Pensa que malandragem é genuína especificidade tupiniquim? Não é. É artigo abundante em todas as prateleiras do planeta.
Por um conjunto de razões que não interessa aqui listar, o preço do gás e dos derivados de petróleo tem subido rapidamente. No mundo todo, não só no Brasil. Se isso é bom para alguns, é péssimo para grande parte da humanidade.
No Brasil, dia sim outro também, o capitão esbraveja contra esse estado de coisas que solapa as poucas chances que tem de ser reeleito. Esbraveja, mas não faz nada. Ou porque não sabe, ou porque não pode.
Na França, onde muita gente cozinha e se aquece com gás, a situação é semelhante. Lá também, a eleição presidencial será em 2022, exatamente dia 10 de abril.
A subida dos preços incomoda o presidente Macron, que gostaria de ser reeleito. Para evitar uma nova onda de contestação dos “coletes amarelos” e assim conservar todas as chances de reeleição, mandou bloquear os preços do gás até… abril de 2022 – exatamente o mês das eleições.
Depois, o povo que se prepare: o aumento será violento.
A questão vital neste embrolho todo é verificar qual é o valor do salário mínimo nas outras nações. Bem, no Brasil, quando o caboclo e a cabocla acessam a conta do banco no final do mês, a empresa depositou R$870,00 (o salário mínimo que aparece no holerite é uma falácia, já que não é um valor líquido, mas bruto. Ninguém ganha salário mínimo no Brasil, o salário é menor do que aquele que todos apregoam). A cesta básica para um ser humano sobreviver está custando praticamente um salário mínimo. Segunda o DIEESE, o salário mínimo para uma única pessoa sobreviver com a mínima dignidade durante um mês era pra ser de R$4.573,00 (esse valor estipulado antes da pandemia).
O presidente da Petrobrás, pelo que sabemos, é um militar, colocado lá por Bolsonaro, como cargo de confiança e não por meritocracia: não entende nada de petróleo. Ou seja, é uma empresa de capital aberto ao mercado, controlada pelo Estado, diga-se, que deveria levar em consideração a situação dos mais vulneráveis, mas que precisa dar lucro aos acionistas. Enfim, é um embrolho gigantesco. Quem está rindo de barriga bem cheia são os acionistas e o general, cujo salário é altíssimo.
CurtirCurtir
Num mundo que se encaminha rapidamente para funcionar com energia renovável, eliminando todo combustível de origem fóssil, faz cada dia menos sentido a República do Brasil ser acionista majoritária de uma companhia petrolífera. Não dá futuro. No limite, faria mais sentido que o governo, que é o gestor de nosso dinheiro, o investisse em energia eólica, geotérmica & assemelhados. Coisa limpa e de futuro garantido.
Que o presidente da Petrobrás seja um militar ou não, pouca importância tem. Será sempre um apadrinhado do governo de turno; portanto, a ele reverente. Os desmandos da era bolsonárica correspondem tim-tim por tim-tim aos “malfeitos” da era lulopetista. É muito dinheiro pra deixar à disposição de gente de passagem, como são os integrantes de qualquer governo de turno.
Quanto ao salário mínimo, foi estipulado e calculado na era Vargas. Quando foi instituído, era suficiente para manter uma família de quatro pessoas vivendo dignamente por um mês, incluindo aluguel, alimentação, transporte e gastos pessoais.
Décadas de tormentas inflacionárias aliadas a má gestão distorceram o quadro. Com o valor pago hoje, a mesma família não sobrevive uma semana. O Dieese há de ter razão. O problema é que, como a defasagem é tremenda, um ajuste – se ajuste um dia houvesse – teria de se estender por anos, um pouco cada ano, que é pra não estourar a economia.
ET: Acionista da Petrobrás qualquer um pode ser. As ações estão disponíveis.
CurtirCurtir