Da Silva

José Horta Manzano

Você sabia?

Até fins do século 19, a Suíça era um pais de emigração. Populações pobres de regiões desfavorecidas partiam, com armas e bagagens, em busca de oportunidades numa terra que lhes abrisse os braços.

Os destinos do imigrante suíço foram variados. Muitos foram para os EUA. Houve quem preferisse se estabelecer nalgum país da Europa, até na Rússia. Colônias se formaram em países da América Latina, como no Brasil, no Uruguai e na Argentina.

O tempo passou e o sentido da transumância se inverteu. Já faz um século que, de emissor de migrantes, a Suíça passou a ser receptor – um importante receptor, diga-se. Atualmente, a população estrangeira com residência permanente no país atinge a marca de 25%, ou seja, de cada quatro habitantes, um tem cidadania estrangeira.

Níveis tão altos só se encontram em países do Golfo Pérsico (emirados), onde a população operária é numerosa e inteiramente estrangeira. Ou também em microestados, como Luxemburgo ou Mônaco. Nem o Brasil, que teve, um século atrás, seu período de desembarque contínuo de imigrantes, chegou a contar com um quarto de estrangeiros.

Metade dos estrangeiros vivendo na Suíça são originários de quatro países europeus. Na ordem: Itália, Alemanha, Portugal e França. Essa população estrangeira não é distribuída uniformemente pelo território nacional. Por afinidade linguística, imigrantes vindo de determinado país se concentram numa determinada região.

A imensa maioria dos 328 mil italianos está estabelecida no Cantão do Ticino (Lugano, Locarno), região de língua italiana. Os 311 mil alemães preferem a grande região de expressão alemã (Zurique, Berna, Basileia). Os 151 mil franceses, por seu lado, estão quase todos estabelecidos nos cantões francofalantes (Genebra, Lausanne, Neuchâtel). Já os 255 mil portugueses são menos exclusivistas, embora se note certa preferência pela região de fala francesa.

O Instituto Federal de Estatística (equivalente a nosso IBGE) acaba de publicar rica edição de estatísticas da população. Entre outros pontos interessantes, informam a distribuição dos estrangeiros por região linguística, por cantão e até por município. Constata-se que, na região de língua francesa, o sobrenome Da Silva é o mais difundido. Chega bem à frente de todos os nomes de família tradicionais.

E isso não é nada. Os primeiros lugares, do primeiro ao quinto, são todos ocupados por sobrenomes portugueses. Veja:

 1 Da Silva
 2 Ferreira
 3 Pereira
 4 Dos Santos
 5 Rodrigues

Pensa que é só isso? Pois não é. A lista continua. Vamos continuar até o 20° lugar:

 6 Favre
 7 Gomes
 8 Martin
 9 Fernandes
10 Lopes
11 Martins
12 Müller
13 Oliveira
14 Alves
15 Pinto
16 Marques
17 da Costa
18 Ribeiro
19 Silva
20 Gonçalves

Não é impressionante? Entre os 20 nomes mais comuns na Suíça de expressão francesa, 17 são de origem portuguesa, 1 é de origem alemã, e somente 2 são locais.

Mas não se assuste. Todos convivem em paz e harmonia, exatamente como costumava ser em nosso país até a virada do século. Quem sabe um dia volta, quando a tempestade passar.

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