latina
Cervus et amici eius
José Horta Manzano
Cervus aeger est.
Gravi morbo aeger est.
In campo procumbit, gemens.
Animalia, quae cervi amici sunt, ad eum veniunt.
Bos advenit et dicit,
“Salve, amice!”
Cervum salutans, bos cervi pabulum devorat.
Lepus quoque cervum visitat, et dicit,
“Speramus fore ut convalescas!”
Sic dicens, lepus cervi herbam comedit.
Ovis advenit, et cervi gramina carpit.
Et caper, et equus…
Omnes cervi amici, eum visitantes, pabulum eius comedunt.
Cervus convalescit, sed fame oppressus est.
“Ubi est pabulum meum?” cervus clamat.
“Ubi gramina? Ubi herba?”
Cervus et vitam et pabulum perdit.
Haec fabula docet:
Cave amicos stultos;
Ex eis plus damni quam emolumenti habebis.
O cervo e seus amigos
O cervo está gravemente doente e geme estirado no chão. Os animais, que são seus amigos, vão chegando.
Vem o boi e diz: “Olá, amigo!”. Nem bem cumprimenta e logo devora a comida do cervo.
A lebre também vem visitar e diz: “Esperamos que sares logo!” Dito isso, ela come o capim.
Chega a ovelha e pasta a grama do cervo. E a cabra, e o cavalo… Todos os amigos do cervo, ao visitá-lo, comem a comida dele.
O cervo melhora, mas está fraco e varado de fome. Ele exclama: “Onde está minha comida? Cadê a grama? Cadê a relva?” Além de perder a comida, o cervo perde a vida.
Esta fábula ensina que quem se cerca de amigos ignorantes obtém mais perdas que ganhos.
Nota 1
O texto português, fabricado por este escriba, é adaptação livre do texto latino.
Nota 2
Esta fábula foi colhida na encorpada coleção da latinista Laura Gibbs.
Nota 3
Ao ler a fábula, não pude deixar de pensar na corrida de nosso enfraquecido presidente em direção aos amigos duvidosos que ele acredita ter no Centrão. Todos vêm paparicá-lo mas, quando tiverem se fartado no pasto presidencial, o fim do namoro pode ser a inanição.
Outras máximas ― 62
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Se l’Italia fosse il Brasile
José Horta Manzano
Tenho um amigo italiano enamorado pelo Brasil. Originário da região de Veneza, Massimo Pietrobon é blogueiro e poliglota. Vive a maior parte do ano em Barcelona (Espanha), mas sempre que pode dá uma escapada pra rever a Terra de Santa Cruz.
Apaixonado por Geografia em geral ‒ e por mapas em particular ‒, Massimo teve uma ideia outro dia. Tomou um mapa da Itália e deu a cidades italianas importantes o nome de localidades brasileiras. Para cada caso, acrescentou uma justificativa, algum aspecto que sirva de elo entre ambas. Ficou interessante e curioso. Dou aqui abaixo um apanhado das muitas correspondências entre os dois países encontradas pelo Massimo.
Para começar, São Paulo, cinzento e chuvoso mas principal centro econômico, só pode corresponder a Milão. Por seu lado, o Rio de Janeiro, caótico mas denso de beleza e de turismo, se encaixa bem com Roma, a outra metrópole italiana.
Florianópolis, bela, turística e ilhoa, compara-se com Veneza, que tem as mesmas características. Recife, centro-mor do Nordeste, se conjuga maravilhosamente com Nápoles, centro-mor do Sul da Itália. Perto de Nápoles, está Amalfi, preciosidade histórica. E ao lado do Recife, o que é que está? Olinda, naturalmente, nossa joia antiga e carregada de história.
Outro ponto focal do Sul italiano é a ilha da Sicília, a confrontar com o outro representante do Nordeste brasileiro: a Bahia. Portanto, Salvador é Palermo.
A longínqua Amazônia, com Manaus, isolada capital, só pode ser a Sardenha e sua capital Cagliari. Ambas as regiões são selvagens e souberam conservar a cultura dos primitivos habitantes.
E Bolzano, a capital do Tirol do Sul, onde predomina a língua alemã? Corresponde a Blumenau, centro maior da imigração germânica no Brasil. Já as belezas históricas e naturais da Toscana se adaptam bem às preciosidades e às paisagens das Minas Gerais.
Turim, cidade organizada e funcional, combina com Curitiba, ao passo que o grande porto industrial de Gênova tem tudo a ver com o de Santos. Falando de cursos d’água, o mais importante da Itália é o Rio Pò, que se lança ao mar num delta cuja capital é Ferrara. Não é absurdo compará-la a Belém, situada exatamente onde o Amazonas desemboca no Atlântico. Outro ponto comum é que as duas cidades estão encharcadas de História.
Porto Alegre, cidade portuária que já se aproxima dos confins culturais do Brasil, é Trieste, onde já é perceptível a mestiçagem entre italianos, eslavos do sul e remanescentes do antigo Império Austro-Húngaro.
Na hora de comparar cidades saídas de uma prancheta de urbanista, não há que hesitar: a italiana Latina e nossa Brasília têm esse ponto em comum.
A grande cidade brasileira situada próxima de um dos pontos cardeais da rosa dos ventos é João Pessoa, que marca o extremo leste das Américas continentais. Na Itália, corresponde a Reggio Calabria, que assinala a ponta sul da bota.
Não há como não mencionar a região de Parma, de onde é exportado para todo o mundo o delicioso queijo parmesão, aquele sem o qual o macarrão perderia a graça. (Dizem que macarrão sem queijo é como amor sem beijo…) Que se compare Parma com nosso Estado de Minas que, no Brasil, é referência em matéria de queijo.
Há certamente outras semelhanças. Que o leitor curioso ponha o bestunto a funcionar. Buona fortuna a tutti!
PS: Para visitar o site original, clique aqui.
Outras máximas ― 29
BARBA NON FACIT PHILOSOPHUM.
A barba não faz o filósofo.
Máxima latina. Visionários, os romanos já anteviam o que hoje nos parece óbvio.
Outras máximas ― 24
OMNIA TEMPUS REVELAT.
Com o tempo, tudo se descobre.
Máxima latina bastante adequada ao momento atual
Outras máximas ― 20
NON HABERE UBI PEDEM PONERE.
Não ter onde pôr o pé (= não ter onde cair morto).
Marcus Tullius Cicero, estadista e autor romano