José Horta Manzano
Não é todos os dias que uma eleição que só se realizará daqui a 5 meses, num país de importância estratégica próxima de zero, desperta tamanho interesse.
Ou por acaso alguém já viu a grande mídia internacional se interessar por eleições em países tão grandes e tão periféricos como o nosso, tais como Indonésia (275 milhões de habitantes) ou Paquistão (225 milhões de almas)?
No caso brasileiro, há a junção de duas forças antagônicas.
De um lado, está o governo Bolsonaro, com sua procissão de desgraças de alcance mundial: destruição da Amazônia e de outros biomas, aproximação com regimes autoritários ou ditatoriais, tratamento agressivo e insultuoso dispensado a personalidades estrangeiras, gestão catastrófica da economia.
De outro, está o recall do governo Lula. Ninguém é ingênuo a ponto de acreditar na lenda do Lulinha paz e amor, pai dos pobres e protetor dos desvalidos, fato que, aliás, pouco interesse apresenta fora do país. Porém, visto do exterior, o Lula transmitiu a ideia de estabilidade constitucional, e respeito às instituições. Se foram descobertos muitos casos de corrupção grossa, foi porque a Lava a Jato muito investigou. Desde que ela foi enterrada pelo capitão, é compreensível que a descoberta de peculatos e outras maracutaias tenha ficado prejudicada.
Na torcida para ver o Brasil livre de um governante que incentiva a instabilidade, parece que o mundo torce pela eleição de Lula. Guardadas as devidas proporções, equivale à torcida mundial pela eleição de Joe Biden e cancelamento de Donald Trump.
Em inglês (Guardian, Reino Unido)
Em francês (Le Monde, França)
Em italiano (Il Giornale, Itália)
Em sueco (Västerbotten-Kuriren, Suécia)
Em alemão (Spiegel, Alemanha)
Em inglês (South China Morning Post, Hong Kong)
Em russo (Krasnaya Vesna, Rússia)
Em espanhol (El Mundo, Espanha)