Ascânio Seleme (*)
O fato é que [na novela da nomeação do filho para embaixador em Washington], Bolsonaro já perdeu, não importa qual seja o desfecho do episódio.
Se Eduardo for indicado pelo pai, aprovado pelo Senado e pelo Supremo, o deputado vira embaixador, vai embora e enfraquece o bloco monolítico familiar que ajuda a sustentar emocionalmente o presidente.
Se for indicado e acabar caindo no Senado ou no Supremo, seu pai terá sofrido a mais dura derrota desde a posse, já que o rejeitado será, para lá da questão política, seu filho.
Se o presidente recuar e acabar não fazendo a indicação, terá mostrado fraqueza diante de um ambiente político hostil que não teve coragem de enfrentar. E, ainda pior, terá um filho melindrado. Por sorte não é o Carlos.
(*) Ascânio Seleme é jornalista. O texto integral foi publicado n’O Globo de 18 julho 2019.