Carlos Brickmann (*)
O talento de Musk
Elon Musk, que amealhou uma fortuna de mais de cem bilhões de dólares, é sem dúvida um gênio. E não apenas por ter criado, do nada, a Tesla, fabricante de cobiçados carros elétricos cujo valor em Bolsa supera hoje o da General Motors, da Toyota, da Volkswagen; não só por produzir foguetes espaciais e vendê-los para a Nasa. É um gênio por convencer o presidente da República de que pode fornecer internet à Amazônia via satélite, conectando à rede 19 mil escolas rurais e colaborando no monitoramento ambiental da região, sendo que sua empresa de internet, a Starlink, não cobre essa área e não tem satélites operando na órbita exigida.
Sua SpaceX pode lançar rapidamente esses satélites – mas estará ele disposto a investir nisso a poucos meses do fim do governo, sem saber se o presidente será mesmo reeleito?
O talento de Bolsonaro
Já Bolsonaro conseguiu convencer Elon Musk de que o monitoramento ambiental da Amazônia pode render um bom contrato. O problema do Brasil não é monitoramento, que é bem feito por gente ligada ao próprio Governo, em entidades como o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Para Bolsonaro, o monitoramento é uma dor de cabeça: mostra direitinho como caminha a devastação. E fica mal para o governo mostrar ao mundo esses dados de desmatamento ilegal.
(*) Carlos Brickmann é jornalista, consultor de comunicação e colunista.