer».
Há ainda quem diga que não é bem assim. O barão jamais disse nada parecido. A frase famosa teria sido pronunciada por obscuro clérigo americano por ocasião dos Jogos de Londres de 1908.
Seja como for, não resta dúvida de que é importante participar, um orgulho para todo atleta. Se, ao final do esforço, cair uma medalha, melhor ainda. Pra coroar, nenhum esportista vai desprezar um prêmio em dinheiro. Comitês olímpicos nacionais já se deram conta de que uma recompensa financeira pode ser estímulo poderoso.
Nem todos os comitês publicam o valor com que presenteiam medalhistas. Há controvérsia nas informações. No entanto, garimpando aqui e ali, dá pra estabelecer uma lista interessante.
A palma vai, sem sombra de dúvida, para Singapura. Naquela cidade-estado, o atleta que conseguir medalha de ouro levará a astronômica soma de 805 mil dólares, mais de 2,5 milhões de reais. Pra ninguém botar defeito.
O Azerbaidjão, que adoraria aumentar o número de medalhistas de ouro, propõe 510 mil dólares ao atleta que trouxer uma de volta a Baku.
Os demais países vêm bem atrás. Há os mais generosos, como a Itália (180 mil dólares), o México (160 mil dólares), a Rússia e a Ucrânia (pouco mais de 100 mil dólares). A Espanha dá 94 mil, enquanto a França vem um pouco atrás, com 65 mil dólares para cada campeão. Japão e China têm orçamento mais restrito: 36 mil e 31 mil dólares respectivamente.
Os EUA presenteiam seus campeões com 25 mil dólares. Mais moderada ainda, a Alemanha não vai além de 19,5 mil dólares.
Cada medalhista brasileiro receberá quantia modesta. Serão R$ 35 mil (11 mil dólares) para campeões individuais e R$ 17,5mil para cada participante de esporte coletivo. A quantia está longe de ser exorbitante. Fico imaginando que o prêmio pudesse até ser maior mas, sacumé, rato roeu a roupa da rainha no meio do caminho. Para os atletas brasileiros, resta uma consolação: tanto faz que a medalha seja de ouro, de prata ou de bronze, o prêmio será o mesmo.
Nota pitoresca:
Na Suécia, onde se acredita que esportista é profissão como qualquer outra e que ganhar ou perder faz parte do jogo, o comitê nacional não dá prêmio a ninguém. Medalhistas recebem um boneco de pelúcia. De tamanho grande para quem trouxer o ouro, médio para os medalhistas de prata e pequeno para os bronzeados.
O importante é competir.
José Horta Manzano
Imagine o distinto leitor um senhor grisalho, elegantíssimo dentro de smoking impecável, cravo vermelho na lapela, calçado com… um par de chinelos de dedo. Chama tanto a atenção como se estivesse carregando uma melancia pendurada no pescoço. Não há de passar despercebido.
As coisas têm de se encaixar num conjunto. Se algum dos componentes do quadro destoa, acende-se luz vermelha. É assim que se desmascaram impostores, mentirosos, farsantes: quando um detalhe parece fora de esquadro.
É natural que cliente de banco comercial – Bradesco, Itaú, Santander & similares – utilize caixa automático para movimentar pequenas quantias, tenha cartão de crédito e até talão de cheque, dê ordens de pagamento a torto e a direito. Combina com os usos e costumes de banco de varejo, que está aí justamente pra isso.
Já bancos privados e bancos de investimento fogem a esse figurino. Pra começar, nada de abrir agência em cada esquina. Não costumam ter mais que meia dúzia de representações, espalhadas por meia dúzia de países. Nada de guichês. Nada de portas abertas ao grande público. Nada de letreiro no frontispício. Não dão cartão de crédito nem emprestam dinheiro. A função deles é gerir a fortuna do cliente, cuidar bem dela e fazê-la frutificar.
Cidadão que sempre viveu na opulência sabe disso desde criancinha. Os que batalharam duro e, aos poucos, amealharam uns cobrinhos também acabam conhecendo e se familiarizando com esse ramo específico da banca. Já aqueles que enricaram de repente, por veredas nem sempre confessáveis, têm dificuldade em perceber a nuance.
Estes dias, toda a mídia revelou que a mulher do presidente da Câmara é, como o marido, cliente de banco privado na Suíça. Más línguas dizem até que os milhões ali depositados têm origem ilícita. Cruz-credo! Fato é que a referida senhora utilizava a conta como se estivesse lidando com o Bradesco da esquina.
Fez numerosas transferências para pagar escola, academia, curso particular, gastos de cartão de crédito. A moça deu bandeira. Ao persistir na insólita movimentação, acabou dando na vista. Controladores internos do banco hão de ter-se dado conta da falta de traquejo daqueles clientes. O comportamento anômalo revelou que se encaixavam no perfil dos que lidam com riqueza recente, presumivelmente oriunda de corrupção. Foram postos em observação. Tudo o que bancos suíços não querem, agora que o secular segredo ruiu, é agasalhar fortunas de origem duvidosa.
No caso da família do presidente da Câmara, a movimentação atípica foi considerada altamente suspeita e gerou denúncia ao Ministério Público helvético. Uma vez lançada, a bola de neve não parou mais de rolar. Foi-se avolumando e veio a público. Para senhor Cunha, a ameaça maior não é a perda do mandato, que isso é o de menos. O risco é ser presenteado com uma temporada na Papuda. A mão dos juízes anda um bocado pesada ultimamente.
Dinheiro fácil traz sensação de poder, segurança e solidez. É sensação falsa. Como diz o povo: dinheiro mal ganho, dinheiro mal gasto.
José Horta Manzano
Precisa um pouco de tudo pra fazer um mundo: beleza, feiura, bondade, maldade, riqueza, pobreza. E assim por diante. Mas tudo tem limite. Além de um ponto de ruptura, a má-fé torna-se intolerável.
Neste 9 out° 2015, por volta de 11h manhã (hora de Brasília), os principais jornais do mundo estão dando, em manchete, a notícia quente: o nome dos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz.
No mesmo momento, a Folha de São Paulo manda o Nobel pra segundo plano e prefere ressaltar a choradeira do presidente da Câmara, dedurado pelo banco que acolhia seus milhões.
Até aí, pode-se imaginar que a dessitonia não passe de escolha do editor. Não parece tão grave. A coisa começa a ficar esquisita quando se lê chamada informando que «cópia de passaporte de Cunha foi usada para abrir conta, diz banco suíço».
«Cópia de passaporte?» Como assim? O leitor distraído guarda a impressão de que o banco trapaceou, mostrando cópia de documento como prova de abertura de conta.
Imagino que no mundo inteiro os bancos sigam o mesmo procedimento de acolhida a novo cliente. Em todo caso, posso garantir que, na Suíça, bancos não costumam abrir conta na base de «cópia» de passaporte. O candidato se apresenta e exibe o documento original. Cabe ao funcionário tirar cópia do documento para arquivá-la no dossiê. É exatamente essa cópia que o banco juntou à documentação demonstrando que o presidente da Câmara tem conta naquela instituição.
Mas, sacumé, cada jornal apresenta a verdade sob as luzes que mais favorecem seus interesses.
José Horta Manzano
Você sabia?
Envolvidos nas megarroubalheiras do petrolão & companhia costumam negar enfaticamente «ter conta bancária no estrangeiro». Sem pudor, repetem isso ao depor numa CPI ou num tribunal, diante de câmeras de tevê, em casa, na rua e no bar.
Mais tarde, descobre-se que o inquirido, exatamente aquele que tinha jurado inocência de pés juntos e olhar destemido, é dono de dezenas de milhões bem guardados nalgum banco no exterior. Por que será que praticamente todos seguem esse ritual de negação?
É simples. Já faz dois séculos que donos de banco perceberam que parte dos clientes não desejava que a fortuna depositada se tornasse de conhecimento público. Queriam a maior discrição possível. Espertos banqueiros suíços foram os primeiros a se dar conta do anseio da clientela e a encontrar solução. Hoje, todos os paraísos fiscais adotam o mesmo sistema.
Pra contornar o problema e facilitar a vida do cliente, estabelecimentos especializados em acolher «refugiados fiscais» fazem o seguinte. Na abertura da conta, são mencionados dois nomes: o do titular da conta e o do beneficiário dos fundos. Os dois nomes tanto podem corresponder à mesma pessoa quanto a pessoas diferentes.
Assim, o indivíduo A pode abrir conta em seu nome e declarar que os fundos pertencem ao indivíduo B. Nos extratos e em todos os documentos oficiais, somente o nome do titular – o indivíduo A – aparecerá. Desse modo, o senhor B poderá, sem mentir, declarar que não tem conta em seu nome.
A astúcia permite ao beneficiário afirmar, de boca cheia e mão estendida no peito, que não tem conta no estrangeiro. E não tem mesmo. O que tem, na verdade, são fundos depositados em conta de outra pessoa.
Preste atenção: Malufs, Cerveròs e assemelhados não costumam negar a posse de fundos no exterior. Dizem e repetem que não têm conta, que nunca tiveram e que não pretendem ter. No rigor da semântica, estão dizendo a verdade.
O dinheiro desses senhores está em contas abertas em nome de terceiros. Eles são «apenas» beneficiários, ou seja, proprietários da grana. Perceberam a astúcia?
Juízes, promotores, responsáveis por CPIs e excelências em geral deveriam ser informados sobre essa artimanha, que só assim passarão a fazer a pergunta adequada. Está aí uma consequência de nossa crônica falta de abertura ao mundo.
«Orçamento é uma conta que se faz para saber como devemos gastar o dinheiro que já gastamos.»
Apparicio Fernando de Brinkerhoff Torelli, “Barão de Itararé” (1895-1971), humorista gaúcho
Quem diz que dinheiro não dá felicidade não sabe onde fazer compras.