Frase do dia ― 27

«Dilma, que discursou de costas para uma estátua de Tancredo, ressaltou sua mineiridade e, com a profundidade que lhe é característica, disse que escolheu São João del-Rei para o evento porque foi lá que nasceram “grandes brasileiros e brasileiras”.»

A presidente da República quando de sua visita à cidade natal de Tancredo Neves. In Estadão, 26 ago 2013.

Um passo à frente, dois atrás

José Horta Manzano

Governar é prever. Não é concebível que nossas autoridades maiores, da presidência da República até a Câmara Municipal do mais humilde lugarejo, não façam outra coisa senão tapar buracos.

Na ausência de planos visando ao longo prazo, nosso governo é errático. Em todos os níveis. Vivemos uma rotina de anúncios espalhafatosos. Em vez de uma linha diretiva com começo, meio e fim, temos um pac hoje, um pec amanhã, quem sabe um pic ou um poc na semana que vem. Anúncios, aplausos, colheita de votos. E mais nada.

Do muito dinheiro sugado dos que suam camisa, algumas migalhas são distribuídas aqui e ali aos mais desafortunados. O resto ― o grosso da colheita ― não volta à população sob forma de melhoria. Para que servirá? Onde vai parar essa dinheirama toda? Sabe Deus.

Uma parte, sabemos todos, vai servir para autolouvação dos mandachuvas: placas, comícios, propaganda dita institucional, remuneração de marqueteiros, anúncios chamativos. O distinto público não tem direito a ser informado sobre o destino do resto da bolada.

E pensar que todos, absolutamente todos contribuem para abarrotar o baú. Até aqueles que, por ignorância ou descaso, não se dão conta disso. Os próprios beneficiários de bolsas várias colaboram para retribuir, sob forma de impostos indiretos. Cooperam para o enchimento da arca central. Cada quilo de carne de sol, de feijão, de farinha traz impostos embutidos.

Enquanto anúncios de pacs, pecs e pics proliferam, a estrutura que sustenta o edifício vai sendo minada. Atordoados pela propaganda oficial, poucos brasileiros se dão conta da desorganização crescente do País e da deterioração de sua imagem.

Os de fora, que não estão embalados pelas doces e vazias promessas oficiais, veem com mais clareza. O Brasil, que dez anos atrás tinha até sido incluído na lista dos emergentes, está aos poucos submergindo, voltando às profundezas de onde não soube aflorar.

Autódromo de Interlagos

Autódromo de Interlagos

A cidade de São Paulo, vitrine maior da pujança nacional, vai deixar de ser palco de corridas de Fórmula I. A confirmar-se o que está sendo anunciado, nossa maior e mais rica metrópole será suprimida do calendário da prestigiosa competição a partir de 2014.

A megalópole que concentra fatia considerável da riqueza produzida no País não foi sequer capaz de construir um estádio de futebol ― de futebol! ― em tempo hábil para acolher a Copa das Confederações. Que vergonha!

Será que ainda tem jeito de consertar? Pelo andar da carruagem, nosso País vai continuar deitado em berço esplêndido. Eternamente.