A maior parte dos dicionários online de língua portuguesa anotam que a palavra “frasista” designa o indivíduo que aprecia fazer frases rebuscadas mas vazias de sentido. Dos que consultei, o Caldas Aulete é o único que amplia o significado do termo, ao conceder que são frasistas todos os que costumam fazer frases de efeito com ou sem conteúdo significativo.
Quero lembrar hoje aqui um grande frasista brasileiro, desaparecido há mais de meio século. Trata-se do carioca Sérgio Marcus Rangel Porto (Sérgio Porto), que também assinava com um heterônimo: Stanislaw Ponte Preta.
Verdadeiro homem de sete instrumentos, Sérgio Porto exercia como jornalista, compositor, escritor, cronista, teatrólogo, radialista. Tinha fértil veia humorística que ressurgia a cada esquina de sua obra. Bom exemplo são os livros de crítica sutil que escreveu sobre o fenômeno que ele nomeou Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País).
Porto foi abatido pelo terceiro infarto que sofreu. Tinha 45 anos.
Em sua curta existência, mostrou ser fino observador dos costumes de sua época. Sua avaliação está registrada em frases que nos chegam como uma fotografia dos anos 1950 e 1960.
Surpreendentemente, frases que ele criou há mais de meio século continuam atuais como se tivessem sido pronunciadas semana passada. Umas delas é:
“No Brasil as coisas acontecem, mas depois, com um simples desmentido, deixaram de acontecer.”
Foi inspirada na ditadura, mas convenhamos que continua combinando perfeitamente com os dias atuais.
Outra frase de Sérgio Porto vem a calhar para o comportamento abestalhado de nosso presidente sainte (que sai):
“Ninguém se conforma de já ter sido.”
A frase mais famosa dele (Ou nos locupletamos todos ou reinstaure-se a moralidade) também é atualíssima.
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Essa é imorrível e imbroxável.
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