Semana passada, uma pesquisa encomendada ao Ipespe deu que falar. Entre outros pontos, media a percepção que o eleitor tem da honestidade de cada candidato.
Nesse quesito, 35% dos eleitores julgam que, entre todos os candidatos à Presidência, Lula é o que melhor se enquadra no conceito de honestidade. Quanto a Bolsonaro, são 30% os eleitores que o veem honestidade nele – 5 pontos percentuais abaixo do placar do Lula.
Não deixa de causar certa surpresa que o Lula, depois de gramar ano e meio de masmorra úmida por ter sido reconhecido como corrupto – por três instâncias –, ainda seja visto como campeão de honestidade.
Outra curiosidade vem do fato de Bolsonaro, que insiste em garantir que não há corrupção em seu governo, receber pontuação mais baixa que o Lula.
A pesquisa causou um choque nas hostes bolsonaristas. Choveram pedidos de bloqueio dos resultados. Pelo que entendi, os sondadores se encolheram e suspenderam a publicação, mas o estrago já estava feito. Todos os veículos da mídia nacional já tinham publicado a notícia.
Derramado o leite, só nos resta avaliar o que esses números dizem do Brasil que se oculta atrás de uma persistente cegueira coletiva e contagiosa.
Se for bem agitada a bateia, o ouro da pesquisa vai aparecer, bem escondido, lá no fundo. Pra se dar conta da realidade, basta examinar esses números ao contrário.
Se 35% dos eleitores acreditam que o Lula é honesto, isso significa que 65% o consideram desonesto. É verdade estatística. E o capitão? A pesquisa atesta que 70% dos pesquisados o veem como desonesto.
Fica a certeza de que, seja qual for o vencedor, o Brasil será presidido por um desonesto. Ou, pelo menos, por um indivíduo que é pressentido como desonesto por 2 em cada 3 brasileiros.
Brasil, país do futuro? Brasil, país sem futuro.
Até onde posso imaginar, isso é decorrência da crença do eleitor médio de que é “tudo farinha do mesmo saco”. Daí a tendência a eleger sempre o “menos pior”.
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Mais os anos vão passando, mais a gente vai se dando conta de que é isso mesmo: tudo farinha do mesmo saco.
Todos ficaram sabendo que o candidato Tarcísio de Freitas, bolsonarista de raiz concorrendo ao governo do estado de SP, se prostrou de joelhos, dia destes, e declarou que os cristãos não podem permitir que a esquerda volte ao poder, com um discurso de negação da família, porque quem nega a família nega Cristo.
Pois hoje o colunista Carlos Brickmann lembrou que esse personagem ocupou alto cargo, de confiança, quase um ministério, no Governo de Dilma Rousseff.
Está aí um exemplo entre mil de que a casta incrustada no poder – que se vende por 30 dinheiros – não vale 10 réis de mel coado.
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Essa polarização é um tanto questionável. Sou daquelas que pensam que nem um nem outro têm minha admiração. Faz tempo que tento questionar essas escolhas. Eu vou de Ciro, porque li as propostas. Ainda não li as propostas dos outros dois, mas sem desmerecer os que já escolheram, me parece válido discutir essa tão falada ‘terceira via’ ( não gosto dessa expressão). Enfim, seja o que a maioria quiser.
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Concordo com você quanto à 3a. via. Eu também embarcarei nesse navio se me parecer levar a algum porto. Pra afundar no meio da travessia, não vale a pena. Melhor ir de voto útil logo de cara.
Com sua estúpida fixação em melar a eleição, o capitão está fomentando o voto no cachaceiro. Quanto mais ele ataca instituições, mais faz refletir as gentes que, assustadas, acabam se decidindo pelo ex-presidiário. Talvez seja melhor assim.
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E talvez não. Não gosto de voto útil. Vamos continuar com o mesmo sistema econômico. Sem contar que a turma do centrão continuará a por a mão em nossa dignidade. Não quero isso pra mim. É como pensar que três refeições por dia diminuem as desigualdades. Pão e circo. Vamos continuar alimentando esse sistema. Talvez votar em outro candidato – o que me parece coerente – seja a arma para eliminar esses dois desastres do cenário político desse país.
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Arma, mesmo, só tem uma: é renovar o Congresso inteirinho, do primeiro ao último. Afinal, são eles os que fazem as leis. Que se ponha lá gente séria. Mas… numa terra em que 33 milhões morrem de fome e mais 50 milhões vivem em estado de insegurança alimentar, quem é que tem cabeça pra entender isso? Falta estudo, falta informação, falta alimento para o cérebro.
Por enquanto, não tem jeito. Vamos de voto útil (ou voto de eliminação, que soa melhor). No século 22, quem sabe melhora.
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