Carlos Brickmann (*)
Há 57 anos, nesta data, o general Olímpio Mourão Filho botou a tropa na rua e iniciou a derrubada do governo João Goulart. A situação era tensa: num grande comício, no Rio, Brizola repetira o slogan “reformas na lei ou na marra” e Luís Carlos Prestes, líder revolucionário, dizia que os comunistas já estavam no poder, só faltava tomar o Governo. Em São Paulo, centenas de milhares de pessoas, na Marcha da Família, queriam depor o presidente. Cabos e sargentos se rebelaram em favor de Goulart, que parecia tranquilo: até levou a esposa, Maria Tereza, ao comício do Rio, para vê-lo aplaudido.
Goulart tinha a seu lado o ministro da Guerra (hoje seria o da Defesa), Jair Dantas Ribeiro, o general Ladário Pereira Telles, comandante da mais poderosa tropa do país, o 3º Exército (Rio Grande do Sul), as Ligas Camponesas de Francisco Julião no Nordeste, as milícias Grupos dos Onze, de seu cunhado Leonel Brizola, um “dispositivo militar” montado por seu chefe da Casa Militar, general Assis Brasil. Era amigo do general Amaury Kruel, comandante do 2º Exército (São Paulo). Tinha “generais do povo” dirigindo estatais. Se tentasse derrubá-lo a oposição seria esmagada.
No dia 31 o general Mourão botou a tropa na rua, em Juiz de Fora. Em um dia de marcha, sem um tiro, o que parecia sólido desmanchou-se no ar. Os militares de Goulart se evaporaram ou aderiram. Bolsonaro tinha uns nove anos, não percebeu nada. E não seria em livros que buscaria se instruir.
(*) Carlos Brickmann é jornalista, consultor de comunicação e colunista.