José Horta Manzano
Meu arguto leitor e minha atenta leitora sabem que este blogueiro não faz parte da turma que bota a culpa dos males do país nas costas dos ministros do STF. Deixo isso pra quem lê um pouquinho só e acredita no pouco que lê – geralmente informações que circulam nas redes sociais.
Não. Para mim, o Supremo, em que pesem opiniões contrárias, continua sendo a pedra de toque da democracia brasileira, especialmente visível nestes tempos de desvario. Acredito que, não fosse o braço firme do STF, nosso sistema democrático teria naufragado antes do fim do governo do capitão. E estaríamos hoje chafurdando na mesma meleca que nossos vizinhos do norte, os venezuelanos. Thank you, STF!
Mas nada permite que os magistrados do Supremo se considerem integrantes de uma raça especial, situada acima da lei, da ética, do recato e do bom senso. Recebem salários elevados, e é normal que assim seja. Têm direito a certas regalias, e, até certo limite, é aceitável que assim seja. Só respeitam a lei, a ética, o recato e o bom senso quando lhes dá na telha; sentem-se autorizados a pular cercas e desrespeitar limites quando lhes apraz. Aí, não! Certos limites não podem e não devem ser ultrapassados.
O que vou dar agora não são notícias de rede social. É o Estadão que, depois de ter feito o respectivo levantamento, informa:
“Ministros do STF participaram de quase dois eventos internacionais por mês no último ano”.
Na Europa é possível sair de Berlim de manhãzinha, tomar o avião, passar o dia em conferência em Londres, tomar o avião de volta e dormir em casa. Mencionei Berlim e Londres, mas poderia ter mencionado Bruxelas, Milão, Madrid, Varsóvia, Genebra, Paris, Copenhague ou qualquer outra capital europeia. O exemplo continua válido.
Feliz ou infelizmente, o Brasil está a 10 mil km da Europa e dos EUA. Nem com a maior boa vontade, não dá pra tomar café da manhã aqui, almoçar lá e voltar para o jantar. Isso significa que qualquer deslocamento de Suas Excelências implica pelo menos três dias de ausência, pra dizer o mínimo. Visto que (que coisa desagradável!) um fim de semana costuma aparecer antes ou depois do evento, o convescote acaba durando 5 ou 6 dias.
Acontecesse duas vezes ao ano, ninguém se ofuscaria. Mas duas vezes por mês! A displicência é insuportável, sobretudo quando vem de funcionários entre os mais bem remunerados do país. Nessas idas e vindas, de uma tacada só, são desrespeitados o recato, a lei, a ética e o bom senso.
Suas Excelências só serão tratados com o devido respeito e com a devida reverência na medida que mantiverem comportamento majestático. Tapinha nas costas não combina com juiz do Supremo. Evento no exterior, seja ele qual for, deveria ser excluído da agenda. Fica pra quando se aposentarem.
Ao continuarem a agir como agem, atropelam a ética, abandonam o recato e colidem contra o bom senso. Não se devem deixar dominar pela vaidade nem pelo apelo dos cachês. Isso é para artista de palco.
Suas Excelências têm dificuldade em se dar conta de que sua função na ordem jurídica brasileira os coloca bem acima dessas picuinhas humanas. Não precisam disso.

Ministro Teori ganhou vaga livrando Palocci de compra de aptos de 20 milhões. Faquin ganhou vaga na obrigação de soltar Lula. Tofoli levou pau em dois exames para magistratura, era advogado do PT. Zanin advogado de Lula. E por aí vai. Tá tudo dominado. Não só no STF mas em toda Brasília.
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Caro Horta, gostaria de sugerir esses dois vídeos sobre o STF.
https://www.youtube.com/watch?v=gd93lCd8Iis
Boris Casoy, o caso de políticos em cargos de chefia em estatais
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https://www.youtube.com/watch?v=s5Vx_mmBuiY
O desabafo de Eliana Calmon contra modus operandi do STF
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Deprimente, caro Comentarista, deprimente. São situações que a gente imagina existirem em algum país asiático ou africano, mas nunca numa terra como a nossa, que já se livrou desses traços tribais.
Infelizmente, como diz o Casoy, nâo é notícia falsa: é a triste verdade de nosso andar de cima. Igual ou pior que o andar de baixo.
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São os três poderes “independentes” da nossa combalida cleptocracia. Todos trabalham juntos e unidos permanecem no poder. Lembrando que grande parte dos atuais 11 ministros da suprema corte foi indicada por Luiz Inácio e Dilmão, ou seja, troca de favores define os atos do moribundo STF.
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Melhor seria que os ministros não fossem nomeados pelo presidente. Um outro modo de escolha seria bem-vindo.
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