A tendência que os falantes têm de encurtar caminho e descobrir atalhos na língua assume diferentes roupagens. Por exemplo, numerosos verbos que costumavam ser pronominais estão deixando de sê-lo.
Mais e mais frequentemente, se ouvem frases como:
“Ele não acostuma com essa vida de casado” (em vez de ele não se acostuma)
ou
“Eu não importo de ficar esperando aqui” (em vez de eu não me importo).
A atual pandemia ergueu ao palco um verbo antes menos comum: vacinar. Temos de constatar que ele também está entrando na categoria dos que vão deixando de ser pronominais.
O recorte reproduzido no início do post está aí pra provar. Diz ele que “vacinar é motivo de vergonha”. Em outros tempos, a manchete seria “tomar vacina é motivo de vergonha” ou também “vacinar-se é motivo de vergonha”. O mundo evolui, e a língua vai junto.
Mas atenção, juventude! Quem estiver mandando bilhete para a namorada pode escrever do jeito que quiser. Já quem estiver em situação mais formal é bom tomar cuidado.
Namorada dá desconto; erro em prova tira ponto!
Vacinar = dar vacina, aplicar vacina.
Vacinar-se = receber vacina, ser vacinado.
Na dúvida, diga: “tomar vacina”. É mais simples, resolve o problema, não tira pontos e, ainda por cima, protege contra a doença.