Carlos Brickmann (*)
No início do Governo, a fiscalização encontrou invasores derrubando árvores amazônicas. Usavam aquelas máquinas enormes, com correntes, que arrancam grandes árvores com raiz e tudo, para abrir uma clareira na mata, onde implantariam uma fazenda em terra pública e supostamente preservada. As árvores, ilegalmente abatidas, seriam ilegalmente vendidas.
Os fiscais agiram conforme as normas: puseram fogo nas máquinas, única maneira de desativá-las, já que seria impraticável tirá-las de lá. O presidente Bolsonaro entrou em erupção: na hora, suspendeu a política federal de destruição de máquinas usadas para botar abaixo as árvores.
Dado o sinal de vale-tudo, em pouco tempo começaram os incêndios na Amazônia – havia até um grupo de WhatsApp coordenando as queimadas. Na comoção dos incêndios, que desviou as atenções, os desmatadores foram derrubando árvores. O governo Bolsonaro não pode ver pau em pé; deixa que os grandes troncos beijem o chão, sejam vendidos e só então interfere, para botar a culpa nos países e empresas estrangeiras que compram ilegalmente a madeira ilegalmente abatida. Gringos espertos! São capazes de se entender com os espertos daqui!
Alguém acredita que um jacarandá de 25 metros de altura (um prédio de oito andares) com tronco de 80 cm de diâmetro sumiu sem que ninguém notasse sua viagem para o porto? Um ipê de 40 metros (12 andares de altura!) pode ter entrado escondido no navio ilegal, sem conivência de ninguém? A culpa é só dos gringos? E aqui trabalhamos para preservar a Floresta Amazônica?
(*) Carlos Brickmann é jornalista, consultor de comunicação e colunista.
Irônico e brilhante, em todos os sentidos. Ainda outro dia tive um insight: o fascismo se caracteriza pelo desejo de interromper ou impedir qualquer forma de prazer – inclusive e principalmente sexual – para que seja possível a obediência, a subserviência e a ausência de pensamento crítico. Frustrados e impotentes, fica mais fácil para nós nos conformarmos com a estreiteza mental e moralismo fundamentalista do Führer de plantão, não é mesmo?
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Concordo com seu lampejo. Quando o indivíduo repete que “quem manda aqui sou eu”, é sinal de que não manda tanto assim. Quando a simples presença de uma garrafa de guaraná Jésus lhe inspira pensamento gay, é sinal de que…
Bem, dado que Freud, por motivo de força maior, está impossibilitado de comentar neste espaço, cada um que tire suas conclusões.
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