Nos tempos de antigamente, Sexta-Feira Santa era um dia especial. Ainda me lembro do vendedor de pão, aquele que passava todos os dias na porta de casa, com sua carrocinha puxada a burro, e que vendia um pão doce com sabor de infância. Pois ele dizia que trabalhava todos os dias do ano, com exceção de dois: o Dia de Natal e a Sexta-Feira “Maió”, que era o nome que ele dava à Sexta-Feira Santa.
Os tempos antigos eram cheios de “não-podes”. Na sexta-feira antes da Páscoa, o comércio baixava as portas. Nem entregador de pão trabalhava. Não se podia comer carne. Estações de rádio tocavam música clássica e cinemas passavam a Vida de Cristo. Baile, festa, dança? Nem pensar. Qualquer festinha, nem que fosse de aniversário de criança, ficava pro dia seguinte.
Hoje mudou, e muito. Fomos de um extremo a outro. Se antes quase nada podia, agora tudo pode. Palavrão, modo de expressão antes reservado para bate-papo entre bandidos, entrou para o dia a dia de todos – a começar pelo capitão e pelas excelências que o acolitam. Alguns acham isso natural, marca de espontaneidade. Eu continuo achando que é falta de educação e de respeito.
Bom, mas não vamos ser mais católicos que o papa. Rádio não toca mais música clássica. Cinemas (os poucos que restam) já não dão mais A Vida de Cristo. Aniversariante não precisa mais mudar o dia da festinha. Presidente fala palavrão – e como fala!
Então, com o perdão dos que ainda conservam um trisquinho de recato, aqui vão dois comentários bem-humorados sobre a bizarra compra de medicamentos pra atenuar os problemas de disfunção erétil de nossa (antes) vigorosa tropa.