Milagre?

José Horta Manzano

Num raro sincericídio cometido nas barbas de apoiadores entusiastas, Jair Bolsonaro confessou ontem que é milagre ter conseguido segurar-se no mandato até agora.

Apesar do apreço que tenho e da reverência que sinto para com o capitão, devo discordar. Peço vênia, Excelência!

Milagre, em nossa língua, é palavra reservada para acontecimentos benéficos, favoráveis e auspiciosos. É sempre usada em sentido positivo.

Tem sido assim desde os milagres bíblicos, em que paralíticos voltavam a caminhar, cegos recobravam a visão e multidões eram alimentadas com meia dúzia de peixes.

Milagre não é a faísca acidental que bota fogo na casa, mas a chuva que apaga o incêndio.

Como tem feito em frequentes ocasiões, Sua Excelência distorce a realidade a seu favor. O fato de ter-se mantido na Presidência até agora não é milagre. A língua oferece um balaio de termos que se adaptam melhor. À escolha:

maldição,
desgraça,
fatalidade,
desventura,
cataclismo,
desventura,
infortúnio,
sinistro,
catástrofe,
adversidade,
desdita,
calamidade,
desastre,
estrago.

A lista não é exaustiva, mas vou parar por aqui pra este post não ficar demais deprimente. Ai de nós!

Dê-me sua opinião. Evite palavras ofensivas. A melhor maneira de mostrar desprezo é calar-se e virar a página.

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