Calendário

Ricardo Soca (*)

Os romanos tinham um método um tanto incômodo de contar os dias. Contavam para trás a partir de três datas: as calendae, que eram o primeiro dia do mês; os idus, que caíam entre o 13 e o 15; e as nonas, o nono dia antes dos idus.

Dessa forma, o 30 de janeiro (naquele tempo, esse mês só tinha 30 dias) era chamado primum dies ante calendas februarium (primeiro dia antes das calendas de fevereiro). O 29 de janeiro era o secundum dies ante calendas februarium, e assim por diante.

Na origem, calendae era a cerimonia em que o sumo pontífice convocava o povo ao Capitólio para anunciar as festas e os sacrifícios do mês. Assim, o termo calendae encerra a ideia de convocar, do latín calāre, procedente do grego καλέω (kaléo), e este, por sua vez, do indoeuropeu keld- ‘gritar’. Esta raiz pré-histórica deu lugar a clamar, que em nossa língua atual é chamar.

Talvez porque os dias antes das calendas ocupavam a maior parte do mês, acabou se chamando calendário o sistema de representação da passagem dos dias, agrupados em unidades superiores como semanas, meses, anos, etc. Ou também a lista de datas em que ocorrem as fases da Lua (calendário lunar).

(*) Ricardo Soca, uruguaio, é linguista e jornalista. Edita um blogue sobre a língua castelhana. A tradução, descompromissada, é deste blogueiro.

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