Dez das onze

José Horta Manzano

O fato é raro e digno de entrar para o catálogo de recordes. Na noite de 1° de junho, das onze manchetes da primeira página do Estadão online, nada menos que dez falavam da Petrobrás, mais especificamente de doutor Parente, presidente demissionário da estatal.

Estadão online, 1° jun 2018

Num editorial deste 2 de junho, o jornal lamenta a demissão do dirigente. Constata que «a decisão foi celebrada por todos os que trabalham incansavelmente em favor do subdesenvolvimento travestido de “justiça social”».

Relatou os comentários da esquerda-caviar. “Já vai tarde”, disse Guilherme Boulos, candidato a presidente. “Era o que a sociedade esperava”, declarou o presidente do Senado, Eunício Oliveira. “Finalmente!”, tuitou o PT.

E arrematou considerando que, “enquanto o governo perde quadros de imenso valor como Pedro Parente, personagens notórios mais por escândalos que por capacidade administrativa continuam prestigiados no Palácio do Planalto. Nada disso augura um bom futuro nem para o governo nem para o País”.

Francamente, ninguém segura o progresso.

A queda de Parente e o Brasil

José Fucs (*)

A saída de Pedro Parente da Petrobrás é sinal do quanto o capitalismo é mal compreendido no Brasil, do populismo que impera na arena política e da enorme resistência da sociedade em repor o país nos eixos. Mais que tudo, no momento, a saída amplifica as dúvidas e as preocupações sobre nosso futuro, com as escolhas que faremos nas eleições de outubro.

Parente caiu não por seus eventuais erros, mas por seus acertos. Executivo tarimbado, ele reergueu a Petrobrás dos saques feitos pelo PT e por seus aliados. Procurou administrá-la como empresa privada, de olho nos resultados, sem ceder a pressões políticas e sem fazer demagogia com o preço dos combustíveis.

A blindagem que promoveu contra a pilhagem dos políticos e o uso da Petrobrás como ferramenta de política econômica provocou a ira das esquerdas e da direita pitbull, que realizaram verdadeiro massacre contra ele nos últimos dias nas redes sociais. Pior para o Brasil.

(*) José Fucs é jornalista.