José Horta Manzano
O distinto senhor retratado acima é Filippe Poubel. Foto instantânea é às vezes ingrata e pode dar imagem negativa do fotografado, portanto é bom esclarecer: Senhor Poubel é deputado estadual, eleito pelo povo do Rio de Janeiro. A foto foi publicada pelo próprio numa rede social.
Segundo sua assessoria de imprensa, ele se encontra atualmente “sob proteção do Estado após a Polícia Civil do RJ constatar, através de escutas, alto risco contra sua vida”. Essea ameaça pode explicar a pose de “venha me buscar se for homem”.
Na Europa, lá pelo final do século 19, cidades importantes começavam a virar metrópoles, com milhões de habitantes amontoados em espaço exíguo, com ruelas estreitas e malcheirosas. Em Paris, a coleta de lixo já existia. À espera da carroça do lixeiro, a população enchia as ruas com pilhas de entulho, transformando a cidade num espetáculo sórdido.
Em 1883, Monsieur Eugène Poubelle, autoridade regional com jurisdição sobre a cidade de Paris, assinou decreto impondo aos proprietários de imóveis que fornecessem a cada inquilino um recipiente padronizado para armazenar o lixo – o que chamamos hoje lixeira. Dimensões, características e formato estavam definidos no decreto. A novidade foi tão impactante, que o povo acabou dando o próprio nome da autoridade ao recipiente: até hoje, na França, lata de lixo não tem outro nome senão poubelle, substantivo feminino.
Na origem, o sobrenome francês Poubel (e sua variante Poubelle) é uma alcunha. Conto a história. Na época em que nomes de família começaram a ser atribuídos, 700 ou 800 anos atrás, essa estirpe foi iniciada por um indivíduo «pouco belo», um modo eufemístico (e sarcástico) de dizer que ele era muito feio. Na época e no dialeto de determinadas regiões, era assim que se dizia pouco belo: “pou bel”; em francês padrão atual ficou “peu bel” ou “peu beau”. A descendência do patriarca acabou herdando a alcunha, que virou sobrenome.
Pelo que se vê na foto, o nobre deputado, que belo não é, faz jus ao significado originário do sobrenome. Já quanto ao recipiente padronizado inventado por Monsieur Poubelle, cabe ao distinto leitor julgar se a pose do parlamentar merece terminar na lata do lixo. Ou não.
Só me pergunto como é que recebeu votos… depois, quando digo que merecemos o lixo humano que temos como representantes, chamam-me de coisa ruim. Mas que culpa tenho eu se a verdade é essa mesma? Se fizessem direito, estudavam o candidato antes de votar e pesavam as ações. É claro que o sujeito que trabalha feito mula de carga não tem tempo para procurar essas informações, ou tem tem, porque conheço sujeitos que votam mal, mas andam muito bem informados sobre o que lhes interessa. Posso estar redondamente enganada e peço desculpas, mas não está mais dando para engolir. Cada um seus iguais, não é?
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Se dependesse de mim, Senhor Poubel e todos os estropícios que nos governam iriam para uma grande ‘poubelle’. Parisiense ou das nossas mesmo, tanto faz.
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Me pergunto quando é que teremos políticos dignos. E estou com muito medo desse estrume – com o perdão da palavra – que temos como despresidente ser reeleito.
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Perigo sempre existe. Se aconteceu uma vez, não é impossível que a desgraça se repita. Mas dizem que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
Tem uma coisa. Bolsonaro não faz parte da ‘elite’ que segura as rédeas deste país. É um corpo estranho. Ao hostilizar repetidamente Judiciário e Legislativo, já mostrou ser perigoso.
O sistema não suporta conviver com bomba-relógio em seu seio. Reeleito ou não, periga acabar sendo expelido pelo próprio sistema, exatamente como aconteceu com a doutora. Vão tolerá-lo enquanto for útil.
São meus votos para o novo ano.
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