Biografias não autorizadas

José Horta Manzano

MPB ― novos rumos by Marco Aurélio, desenhista gaúcho

MPB ― novos rumos
by Marco Aurélio, desenhista gaúcho

O distinto público está meio perdido com a celeuma que ferve estes dias em torno de biografias não autorizadas. Devem ser publicadas ou não? Parece briga de velho ― os envolvidos já são cidadãos entrados em anos.

As más línguas diriam que, depois de passarem a vida sustentados por seus fãs, esses artistas agora os desprezam, já que não precisam mais deles. Os admiradores se sentem órfãos e, com razão, descartados. É como se estivessem sendo atirados ao lixo como um objeto que não tem mais serventia.

Por outro lado, sejamos justos, é natural que a maioria das biografias retratem o percurso de figuras de uma certa idade. A vida de artistas de 20 aninhos ainda tem páginas em branco a serem escritas mais adiante.

Biografia 3O fato é que esse bate-boca está parecendo briga de cortiço. Fica no ar a impressão de que os que resistem a ser biografados têm muito podre a esconder.

No entanto, há uma solução simples. Não é a panaceia, mas pode acalmar a situação. Basta que os que se sentem incomodados encarreguem um escritor ou um jornalista de escrever a história de sua vida. Que mandem escrever um paralelepípedo de 800 páginas, cheio de detalhes, de fotos, de causos. Há que contar algumas passagens picantes, se não, ninguém vai se interessar. Mas podem silenciar sobre episódios que não queiram desvendar.

Pronto, não é a solução milagrosa, mas é um compromisso entre o sim total e o não absoluto. Pelo menos, acabam com essa querela de baixo nível. Entre mortos e feridos, salvar-se-ão todos.