José Horta Manzano
Certas palavras de origem estrangeira são verdadeiro desafio. Algumas delas, constantemente marteladas pela mídia e sempre pronunciadas da mesma maneira, acabam entrando no costume. Já outras, ouvidas com menor frequência, aparecem como pedra no caminho de locutores, narradores e do simples cidadão.
Uma delas é Odebrecht. Até alguns anos atrás, pouca gente tinha ouvido falar da empreiteira que leva o nome dos fundadores. Hoje a coisa mudou. Não se passa dia sem que a gente tenha de ler ou ouvir esse nome, goste ou não goste. Não tem como escapar. Pelo andar da carroça, ainda vamos topar com esse nome por meses, talvez anos. É bom aprender a pronunciá-lo direitinho.
Tradicionalmente, a língua alemã nunca fez parte do currículo escolar brasileiro. Portanto, na incerteza, cada um pronuncia como acha que deve ser. E nem todos estão de acordo.
Há quem pule por cima do ch, aterrissando direto no t. Sai algo como «Odebrét», com um t meio mudo. Parece chique, mas passa longe da pronuncia alemã.
Outros trocam as letras de lugar. Fazem como se o t estivesse antes to ch formando um tch. Esforçam-se por articular mas sai um estranho «Odebrétch». De orelhada, um alemão não identificaria a palavra.
Já ouvi puristas que, levando em conta que a empresa é baiana, fazem questão de abrir as vogais. Ouve-se um peculiar «Ódebrétch». Tem charme, sem dúvida, mas o caminho não é esse não, meu rei.
Uns poucos tiveram aulas de alemão. Aprenderam que o ch indica pronúncia aspirada, próxima da jota espanhola. Capricham então num ríspido «Odebréxht», que soa como chicotada. Embora doa no ouvido, não corresponde à pronúncia original.
A maioria opta pela lei do minimo esforço. Fazendo pouco caso da inabitual sequência de letras, faz de conta que não viu o t final e solta um «Odebréch». É simples e tem a vantagem de não agredir o ouvido de ninguém. Só que não é assim que se articula.
Conhece o distinto leitor a pronúncia castiça, aquela que sairia da boca de um alemão de boa cultura? Não sabe? Pois vou lhe dizer. «Odebrecht» se pronuncia… exatamente como se escreve.
Boa noite. É incrível como muitos jornalistas, que deveriam primar pelae pronúncia correta, insistem em falar “Odebrest”. Chega a ser irritante.
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