José Horta Manzano
Hoje eu ia contar algumas particularidades curiosas do exército suíço. Atropelado pelos acontecimentos pátrios, deixo para uma próxima vez.
Provando que realmente faz jus ao mais alto cargo da Câmara, senhor Cunha mostrou empatia com o anseio de 90% dos brasileiros e, magnânimo, abriu as portas para o processo de destituição de dona Dilma. Foi gesto louvável de desprendimento.
Aliás, fez-me lembrar o adágio «alegria de palhaço é ver o circo pegar fogo». Ao dar-se conta de que estava cercado por todos os lados – ilhado em seu universo de mentiras desmascaradas, abandonado pouco a pouco por gente com quem imaginava poder contar, ameaçado de perder o cargo, o mandato e a liberdade, com fortuna confiscada –, o deputado jogou a última ficha.
Doravante, sua única (tênue) esperança é ver a tempestade se transformar em forte furacão, daqueles que carregam tudo. Se não vier o tufão, nosso rancoroso presidente da Câmara tem pouca esperança de sair incólume.
Os mais antigos hão de se lembrar da novela Vale Tudo, exibida 25 anos atrás. O Brasil parou durante os capítulos finais, quando todos queriam saber quem tinha matado Odete Reutemann(*). Curiosamente, o intuito do autor da obra era abrir o debate sobre um problema de sociedade. «Até que ponto vale ser honesto no Brasil?» – era a questão de fundo. A resposta clara não veio até hoje.
Como o distinto leitor há de imaginar, a notícia do iminente processo de destituição da presidente repercutiu na mídia mundial. Dou aqui uma coletânea.
(*) Talvez para evitar erros de pronúncia, os responsáveis decidiram grafar Roitman no lugar do original Reutemann.
As fotos de Dilma que ilustram a notícia, nos vários jornais do mundo, são realmente imperdíveis. Tantas caras e bocas, que talvez seja cotada para o remake da novela. Só nos resta esperar que tudo isso vire mesmo um furacão. E sobrevivermos a ele.
Muito boa a comparação. Bem lembrado.
…
Boatos rolam de que foi ela mesma que se enrolou com as pautas: Cunha, vote a CPMF que te libero o impeachment. Mais tarde viu a m. feita, através do jornal. Isso que dá só ler sem saber interpretar.
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Infeliz de quem tiver de suceder a ela. Com ou sem Dilma, o mal está feito. Vamos ter de pagar a conta durante anos e anos. O sucessor da ‘presidenta’ – esse, sim! – poderá falar de «herança maldita».
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