José Horta Manzano
Até em Cuba os ventos estão mudando de quadrante. A cerca de arame farpado virtual que constringia os cidadãos e os impedia de deixar a ilha está-se afrouxando. Nos tempos em que as farpas da cerca eram ainda mais afiadas, aquela blogueira que afrontava o regime teve de ter muita paciência e insistir durante anos pra conseguir um visto de saída.
O Brasil nunca foi de segurar cidadãos. Desde que os primeiros aventureiros e piratas aqui aportaram, entrou e saiu quem quis. Desde que o cidadão tivesse meios de financiar a viagem, tinha liberdade pra ir e pra vir. Mas as coisas mudam ‒ e nem sempre na boa direção.
Saiu estes dias uma informação que nos aproxima da Cuba dos anos mais espinhudos. Passaporte solicitado à PF na cidade de São Paulo leva quatro meses para ser emitido. Trocado em miúdos, se o distinto cidadão se candidatar agora, tem chances de receber o documento em novembro. Enquanto isso, pode esperar sentado.
A razão da demora? Falta papel. Falta papel… Falta competência, cáspite! Não consta que tenha havido aumento brusco na demanda de passaportes. Portanto, o problema não vem de lá. O que se deduz é tremenda falta de planejamento. Alega-se que, na Casa da Moeda, uma máquina deixou de funcionar. Toda máquina é susceptível de enguiçar hoje ou amanhã. Prevendo isso, toda organização séria tem, guardado na gaveta, um plano B. Na Casa da Moeda, ainda acreditam em Papai Noël.
Foi a PF quem teve de improvisar seu plano B. Mediante cobrança de uma «taxa de emergência», expede o documento em prazo mais curto. Atenção: não se trata de passaporte de emergência, aquele que sai em 24 horas. É modalidade intermediária, uma novidade. Mostra que toda lei é feita pra ser burlada.
Não sei o que ressente o distinto leitor. Quanto a mim, tenho às vezes a sensação de estarmos andando pra trás.
Nota difícil de acreditar
Atualmente, há 191 mil pessoas na fila, todas esperando pelo precioso documento. Um número pra cubano nenhum botar defeito.
Nota birrenta
O assunto saiu da atualidade. Assim mesmo, fico me perguntando se a família Lula da Silva devolveu os passaportes diplomáticos que nosso guia concedeu ‒ indevidamente ‒ a todos os membros da famiglia, no seu último dia de mandato. Abuso de autoridade não é crime? Taí mais um pra adicionar ao prontuário do chefe-mor.
Inacreditável que tenha acabado papel para emissão de passaporte assim como outras invencionices deste país! É para se perder a paciência.
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inacreditável é que um país se rebaixe a ponto de pôr em evidência o nome de um organismo internacional inútil, o merdoçul.
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Apoiado! Talvez o distinto leitor gostasse de dar uma vista d’olhos ao texto que dediquei ao assunto. Foi publicado no Correio Braziliense quase quatro anos atrás mas continua atual. Está no blogue. Aqui, ó:
https://brasildelonge.com/2012/10/12/fui-cassado/
Forte abraço.
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