Carnaval visto da Escandinávia

“Turistas se aglomeram na volta da festa de rua no Rio de Janeiro”
“No tempo de Bolsonaro no poder, muitos eram contra o carnaval”

José Horta Manzano

O jornal sueco Dagens Nyheter é o maior e mais importante diário não só da Suécia mas de toda a Escandinávia. Estes dias, seu correspondente permanente no Brasil, baseado no Rio de Janeiro, escreveu um artigo (acompanhado de um vídeo) sobre o carnaval.

A primeira frase da reportagem dá o tom:

“Pela primeira vez desde que a pandemia estourou, o carnaval de rua está de volta ao Rio de Janeiro. Centenas de milhares de pessoas são esperadas para comemorar dançando nas ruas neste fim de semana. Como Bolsonaro não é mais presidente do Brasil, mais turistas vieram.

O resto segue na mesma linha.

Mas que diabos tem Bolsonaro a ver com o carnaval? Na visão de muita gente, o capitão é desmancha-prazeres de marca maior. Sem a presença dele, a festa é mais alegre.

Parlamento feminino

José Horta Manzano

Com 77 mulheres eleitas nas eleições parlamentares de 2018, a bancada feminina na Câmara Federal subiu para 14,6%, um número curiosamente baixo. Digo curiosamente porque a discriminação contra mulheres não é traço marcante da personalidade brasileira. Em outras terras, a intolerância  é sabidamente mais acentuada do que entre nós.

Como referência, tomemos o comportamento dos votantes na escolha de candidatos para cargos do Executivo, os mais vistosos. Observe-se que o eleitorado brasileiro dá seu voto, sem maiores complexos, a uma mulher. Basta conferir algumas prefeitas e governadoras eleitas no passado.

A maior cidade do país já foi comandada por mulher em duas ocasiões: por Luiza Erundina, nos anos 1990, e por Marta Suplicy, nos 2000. O estado do Rio já elegeu Rosinha Garotinho. Fortaleza já teve Maria Luiza Fontenele e Luizianne Lins como prefeitas. O Rio Grande já deu a vitória a Yeda Crusius. E o Brasil inteiro – embora pareça hoje difícil acreditar – já consagrou Dilma Rousseff.

Há que constatar que o brasileiro é desembaraçado na hora de votar. Não me parece que deixe de votar em mulher só por causa do sexo da candidata. O fato de, apesar das quotas, a representação feminina ser tão baixa no Congresso ainda está por ser estudada.

Outros países têm desempenho melhor que o nosso. Fiz uma pequena pesquisa e descobri algumas curiosidades.

Os países que ocupam o topo da classificação são aqueles em que a eleição de parlamentares é artificialmente dirigida, não somente por sistema de quotas, mas também porque certo número de parlamentares é designado, sem voto popular, pelo Executivo (ou pelo rei, emir, príncipe ou ‘dono’ do país). É nesta categoria que se encontram os que têm parlamento com maioria feminina: Ruanda (61,3% de mulheres) , Cuba (53,2%), Bolívia (53,1%), Emiratos Árabes (50%).

Descendo na classificação, aparece a Suécia, país fortemente igualitário, em 7° lugar, com 47% de mulheres. A Espanha e a Suíça estão entre os bons alunos, com 44% e 41,5% respectivamente.

Quanto a nossos vizinhos mais chegados, a Argentina faz bonito: 40,9% de mulheres no parlamento. Já o Uruguai não sai tão bem na foto: 21,2%. O Paraguai, apresenta placar bem magrinho: 16,3%.

O parlamento americano está mais feminizado que o nosso: 23,4% dos mandatos foram entregues a representantes do sexo feminino. A Itália apresenta um quadro ainda melhor, com 35,7% de mulheres na atual legislatura.

O Parlamento Europeu, renovado em 2019, não é o nec plus ultra, mas está no bom caminho: 36,4% de mulheres.

Classificado em 142° lugar na lista mundial com marca supermodesta de 14,6%, o Brasil aparece mal. Como vê o distinto leitor, nessa matéria, ainda estamos engatinhando.

Quem tiver curiosidade pode consultar a lista completa atualizada mensalmente pela União Interparlamentar, agência da ONU, com sede em Genebra, à qual o Brasil está afiliado desde 1954.

De ventos e de auroras

José Horta Manzano

Antes de se interessar pelos pontos cardeais, os antigos se preocuparam com os ventos, as chuvas, o ritmo das estações. Dá pra entender. A vida era dura e não dava espaço pra divagações filosófico-astronômicas. Do tempo atmosférico dependiam os cuidados a dedicar à agricultura. Mais importante que saber onde estavam o norte ou o sul era conhecer os ventos que sopravam de um quadrante ou de outro.

vento-5Tanto na Grécia antiga quanto na Roma dos Césares, os ventos ganharam nome antes dos pontos cardeais. Por consequência, os adjetivos usados para indicar o que vem do norte (ou o que lá está) derivam dos ventos que sopram daquele quadrante. O mesmo vale para o lado oposto, o sul.

O termo latino «bórea», que corresponde ao grego «boréas», designa o vento frio que sopra do norte. Na outra ponta, o latino «áuster», relacionado com o grego «áuso», é o nome dado ao vento sul, um sopro quente e árido.

Em nossa língua, no dia a dia, dizemos “nortista”, “sulista”, “sulino” ‒ são vocábulos mais fáceis de reter e de entender. Em linguagem mais tensa, esses termos são substituídos por “boreal” e “austral”, o primeiro se referindo ao norte e o segundo, ao sul.

Nas regiões situadas em altas latitudes ‒ cerca dos polos ‒, ocorrem fenômenos elétricos episódicos na alta atmosfera, que se traduzem por clarões impressionantes, de cor variando entre verde intenso e solferino. O espetáculo leva o nome de aurora polar. Em três cliques, o distinto leitor encontrará na internet descrição detalhada dos comos e dos porquês desse fenômeno.

Folha de São Paulo, 3 março 2017 Clique para ampliar

Folha de São Paulo, 3 março 2017
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O Hemisfério Norte de nosso planeta é habitado, enquanto o Hemisfério Sul tem pouca terra e pouca gente. Logicamente, auroras polares são observadas com maior frequência nas regiões próximas do Polo Norte ‒ Rússia, Canadá, Groenlândia, Escandinávia, Islândia. Por ocorrer no Hemisfério Norte, esse fenômeno costuma ser chamado aurora boreal. No Hemisfério Sul, o mesmo acontecimento só pode ser observado a partir da Antártida, lugar pouco hospitaleiro.

Aurora polar observada nas cercanias do Polo Sul não será ‘boreal’, mas austral. O autor da legenda da belíssima foto publicada pela Folha de São Paulo trocou os pés pelas mãos. Desconhecendo o significado do termo «boreal», há de ter imaginado que se referia ao fenômeno. Errou. A palavra tem a ver com o norte.

Tivesse escrito «aurora austral», o autor da legenda teria merecido aplausos.

No topo da Terra

José Horta Manzano

Você sabia?

A não confundir com a Irlanda, a Islândia é um pequeno país, uma ilha situada no extremo norte do Oceano Atlântico, terra de poucas árvores e muitos vulcões. De nome pouco convidativo ‒ Island, do escandinavo is, significa Terra do Gelo ‒ é um dos países de população mais homogênea do globo.

Islândia: gêiser

Islândia: gêiser

É povoada por apenas 300 mil pessoas. Seus habitantes são descendentes de vikings que, vindos da Escandinávia, lá se estabeleceram mil anos atrás. Desde então, a imigração tendo sido praticamente nula, o resultado foi um contingente populacional harmonioso e coeso. Quase todos os ilhéus são aparentados, em maior ou menor grau. Quando um islandês trava amizade com outro, um dos assuntos preferidos é conferir a proximidade de parentesco entre os dois. Serão primos em nono grau? Em décimo segundo? Todo islandês, principalmente os jovens, tem instalada no telefone celular uma aplicação específicamente desenvolvida para facilitar a busca genealógica.

Islândia: banho em piscina termal natural

Islândia: banho em piscina termal natural

A terra é fértil, mas o clima não ajuda. Não é que faça frio exagerado ‒ os invernos são menos rigorosos que os da Europa Central. Na capital, Reykjavik, a média das temperaturas mínimas do mês mais frio é de 3°C abaixo de zero. Para comparação, a alemã Munique registra, no mesmo mês, 5° abaixo de zero.

O que falta, na Islândia, é calor. Em julho, o mês mais quente, a média das temperaturas mais elevadas não alcança 14°C. Uma «tórrida» tarde de vinte graus merece manchete de jornal no dia seguinte.

Islândia: estufas aquecidas por geotermia

Islândia: estufas aquecidas por geotermia

Em compensação, a terra é rica em fontes, lagos e gêiseres de água muito quente. Essa abundância gratuita de fontes de calor traz vantagens não desprezíveis. Canalizada, a água fervente serve para aquecer casas e imóveis, tornando desnecessária a queima de combustível. A atmosfera agradece.

A água quente serve também para climatizar grandes estufas onde se cultivam frutas e legumes que, ao ar livre, não vingariam. Consequência curiosa: a Islândia é o maior produtor europeu de banana. A poucos quilômetros do Círculo Polar Ártico, quem diria, não?

Islândia: estufa aquecida por geotermia

Islândia: estufa aquecida por geotermia

Assim mesmo, a maior riqueza do país foi e continua sendo a pesca, base da alimentação e da economia da ilha. A regulação rigorosa que a União Europeia impõe às atividades pesqueiras é, aliás, o freio que retém os islandeses de pleitear adesão à UE.

Fiquei sabendo hoje que os primeiros refugiados sírios foram recebidos na Islândia. São 50 pessoas, o que não parece muito. No entanto, comparados à população da ilha, equivalem a um Brasil dando asilo a 3500, de uma vez só. De memória, não me ocorre registro semelhante.

Reykjavik, cidade capital da Islândia

Reykjavik, cidade capital da Islândia

Num comportamento exemplar, os islandeses acolheram de braços abertos esses estrangeiros, no sentido mais amplo da expressão. Milhares se propuseram a ajudar. Houve quem oferecesse um quarto da própria residência, houve quem propusesse um emprego. Lojas e firmas se cotizaram para dar uma mão. Ikea, o gigante escandinavo da fabricação de móveis, deu um cheque de 700 euros a cada asilado, para ser descontado na compra do que lhes for útil dentro do sortimento da loja. O governo do país se comprometeu a oferecer a todos curso de islandês além de uma ajuda de custo durante os primeiros meses, até que se ajeitem.

Há quem pode mais, há quem pode menos. Se a gente olhar em volta, vai sempre encontrar alguém mais necessitado que nós. Parabéns aos simpáticos islandeses.

Islândia 6Nota edificante
Sigmundur Davíð Gunnlaugsson, primeiro-ministro do país, foi flagrado em envolvimento no escândalo dos ‘Panama Papers’. Não deu outra: em 24 horas, foi defenestrado pelos conterrâneos indignados.

Buscando a receita

José Horta Manzano

Há males que vêm pra bem é expressão conhecida e usada com frequência. Em contraposição, também há casos em que coisas boas acabam atrapalhando a vida e infernizando a existência.

Company logo 6No caso de males que, no final, se revelam úteis, há exemplos aos montes. Guerras, se trazem destruição, desgraça e morte, contribuem para o progresso. Os grandes conflitos do século XX são responsáveis pela invenção ou pelo desenvolvimento de técnicas de grande utilidade. Falo da radiologia, da traumatologia de reconstituição, do avião a jato, dos antibióticos e de numerosos outros «subprodutos».

Bens, quando chegam de repente e sem que o beneficiado tenha tido de fazer grande esforço, podem causar transtorno. É o caso daqueles que tiraram a sorte grande nalguma loteria, enricaram, e… acabaram se perdendo. Escritos bíblicos já contavam a história do filho pródigo, aquele que dissipou num piscar de olhos a fortuna recebida de mão beijada.

Company logo 2No Brasil, desde que a gente é criança, nos convencem de que o País é rico, que tem enorme riqueza mineral, a maior floresta do mundo, clima excelente, povo cordial, diversidade biológica fantástica, petróleo, litoral extenso, vizinhos amigos, paz social, habitantes talentosos, as mais lindas praias, terras ainda não desbravadas, subsolo riquíssimo, água à vontade, território livre de terremotos e tsunamis. Em três palavras: um paraíso terrestre.

Company logo 4Nosso País é um dos raros capazes de exibir certificado de nascimento. Falo da carta que Pero Vaz de Caminha escreveu a Dom Manuel dando notícia do achamento de novas terras. Quando o escrivão previu: «a terra é de tal maneira tão maravilhosa que em se plantando dar-se-á nela tudo», estava, sem se dar conta, vaticinando o futuro da nação.

O chato é que as gerações que se seguiram passaram por cima da condição (em se plantando) e se aferraram direto à conclusão (dar-se-á nela tudo). Faz 500 anos que a característica nacional é permanecer, mão estendida, à espera do fruto que a terra bendita nos vai fazer cair na palma da mão.

Company logo 3As benesses inerentes à terra brasileira atrapalham mais que ajudam, acreditem. Nações menos aquinhoadas nos dão a prova. Senão, vejamos.

Estes dias, dona Dilma está viajando pela Europa do Norte: a Suécia primeiro, a Finlândia depois. São nações com escassas riquezas minerais, clima rude, pouca diversidade biológica, agricultura quase impossível, nem uma gota de petróleo, praias frias e infrequentáveis, vizinhos nem sempre cordiais – a Finlândia é colada à Rússia, da qual, aliás, já foi província.

Company logo 1No entanto… são países ricos. Em 2013, a Suécia registrou 58 mil dólares de PIB por habitante, enquanto a Finlândia chegou a 49 mil dólares. Para efeito de comparação, o Brasil não passou de 11 mil dólares. E como é possível que territórios pouco habitados e abandonados pela natureza possam enriquecer dessa maneira?

Company logo 5Dona Dilma há de ter escrito um lembrete na caderneta pra não esquecer de perguntar isso a eles. Aos figurões suecos, ela vai indagar como é possível um país de natureza pobre, com menos de 10 milhões de habitantes, ter 220 empresas(!) implantadas em solo brasileiro, que dão emprego a 50 mil conterrâneos. Na pequena Finlândia, ela perguntará como fez um país de pouco mais de 5 milhões de almas, onde mal e mal se cultiva um pé de repolho, para estabelecer 50 empresas(!) em solo tupiniquim.

Quem sabe ela não trará a receita pra nos tirar do buraco? Há que ser otimista, camaradas!

Sem gritar água vai

José Horta Manzano

A cidade do Rio de Janeiro já ia para seus 300 anos de idade. Londres e Paris não estavam longe de completar o segundo milênio. No entanto, nenhuma delas contava com sistema de canalização de águas usadas. E como faziam as gentes?

Ora, é simples. No Rio de Janeiro, os dejetos eram acumulados em casa, em barricas de madeira chamadas cubos. Chegada a hora de esvaziar o tonel, um escravo levava a mercadoria para despejá-la na praia mais próxima ou nalgum córrego. Esse labor se desempenhava de preferência à noite, talvez para evitar que o cheiro nauseante assustasse eventuais passantes.Rua medieval 2

Já londrinos, parisienses e mesmo cariocas pertencentes à casta dos sem-escravo tinham de se virar sozinhos. Lavavam seus pertences em bacias e faziam suas necessidades em penicos. De manhã, abriam a janela e simplesmente atiravam a imundície na rua. Como sinal de cortesia para com eventuais passantes, gritavam antes: «Água vai!»(*). Não esqueçamos que o Rio de Janeiro contava já com alguns sobrados, o que não facilitava a vida de quem se encontrasse no momento errado no lugar errado.

As ruas, já desde a antiguidade, costumavam ter uma valeta central ou lateral ― um afundamento do calçamento de pedra. A finalidade era justamente escoar, bem ou mal, as águas servidas. O espaço público era tratado como lixeira. Sob climas tropicais, em especial, ruas e praças haviam de exalar uma abominável fedentina.

A ideia de canalizar o esgotamento doméstico foi um passo admirável. Começou, naturalmente, em Londres, centro urbano mais importante do planeta em meados do séc. XIX. De lá, espalhou-se pelo mundo.Paraty

Até cem anos atrás, o volume de lixo era relativamente baixo. Além daquilo que o esgoto canalizado podia levar, sobrava o lixo doméstico, em maior parte orgânico. Firmas e escritórios deixavam papel e papelão.

Com o inchaço das aglomerações, o volume de lixo, naturalmente, cresceu. Até os anos 1950-1960, os dejetos continuaram sendo basicamente constituídos de restos de comida e de papel. Isso favoreceu o aparecimento da figura do catador de papel, ofício exercido ainda hoje. Dos anos 60 para cá, a composição dos detritos foi-se diversificando. Com a irrupção dos diferentes materiais plásticos, já não se encontra mais lixo como antigamente.Rua medieval 3

Hoje em dia, o plástico ocupa lugar preponderante. O metal, praticamente inexistente no lixo antigo, aparece agora aos montes, usado que é para acondicionar bebidas várias.

Países mais adiantados se deram conta de que os hábitos da população tinham de ser modificados. Sete bilhões de humanos produzem milhares de toneladas diárias de lixo, em boa parte reaproveitável. Reciclável, sim, mas desde que se respeitem normas básicas. Lixo orgânico não pode estar misturado com material plástico nem com metais. Papel é um mundo à parte. Vidro, então, não combina com nada. Como fazer?

Alemanha e nações escandinavas, entre outras, já tomaram sua decisão há pelo menos 20 anos: a triagem tem de começar em casa. É muito mais fácil separar na origem do que esperar que esteja tudo misturado, melado e emporcalhado.

Hoje em dia, cidadãos de vários países ― entre os quais os suíços ― já aprenderam: selecionam os detritos antes de descartá-los. Chega-se a ter 7 ou 8 recipientes em casa, cada um para um tipo de lixo. Em seguida, os recipientes são esvaziados em caçambas específicas. O lixo orgânico será transformado em adubo. Os metais, o plástico, o vidro, o papel retornarão ao ciclo de fabricação de onde saíram. É questão de bom-senso.

Anuncia-se estes dias que o senhor Haddad, prefeito da mais populosa aglomeração brasileira, anda implementando o aperfeiçoamento das megacentrais de triagem de material reciclável. Pretende dar cursos profissionais a catadores de papel. Até empréstimo do BNDES está sendo pleiteado para essa finalidade. Veja o Estadão e O Globo.Rua medieval 1

Por mais que a sorte dos catadores de papel possa condoer nossos corações, somos obrigados a admitir que é ofício em via de extinção. Desapareceram os acendedores de lampião a gás, os amoladores de faca, os motorneiros de bonde, os funileiros que consertavam panelas, os escreventes de feira livre. Os catadores de papel desaparecerão também, que tenham ou não seguido cursos de capacitação.

Ao persistir na opção atual, que deixa a triagem do lixo a cargo do poder público, o prefeito de São Paulo não está prestando um favor à população. Como é habitual nos políticos brasileiros que o têm apadrinhado, o senhor Haddad demonstra não dispor da visão que se espera de um estadista. Afaga os catadores de papel e vai empurrando o resto com a barriga. As gerações futuras que se virem.

É, o fruto nunca cai muito longe da árvore.Interligne 05

(*) A expressão sem dizer água vai (ou sem gritar água vai) permanece até hoje na língua. É usada quando alguém comete um ato bruscamente, sem pré-aviso. Corresponde exatamente à expressão francesa sans crier gare e à espanhola sin decir agua va.