Arruaceiros de lá e de cá

José Horta Manzano

Aconteceu em maio de 2003. A Cúpula Anual do G8 estava para realizar-se na cidade francesa de Evian, estação de águas à beira do Lago Leman, localidade bastante turística. A reunião de líderes dos países mais importantes incluía a Rússia conduzida por um Putin que ainda não tinha mostrado seu lado B. Só depois da anexação da Crimeia é que a Rússia seria expulsa e o bloco passaria a chamar-se G7.

Durante os três dias da Cúpula, a cidadezinha de Evian estaria totalmente isolada do mundo, com entradas e saídas rigorosamente controladas por militares armados vindos da França inteira. Só habitantes e visitantes credenciados teriam o direito de entrar. Helicópteros e drones sobrevoariam a localidade. Afinal, eram figurões os que se reuniriam: Jacques Chirac, Vladimir Putin, Silvio Berlusconi, George W. Bush, Tony Blair & alia.

Grupos de jovens, que se autodefiniam como “anti G8”, preparavam manifestações pacíficas. A sabedoria popular, que não costuma falhar, afirma que “é conversando que a gente se entende”. É por isso que até hoje não consegui captar o objetivo daqueles manifestantes que viam com maus olhos o diálogo entre líderes. Será que preferiam que eles se estapeassem ou botassem tanques nas ruas?

Na impossibilidade de penetrar em Evian, onde se realizava a Cúpula, os jovens idealistas escolheram manifestar-se em Genebra (Suíça), cidade bem maior, situada a uns 50 km de distância, à beira do mesmo lago. Os manifestantes marcaram passeatas para os três dias de duração da cimeira. Eram marchas simbólicas com cartazes, megafone e palavras de ordem. Acreditavam que, quando aparecessem nas manchetes e no jornal da tevê, sua visão “anti G8” tocaria corações mundo afora.

Mas nenhuma felicidade é perfeita nem eterna. Grupos de arruaceiros, ao tomar conhecimento das passeatas, sentiram que era chegado o momento de armar um bom quebra-quebra em Genebra. Desordeiros vieram até do estrangeiro – havia alemães, franceses, austríacos, italianos – todos armados de tacos de beisebol e coquetéis Molotov. Um primor.

Vários comerciantes genebrinos, sabedores de que estava para chegar uma horda de agitadores violentos, protegeram a vitrina com tapumes de madeira. Mas nem todos tomaram essa providência. Genebra é uma cidade grandinha, impossível de ser trancada. O fato é que os baderneiros se instalaram na cidade.

Já na véspera da abertura da Cúpula, os profissionais do quebra-quebra entraram em ação. Aproveitaram do escuro da noite para agir. Encapuzados e mascarados, quebraram vitrines, incendiaram lojas, destruíram mobiliário urbano. Foi uma noite de caos. A polícia não pôde fazer muito. Os arruaceiros sempre escolhem agir em campo descoberto, de onde possam escapar rapidamente; nunca se arriscam a jogar bomba em beco sem saída.

E assim continuaram pelas noites seguintes. Hotéis foram atacados e restaurantes McDonald’s, depredados. Os agressores são desocupados sem ideologia: vêm de longe e destroem pelo simples prazer de destruir. Assim que a reunião do G8 terminou, desapareceram. E nunca mais se ouviu falar deles.

Outro dia, em Brasília, quando nosso presidente eleito foi diplomado, arruaceiros tupiniquins decidiram agir. Aproveitando que um punhado de apóstolos do bolsonarismo ainda acampa nas ruas choramingando por um milagre, vestiram-se de amarelo e promoveram uma noite de horror.

Me fizeram lembrar de Genebra 2003 – com eficácia menor, porém. Agiram em campo aberto: posto de gasolina, viaduto, esplanada diante de instituições. São lugares de onde se pode escapar rápido, caso a situação aperte.

A população vê, nesses agressores, bolsonaristas enfurecidos. Já os bolsonaristas acreditam que os autores do quebra-quebra sejam petistas infiltrados.

É difícil dizer com certeza, mas não é impossível que tenham sido agitadores compulsivos, que não precisam necessariamente ser remunerados. Destroem pelo prazer de destruir – o que não os impede de ter preferências políticas. Quais são? Só Deus sabe.

Brasil à mesa dos grandes

José Horta Manzano


Este blogueiro não tem a menor simpatia pelo Lula. E jamais votou em candidato petista. Quem me lê sabe disso, mas não custa repetir.


Cúpulas do G7
As reuniões anuais de cúpula dos países mais industrializados começaram em 1975 e continuaram a ser organizadas anualmente. Os que têm mais de 30 anos hão de se lembrar que o grupo dos países mais industrializados se chamava G8. Isso foi enquanto a Rússia, que era um dos participantes, foi considerada terra civilizada. Tudo mudou em 2014, quando Putin mandou a tropa invadir e tomar a região ucraniana da Crimeia. A partir de então, a Rússia foi suspensa do grupo e nunca mais conseguiu seu bilhete de entrada.

Tirando o ano de 2019, em que a covid grassava freio, houve cúpula todos os anos. Desde a virada do século, o país que hospeda a reunião ganhou o direito de propor a líderes de países não-membros que participem como convidados de honra. Lula da Silva, então presidente do Brasil, foi convidado nas seguintes cimeiras:

2003, realizada na França
2005, realizada no Reino Unido
2006, realizada na Rússia
2007, realizada na Alemanha
2008, realizada no Japão
2009, realizada na Itália

Nosso Guia, como se sabe, deixou a Presidência em 2010. Coincidência ou não, depois disso, o Brasil nunca mais recebeu convite para participar. Nem Dilma, nem Temer, nem muito menos Bolsonaro tiveram a honra. A bem da verdade, diga-se que o capitão estava na lista de convidados para a cúpula de 2019, a ter lugar nos EUA durante o governo de Trump. A pandemia acabou com a festa e obrigou ao cancelamento.

Aqui vai uma curiosidade pra deixar o atual presidente verde de inveja. Sabe quem esteve entre os convidados de honra este ano, na cúpula que acaba de terminar na Alemanha? Pois foi Señor Alberto Fernández, representando a Argentina. Além dele, foram homenageados os líderes da Indonésia, da Índia, da África do Sul e do Senegal. O Brasil ficou na geladeira, fazendo companhia à Rússia (banida) e à China (que nunca entrou).

Sabe quando é que o Brasil de Bolsonaro vai voltar a ter alguma chance de participar? Nunca. Só depois que voltar ao normal, ou seja, após a partida de Bolsonaro. Nem que, por impiedade do destino, o homem fosse reeleito e ficasse mais quatro anos no palácio: seriam quatro anos sem Brasil entre os grandes. Agora, se Nosso Guia vestir a faixa em janeiro próximo, boas são as chances de o Brasil subir de novo ao palco.

Anote aí
As próximas reuniões de cúpula do G7 estão previstas para 2023 no Japão e 2024 na Itália.

Frases do Lula

José Horta Manzano

O Globo listou 25 frases marcantes do ex-presidente do Brasil, publicadas pelo quotidiano desde a década de 90. Estavam guardadas na minha gavetinha. Achei que hoje valia a pena publicá-las.

1) “De todos os deputados do Congresso Nacional, há pelo menos 300 picaretas. E eles foram eleitos, não caíram lá de paraquedas. São políticos que põem seus interesses acima de suas obrigações com a comunidade.”
Em 9/9/1993, referindo-se ao envolvimento de parlamentares no escândalo da CPI do Orçamento, durante o governo de Itamar Franco.

2) “Nunca fui candidato a santo.”
Em 12/5/2004, durante café da manhã com líderes da base do governo, ao comentar expulsão de jornalista de “New York Times”. Caso havia criado desconforto internacional, gerando comentários de jornalistas ao redor do mundo, inclusive do porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Richard Boucher.

3) “Sexo é uma coisa que quase todo mundo gosta e é uma necessidade orgânica, da espécie humana e da espécie animal. Como não temos controle disso, o que precisamos é educar.”
Em 7/3/2007, ao defender a distribuição gratuita de camisinhas no lançamento de plano para conter a disseminação da aids entre as mulheres.

4) “Crie um G que o Brasil vai estar lá dentro. Não tem país mais preparado para achar o ponto G que o Brasil.”
Em 12/2/2010, ao falar sobre a participação do país em grupos como G20, G4 e G8. Lula foi a Goiânia inaugurar uma barragem e uma escola em uma vila onde casas populares estavam sendo construídas.

5) “Não interessa se foi A, B ou C. Todo o episódio foi como uma facada nas minhas costas.”
Em 29/12/2005, ao comentar sobre o Mensalão durante entrevista ao programa “Fantástico”.

6) “Sou que nem massa de bolo. Quanto mais batem, mais cresço.”
Em 11/5/2006, ao comentar a relação entre a crise política e seu desempenho nas pesquisas.

7) “O caos aéreo é como uma metástase. A gente acha que está tudo bem, mas só descobre que o problema é bem maior quando ele surge.”
Em 2/8/2007, ao admitir ter sido surpreendido pela crise aérea.

8) “Estou preparado para enfrentar mais essa batalha e acho que nós vamos conseguir tirar de letra. Basta que a gente siga recomendações médicas, basta que a gente faça aquilo que precisa ser feito. Acho que vou vencer esta batalha. Não foi a primeira e não será a única batalha que eu vou enfrentar. Com a solidariedade de vocês, vai ser muito mais tranquilo, muito mais fácil.”
Em 1/11/2011, em vídeo gravado ao sair do hospital após receber o diagnóstico de câncer na laringe.

9) “Lá (nos EUA), ela é um tsunami; aqui, se ela chegar, vai chegar uma marolinha que não dá nem para esquiar.”
Em 4/10/2008, ao debochar dos efeitos no Brasil da crise mundial, que estourara no mês anterior com a quebra do gigante bancário americano Lehman Brothers, revelando-se a crise mais severa enfrentada pelo planeta desde a Grande Drepressão dos anos 30.

10) “É uma crise causada, fomentada, por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis, que antes da crise parecia que sabia tudo e que, agora, demonstra não saber nada.”
Em 26/3/2009, ao falar sobre os responsáveis pela crise mundial que abalou a economia mundial a partir de 2008. O presidente estava ao lado do então primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, que tem olhos claros. Com razão, o visitante estrangeiro pareceu constrangido com o comentário.

11) “Você não acha chique emprestar dinheiro para o FMI? E eu, que passei parte da minha juventude carregando faixa em São Paulo: ‘Fora FMI!’”
Em 3/4/2009, ao confirmar, durante reunião do G20 (grupo de países mais ricos e os principais emergentes), que o Brasil iria se tornar, pela primeira vez, credor do Fundo Monetário Internacional (FMI).

12) “Entre o que se quer e o que se pode fazer tem uma diferença do tamanho do Oceano Atlântico. Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão.”
Em 22/10/2009, em entrevista à Folha de S.Paulo, ao ser questionado sobre seus aliados políticos.

13) “Uma mulher não pode ser submissa ao homem por causa de um prato de comida. Tem que ser submissa porque gosta dele.”
Em 15/1/2010, durante discurso na cerimônia de lançamento da pedra fundamental e de início das obras da Refinaria Premium I, numa frase politicamente incorretíssima.

14) “O povo pobre não precisa mais de formador de opinião. Nós somos a opinião pública.”
Em 18/11/2010, ao acusar, durante comício em Campinas, a imprensa de não agir de forma democrática. A frase revelou particular ausência de modéstia.

15) “Parece um governo de mudos.”
Em 18/6/2015, ao criticar Dilma Rousseff (sua cria política) e os ministros dela, principalmente os do PT.

16) “É um triplex minha casa minha vida.”
Em 4/3/2016, durante depoimento prestado à Polícia Federal (PF) sobre triplex no Guarujá (SP), mostrando desdém pelas moradias entregues aos mais pobres. Na época da reportagem do Globo, a PF investigava se a empreiteira OAS havia reformado o apartamento para uso da família Lula em troca de benefícios.

17) “Tá bom, eu tô aqui, fico aguardando. (…) Tchau, querida.”
Em gravação telefônica divulgada no dia 16/3/2016, em que Dilma dizia estar mandando termo de posse como ministro da Casa Civil, o que concederia ao Lula o direito a foro privilegiado.

18) “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado, somente nos últimos tempos é que o PT e o PCdoB acordaram e começaram a brigar. Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido, não sei quantos parlamentares ameaçados, e fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e que vai todo mundo se salvar. Eu, sinceramente, tô assustado com a “República de Curitiba”. Porque, a partir de um juiz de 1ª instância, tudo pode acontecer ‘nesse’ país.”
Em gravação telefônica divulgada no dia 16/3/2016, em que Lula, em conversa com a presidente Dilma Rousseff, atacou setores e instituições do governo.

19) “Nem o Moro, nem o Dallagnol, nem o delegado da Polícia Federal tem a lisura, a ética e a honestidade que eu tenho nestes 70 anos de vida.”
Em 24/4/2017, durante evento do PT que discutia os efeitos da Operação Lava-Jato no país. Lula reclamou da atuação dos investigadores e atacou o procurador Deltan Dallagnol, a quem chamou de “moleque”. Releve-se a pequena marca de vaidade do ex-presidente que, à época, já tinha completado 71 anos.

20) “Nós estamos reivindicando a participação na OMC porque achamos que o Brasil é um país que tem muita importância.”
Em 28/1/2005, durante discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos. O Brasil já fazia parte da organização na época.

21) “Sabe, porque… até a Clara Ant (…) porque fica procurando o que fazer. Faz um movimento da mulher contra esse filho da puta. Porque ele batia na mulher, levava ela pro culto, deixava ela se foder, dava chibatada nela. Cadê as mulheres de grelo duro do nosso partido?”
Em 15/3/2016, sobre uma suposta falta de ação das feministas do PT, em telefonema ao ex-ministro Paulo Vannucchi gravado com autorização judicial.

22) “No Brasil é assim: quando um pobre rouba, ele vai para a cadeia, mas quando um rico rouba, ele vira ministro.”
Em 14/2/1988, ao comentar reportagem do Globo que revelara um dossiê no Palácio do Planalto com nomes de parlamentares que receberam doações de empresas na eleição de 1986. Para Lula, o governo deveria “mandar prender”, e não divulgar lista de políticos com recursos ilegais.

23) “Prefiro ser considerado uma metamorfose ambulante, por estar mudando na medida que as coisas mudam. Não tenho a dureza de um partido comunista ortodoxo.”
Em 6/12/2007, sobre a mudança de opinião a respeito da CPMF, imposto contra o qual lutou quando foi aprovado em 1996, mas que tentou prolongar a sua existência durante seus dois mandatos.

24) “Eu e Palocci somos unha e carne.”
Em 28/4/2005, ao elogiar e declarar confiança no novo ministro da Fazenda, o médico Antonio Palocci.

25) “Eu conheço o Palocci bem. Se o Palocci não fosse um ser humano, ele seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. É médico, calculista, é frio.”
Em 14/9/2017, durante depoimento ao juiz Sérgio Moro. Lula foi acusado pelo ex-companheiro Antonio Palocci de fazer um “pacto de sangue” com a construtora Odebrecht.

A ruivinha deles

José Horta Manzano

Anne Lauvergeon (1959-), dirigente francesa de alto nível, cursou escolas prestigiosas, passou por empresas renomadas e acabou se aproximando do mundo político. Chegou a funcionar como xerpa(*) do presidente François Mitterrand junto ao G7.

Em 1999, foi nomeada presidente da estatal Areva, que controla a indústria nuclear do país. O posto, pra lá de relevante, jamais tinha sido ocupado por mulher. Diga-se de passagem que, na França, 75% da energia elétrica é gerada por usinas nucleares. Nesse particular, o pais é, com folga, mais nuclearizado do que qualquer outro. Por aquelas bandas, a Areva é tão importante quanto é a Petrobrás para nós.

Anne Lauvergeon, a 'Anne Atomique'

Anne Lauvergeon, a ‘Anne Atomique’

Foi naquela época que ganhou o apelido de «Atomic Anne» ‒ Ana Atômica, trocadilho que conjuga o espírito empreendedor da moça com suas atividades nucleares. Boa adaptação francesa de nosso familiar termo gerentona.

Sob a presidência da gerentona, a Areva comprou em 2007, pela inacreditável quantia de 1,8 bilhões de euros (sete bilhões de reais), uma start-up canadense do ramo mineiro. Foi decisão temerária, dado que a companhia adquirida não passava de promessa: nunca havia extraído um grama sequer de minério(!).

O negócio revelou-se um fracasso. Enquanto ainda era presidente da estatal nuclear, madame Lauvergeon tratou de disfarçar o rombo. Para embelezar o balanço, promoveu «pedaladas», chamadas na França de maquiagem fiscal. Dá no mesmo. Apresentou balanço falsificado.

Localização das 58 usinas nucleares francesas

Localização das 58 usinas nucleares francesas

Seguiram-se anos de controvérsias, provas, contraprovas, testemunhos, investigações. Nada adiantou. Olhada com desconfiança pelas altas esferas, madame perdeu o cargo. A partir daí, foi levando a vida fora da esfera política, em postos menos prestigiosos. Mas suas «pedaladas» não saíram da mira das autoridades. Afinal, era muito dinheiro. Dinheiro do contribuinte, diga-se.

Finalmente, neste maio 2016, a Justiça acaba de aceitar formalmente as acusações de trambique nas contas. O futuro de madame está agora nas mãos do equivalente francês de nosso monsieur Moro. Lá como cá, a justiça pode tardar mas acaba alcançando o malfeitor.

Interligne 18h(*) Xerpa (aportuguesamento do inglês sherpa)
Os que se aventuram a escalar montanhas no Himalaia se fazem acompanhar por guias locais da etnia xerpa. Por extensão, o termo passou a designar todo guia tibetano de montanha. Anos atrás, por analogia, a revista The Economist foi a primeira a dar o nome de xerpa àquele que substitui o titular em reuniões preparatórias do G7 (que já foi G8 mas, com a exclusão da Rússia, voltou à configuração originária). Madame Lauvergeon não é especialista de escalada. Seu apelido vem do fato de ter sido chegada ao presidente da França.

Interligne 28aAdvertência
Qualquer semelhança com algum caso ocorrido no Brasil deve ser considerada involuntária e fortuita. O mesmo vale para o título deste artigo ‒ A ruivinha deles.

A intenção do autor jamais foi trazer ao distinto leitor a desagradável lembrança da compra, pela Petrobrás, da usina de Pasadena, a “ruivinha”. Faz alusão apenas à cor do cabelo de madame Lauvergeon. Que, aliás, lhe vai muito bem.

Esquerdismo

José Horta Manzano

De uns anos pra cá, têm-se tornado frequentes essas reuniões ditas «de cúpula» entre chefes de Estado ou de governo. Volta e meia realiza-se mais uma. Países que nem sempre têm algo em comum agrupam-se em entidades do tipo G8, G20, G4, Mercosul, Apec & companhia.

Cúpula Apec ‒ Asia Pacific Economic Cooperation

Cúpula Apec ‒ Asia Pacific Economic Cooperation

Como se sabe, é raro que importantes decisões sejam tomadas nessas ocasiões. De costume, o comunicado final se restringe a vaga declaração de intenções. Resoluções acertadas discretamente nos bastidores são mais importantes que cúpulas. Assim mesmo, as reuniões dão lugar a belas fotos de família nas quais se nota um detalhe peculiar.

Antes de gritar «Olha o passarinho!», o fotógrafo pede que todos levantem a mão direita. Imagino que, para que fique bem claro, o profissional acompanhe seu pedido com um gesto: ele levanta a própria mão direita.

Cupula Mercosul 2A maioria entende que «mão direita» não é sinônimo de «a mão que estou vendo do lado direito». É preciso descodificar. Em vez de considerar o gesto do fotógrafo como espelho, quem quiser levantar a mão correta tem de inverter a imagem.

Por inatenção ou por algum motivo que a psicologia deve poder explicar, sempre tem um ou outro que levanta a mão esquerda. A gafe me faz lembrar aquele provérbio chinês que diz que, quando o sábio aponta a Lua, o idiota olha para o dedo.