Quem pode, pode

José Horta Manzano

Você sabia?

Desde que o passe do jogador Neymar foi comprado pelo clube de futebol de Paris, os franceses se sentem muito orgulhosos. Até certo ponto, a razão da euforia me escapa, mas franceses em geral e parisienses em particular se mostram pra lá de honrados com a presença «de la star brésilienne» ‒ do astro brasileiro, como o esportista é chamado na França. O jovem traz grande prestígio à equipe local. Os torcedores já se sentem vencedores, por antecipação, do campeonato nacional que acaba de começar.

Muita gente se escandaliza com a dinheirama que o rapaz recebe. É verdade que, só pra efeito de comparação, o salário de 30 milhões de euros anuais equivale ao dobro do que foi encontrado estes dias dentro de malas num apartamento baiano. É dinheiro pra ex-ministro nenhum botar defeito! E atenção: isso não inclui ganhos com publicidade, marketing, direitos de imagem & outros mimos.

Entrada do Hotel Royal Monceau, Paris

Pois a mim, não escandaliza. Se as malas do político estavam recheadas de notas de origem duvidosa, as posses do jogador têm origem lícita e notória. Ao fim e ao cabo, o moço foi contratado por um clube que, por seu lado, é propriedade do emir do Catar. Francamente, quem é que recusaria tamanha dádiva? Acho que os que reclamam o fazem mais por inveja do que por outro motivo.

A grande notícia desta semana é que, depois de passar algumas semanas numa suíte do Royal Monceau, luxuoso hotel parisiense, Neymar está de mudança. Está se instalando numa residência dos arredores da capital, num pequenino município de nove mil habitantes chamado Bougival, situado às margens do Rio Sena e famoso por já ter abrigado outros figurões, entre os quais Ronaldinho Gaúcho.

Fachada da nova residência futurista de Neymar. Bonita não é, mas espaço não falta.

Alugou modesta mansão de cinco andares, com área construída equivalente à de um supermercado. Situada no meio de um gramado de 5000 m2, a casinha conta ainda com piscina no subsolo. Embora seja constituída de gente abonada, a vizinhança anda alvoroçada. Um dos vizinhos, entrevistado por jornalistas, contou que, por enquanto, reina a calma nas paragens. Mas Neymar tem fama de festeiro. O entrevistado, meio brincalhão, revelou que, caso se sinta incomodado, não hesitará em bater à porta do novo habitante para pedir silêncio.

Quanto ao prefeito da localidade, está animado. Espera que a presença do novo munícipe faça boa propaganda da cidadezinha e, quem sabe?, contribua para atrair outros endinheirados. Isso seria excelente para as finanças locais. Só o salário do jogador equivale ao triplo do orçamento anual do município. Os comerciantes torcem para o lugarejo se tornar ponto de peregrinação turística. Todos terão a ganhar.

O futuro das filhas do futebolista

José Horta Manzano

Bola futebolMaxwell Scherrer Cabelino Andrade, capixaba de Cachoeiro do Itapemirim, é jogador de futebol. Por ter atuado desde jovem no exterior, é pouco conhecido no Brasil.

Aos 20 anos foi contratado pelo Ajax de Amsterdam e, desde então, seguiu carreira na Europa. Na sequência, foi contratado pelo Internazionale de Milão (Itália) e pelo Barcelona (Espanha). Faz três anos que o moço joga no Paris Saint-Germain.

Atualmente com 33 anos, o jogador vê aproximar-se a hora de pendurar as chuteiras. Em entrevista ao portal francês Goal, abriu-se e gerou a manchete: «Maxwell ne veut plus rentrer au Brésil» – «Maxwell não quer mais voltar para o Brasil».

É sabido que todo futebolista brasileiro em fim de carreira arruma um contratozinho em terra tupiniquim. Um ou outro vai para os EUA, mas a maioria prefere mesmo a terra tropical. Por que será que esse defensor do PSG pensa diferente? Na entrevista, ele mesmo conta.

Maxwell confessa ter sucumbido aos encantos de Paris. O que mais o deixa maravilhado é a oferta histórico-cultural da cidade. Museus estão por toda parte. O jogador considera que, para suas filhas, é uma grande sorte poder continuar vivendo na França. Crescendo naquele ambiente, elas terão oportunidades muito maiores do que se estivessem no Brasil.

Futebol Maxwell«Estou feliz de poder dar a elas algo que eu não recebi quando criança» – acrescenta o esportista. E completa: «A coisa mais preciosa que posso deixar a minhas filhas é a educação. Acredito que voltar ao Brasil hoje não seria a melhor solução para elas».

Como as coisas mudam, distinto leitor! Até dez ou vinte anos atrás, o sonho maior de todo brasileiro que tivesse vivido no exterior era voltar um dia para a terra natal. Praia, coqueiro, rede, sombra e água de coco falavam mais alto. Hoje, já não é mais sistematicamente assim.

Se bem que, com a Pátria Educadora… quem sabe as coisas mudam? Parece que agora vai.