Vacinação diferenciada

Chamada Estadão, 7 abril 2021

José Horta Manzano

Dos países civilizados que conheço, nenhum pensou, até agora, em privatizar a vacinação contra a covid. A lógica é a mesma das vacinas tradicionais – poliomielite, tuberculose, varíola, febre amarela, hepatite. Cabe ao governo cuidar da imunização da população.

Só o fato de haver cogitado essa possibilidade já mostra que algo continua torto em nosso país. Se o projeto for realmente posto em prática, será passado atestado de nossa fé inabalável na desigualdade social.

Não respondo pelos laboratórios situados, digamos assim, em países menos tradicionais – Rússia, Índia. Mas me surpreenderia que empresas farmacêuticas sérias acatassem um pedido de compra de vacina vindo de particulares brasileiros, enquanto os demais cidadãos continuam fazendo novena pra Santa Genoveva pra conseguirem ser imunizados logo. Sem muita esperança.

Se, no Brasil, esse projeto não causa escândalo, além-fronteiras não é bem assim. Num momento em que o mundo corre atrás de imunizantes, cairia mal fornecer imunizante para abastados enquanto o povão continua ao deus-dará.

Um pensamento sobre “Vacinação diferenciada

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