José Horta Manzano
Tem cada uma… Bom, é verdade que todo advogado que defende bandido costuma pedir clemência para seu cliente. Cabe a ele pedir ‒ quem tem de dizer “não” é a Justiça. Assim mesmo, tem limite pra tudo. Pretensões exageradas acabam deixando um gostinho azedo de justiça bolivariana.
A equipe de defesa da esposa de senhor Eduardo Cunha ‒ falo daquela que costumava gastar milhões de euros em artigos de luxo e mandar a conta para banco privado pagar ‒ é acusada de lavagem de dinheiro ilícito. Não há de ter sido difícil concluir que as fortunas que gastou eram incompatíveis com suas posses.
Num ato de magnanimidade, a equipe de juízes de Curitiba (ainda) não mandou prender a moça. Naturalmente, recolheu seu passaporte, visto o risco de fuga para o exterior.
Antigamente se diza que quem rouba um tostão rouba um milhão. Corrigindo pela inflação, melhor dizer hoje que quem rouba um milhão rouba um bilhão. Ou mais.
A Justiça brasileira talvez não venha nunca a conhecer o montante exato surrupiado por senhor Cunha e esposa. Mas fica no ar a desconfiança de que, além do que já foi confessado, haja outros trusts, outras empresas de fachada, outras contas não declaradas, outros investimentos aqui e ali, outras barras de metal amarelo encafuadas em cofres de bancos discretos.
Pois o pelotão de advogados de defesa da acusada pede à Justiça nada menos que… a devolução do passaporte da ré. Para ficar no ambiente judiciário, seria como pedir que entregassem ao preso a chave da cadeia. É pretensão exagerada pra meu gosto, um desplante.
Espero que os juízes paranaenses não se dobrem a essa exigência. Numa época em que se rouba até faixa presidencial, todo cuidado é pouco.
Faixa presidencial
Para quem acaba de desembarcar do planeta Marte, informo que foi instaurado «processo de sindicância» para saber quem deu sumiço na faixa presidencial(!) e nos presentes que o Brasil recebeu durante a gestão do Lula e da doutora Dilma.
Ignoro o que seja «processo de sindicância» e quais possam ser as consequências. Um leigo imaginaria que se instaurasse logo um procedimento penal para esclarecer crime de peculato. Quem viver verá.
Não seria a esposa do Sr. Cunha, ao invés de Sr. Cruz ?
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Pensei a mesma coisa. Pode ser que Freud seja capaz de explicar: estamos vivendo entre a “cruz” do longuíssimo processo de cassação do senhor Cunha e a “caldeirinha” do início desastroso do governo Temer. Mais uma demonstração cabal de que o Brasil não é um país para iniciantes, não é mesmo?
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Mon Dieu! Pardon! Têm razão os dois. Falo daquela senhora cujos olhos arregalados mostram um certo deslumbre. A gente fica a se perguntar a razão, he, he.
Já corrigi. Obrigado.
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Eu diria que os olhos arregalados dessa senhora mostram, na verdade, pavor de ser pega em flagrante. Consciência pesada obriga a gente a manter os olhos sempre abertos, sem nunca piscar. Vai que…
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O que vem ocorrendo no Brasil é para ninguém pôr defeito porque em matéria de safadeza muita gente está levando medalha de ouro.
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