José Horta Manzano
Nas eleições de 2018, quase nenhum dos políticos tinha se dado conta de que o mundo estava mudando. A maioria apostou na permanência dos costumes dos bons velhos tempos, quando a propaganda eleitoral pela tevê reinava poderosa. Perderam o bonde. Não se deram conta de que nova mídia tinha surgido e estava sendo potencializada pelas redes sociais. O único que acreditou nessa força foi doutor Bolsonaro.
Talvez ele tivesse vencido mesmo sem a ebulição de fêices e zaps. Ou, quem sabe, o generalizado sentimento de ojeriza ao lulopetismo, sozinho, não tivesse sido suficiente para garantir-lhe a vitória. O fato é que exasperação contra a corrupção aliada à agitação das redes constituiu combustível suficiente para o sucesso nas urnas.
Será interessante observar a evolução da estratégia dos candidatos na próxima campanha. Agora, que todos já se entenderam que a antiga propaganda eleitoral televisiva morreu, substituída pelo fervilhar das redes, teremos, em princípio, jogo plano. Todos entrarão no páreo sabendo. Todos lutarão com armas idênticas. A nova realidade tende a aplainar, a igualar candidatos. Por detrás de um tuíte, todos se parecem.
Antigamente, construção de uma ponte ou de uma estrada tinha peso capaz de arrecadar votos – e só quem estava na presidência podia cortar a fita da inauguração. Hoje mudou. Tuitar, todos podem. Pra ter legião de seguidores, é só pagar, que robôs e hackers de aluguel estão aí pra isso. Foi-se o tempo em que marqueteiros espertos, com um único slogan maroto, recrutavam milhões de eleitores. A eleição está se democratizando. Não é impossível que tenhamos, daqui a três anos, a disputa de maior suspense desde 1988, quando entrou em vigor a atual Constituição.
Aviso aos futuros candidatos
A eleição começa agora. Não convém esperar a abertura da temporada oficial de campanha pra começar a agir. Quem tiver pretensões a subir ao Planalto tem de começar a agitar já. Uma simples consulta ao google ensina o que é e como se fabrica um ‘bot’ – um robô informático. Pra principiantes, não sai caro. Dá pra faer em casa. Pra atigir escala industrial, custa um bocadinho mais. Mas não muito.
Robô
É termo que se difundiu em todas as línguas europeias a partir dos anos 1920, através de uma peça de ficção científica de Karel Čapek (1890-1938), escritor de língua tcheca, nascido no então Império Austro-Húngaro. O autor povoou sua peça R.U.R. de autômatos dedicados ao trabalho. Chamou-lhes roboty, plural de robot.
Robot é raiz presente em todas as línguas eslavas para designar o trabalho e derivados (trabalhador, trabalhoso). Chegou a nossa língua através do francês.