José Horta Manzano
Você sabia?
Espera-se que todo profissional seja diplomado. Esse postulado é válido por toda parte para quem cursou ensino superior: médicos, engenheiros, filósofos, biólogos, geógrafos. Na Suíça, a coisa vai mais longe. Diplomas são conferidos a profissionais artesanais. Pedreiros, cozinheiros, eletricistas, azulejistas, vendedores de loja, criadores de moda, encanadores têm diploma.
A formação começa à altura dos 15 anos de idade. O jovem que não estiver disposto a encarar, depois de terminar a escola média, quatro ou cinco anos de estudos universitários, pode optar pelo sistema de aprendizado. Será contratado como aprendiz numa empresa que lhe ofereça a oportunidade de aprender a profissão escolhida.
O aprendizado dura geralmente três anos. Durante esse período, o jovem dividirá seu tempo entre o trabalho e a escola. Alguns dias por semana, permanecerá no emprego, onde aprenderá a prática da profissão. Nos demais dias, seguirá um curso para aprender a parte teórica.
Ao final, enfrentará um exame federal. Se for aprovado, receberá seu CFC ‒ Certificado Federal de Capacidade, que prova estar ele apto a exercer a profissão escolhida. É um trunfo inestimável, uma quase garantia de emprego para o resto da vida. Na hora de encontrar colocação, quem tem CFC passa à frente de quem não tiver.
Uma das formações possíveis é a de agricultor. A ouvidos brasileiros, pode parecer surpreendente, mas muitos jovens escolhem esse caminho. Ao final, todavia, enfrentam um problema: não encontram meio de exercer a profissão que escolheram.
Na Suíça, não existem grandes empresas agrícolas como no Brasil. As propriedades são pequenas e agricultura é assunto familiar. Se o jovem recém-formado for filho de agricultores, continuará a trabalhar com a propriedade dos pais quando eles se aposentarem. Se, no entanto, não for herdeiro de gente da terra, vai dar de cara com um problemão: como fazer pra comprar um sitiozinho?
A terra custa um dinheirão, e jovem não tem capacidade financeira pra obter financiamento bancário. Assim, quando um casal de agricultores chega à idade da aposentadoria sem herdeiros, a terra acaba sendo dividida e vendida aos agricultores vizinhos.
Desse modo, os recém-formados, apesar do diploma, ficam a ver navios. São os trabalhadores rurais sem terra à moda suíça.