A língua francesa formou o substantivo attentat tomando como base o verbo attenter, que é filhote do latino attentare. Em latim, o verbo significava pôr em prática qualquer meio para que uma coisa seja bem sucedida.
Nossa língua foi buscar o substantivo francês e o aportuguesou: virou atentado. O sentido continua bem próximo ao original. Em atentado, está embutida a ideia de tentativa. Como toda tentativa, tanto pode dar certo como não.
A vice-presidente da vizinha Argentina foi ontem vítima de um atentado. Um indivíduo apontou uma arma, tentou atirar, mas a bala não saiu. A vice-presidente teve sorte. O agressor, menos. Além de não ser bem sucedido, foi dormir atrás das grades.
A Folha de SP acertou ao dar a notícia. Falou em “atentado contra Cristina”. Correto.
O Globo também acertou. Foi até mais longe. Falou em “tentativa de assassinato”. Correto.
Já o Estadão escorregou. Tratou a notícia de “tentativa de atentado”. Além de soar complicado (tentativa de atentado), desvirtua a verdade. O que o agressor cometeu foi um atentado de verdade, não uma “tentativa”. Se não deu certo, é uma outra história.
Se o redator fizer questão de qualificar o ato, pode falar em atentado falho, atentado fracassado, atentado infrutífero, atentado frustrado – ou outro adjetivo parecido.
Mas é bom não esquecer que, apesar de o agressor não ter conseguido chegar a seus fins, o ato foi um atentado de verdade, não só um ensaio ou uma tentativa.
Ouvi pela TV francesa que o terrorista é um brasileiro de direita!
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O moço é brasileiro só de nascimento. Filho de pai chileno e mãe argentina, só passou os primeiros 6 anos de idade no Brasil. Decerto não conhece nossa língua, visto que os pais lhe falavam em espanhol e foi escolarizado na Argentina. De brasileiro, só tem a certidão de nascimento. Assisti a um videozinho com ele, e vi que o rapaz se exprime como qualquer argentino.
Se é “de direita”? Não sei o que é isso. Sei que a casa dele é cheia de símbolos nazistas e que faz tempo que ele estava planejando esse atentado – ou “magnicídio”, como dizem os argentinos.
Pelo desenrolar do crime, percebe-se que o moço, além de perturbado dos miolos, é desajeitado dos movimentos. Onde já se viu um revólver carregado e armado negar fogo na hora agá? Me lembra o livro “O homem que matou Getúlio Vargas”, do Jô Soares. Impagável.
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Obrigada pelo artigo enviado…
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