José Horta Manzano
«A firma me propôs um estágio de três meses em Amesterdão. Fui e gostei muito de lá. Aproveitei para viajar um pouco. Conheci Copenhaga, Helsínquia e até Bordéus. Uma viagem e tanto.»
O enésimo acordo ortográfico que entrou em vigor faz alguns anos se propunha a encurtar a distância entre a escrita lusa e a nossa. Se o vão era de quilômetros, o acordo encurtou alguns centímetros, se tanto. O grosso da questão continua aberto.
O Acordo Ortográfico de 1990 é, a meu ver, o menos feliz de todos os que já conhecemos nos últimos cem anos. Incomodou a todos, sem resolver o problema de ninguém. Serviu, isso sim, para acentuar a insegurança ortográfica que nos persegue desde sempre. Os hífens, então, são uma catástrofe. Os que escrevem com frequência, como é meu caso, têm de conviver com um dicionário aberto e pronto a ser consultado a cada instante. Uma chateação.
Bem, desabafo feito, gostaria de ressaltar uma discrepância entre os falares de lá e de cá. Trata-se de certas cidades estrangeiras cujo nome se fixou de maneira diferente em Portugal e no Brasil. Pelo costume luso, sempre se escreveu Nova Iorque, enquanto, no Brasil, usa-se Nova York. No fundo, onde está o problema, se todos entendem?
O exemplo que pus no cabeçalho deste artigo é uma amostra do nome que os portugueses costumam dar a cidades pra lá de conhecidas. São diferenças que resistem a todo engessamento produzido por acordos ortográficos.
Vai aqui uma lista longe de ser exaustiva:
Portugal Brasil
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Telavive Tel Aviv
Banguecoque Bangkok
Orleães Orleans
Nova Orleães New Orleans
Amesterdão Amsterdã
Nova Iorque Nova York
Bilbau Bilbao
Helsínquia Helsique
Zagrebe Zagreb
Copenhaga Copenhague
Nuremberga Nuremberg
Moscovo Moscou
Marraquexe Marrakech
Bordéus Bordeaux
Estugarda Stuttgart
Tanto lá quanto cá, alguns nomes, por inusitados, surpeendem. Falta de hábito, nada mais. No final, a gente acaba se acostumando.