José Horta Manzano
O aportuguesamento de nomes e sobrenomes era comum nos antigamentes. Todas as línguas procediam exatamente da mesma maneira. Há exemplos a dar com pau.
No original italiano, Cristóvão Colombo era Cristòforo Colombo. Em inglês, ficou Christopher Columbus; em espanhol, Cristóbal Colón; em francês, Christophe Colomb; em alemão, Christoph Kolumbus.
O português Fernão de Magalhães virou Fernand de Magellan em francês, Ferdinando Magellano em italiano, Fernando de Magallanes em espanhol.
Em nossa língua, o polonês Mikołaj Kopernik transformou-se em Nicolau Copérnico. Ingleses e alemães conhecem nosso D. Pedro II como Peter II, enquanto italianos dizem Pietro II e franceses preferem Pierre II.
Os espanhóis, até hoje, traduzem o nome dos membros da realeza estrangeira. Quando se referem à família real inglesa, é divertido ouvir falarem da rainha Isabel e dos príncipes Carlos, Guillermo, Henrique e Jorge. A gente precisa retraduzir mentalmente pra saber de quem estão falando.
No Brasil, hoje em dia, é raro ver nome estrangeiro traduzido ou adaptado. Mas de vez em quando escapa um. Foi o que fez o estagiário do Estadão, ao mencionar o nome daquele que (parece que) acaba de ser eleito para o cargo de presidente do Peru: Castillo virou Castilho.
Mas vamos ser justos: foi sem intenção. Na hora de escrever, o automatismo falou mais alto e os dedinhos correram soltos.