José Horta Manzano
Esta aqui, recortei da edição online do G1 de ontem. Não sei o que o distinto leitor acha, mas a chamada, a mim, soa estranha.
Sou do tempo em que se morria de alguma coisa. Por exemplo:
Morreu de câncer
Morreu de infarto
Morreu de fome
Morreu de acidente
Morreu de parto
Morreu de desgosto
Pode-se também morrer por alguém ou por algo:
Morreu pela pátria
Morreu por seu ideal
Já o título da chamada – Morreu pela covid-19 – é esquisito. Ademais, o estagiário tascou letra maiúscula no início do nome da doença. Essa reverência deve vir do fato de se tratar de doença nova. A caixa alta me parece desnecessária.
A aids, que no início também era sigla, tornou-se nome comum e perdeu o privilégio: hoje se escreve com minúscula. Acho que a covid deve entrar na mesma categoria, assim como entraram a peste bubônica e a gripe espanhola.
Consertando a chamada:
Brasil passa dos 120 mil mortos de covid-19.
Caro Manzano, acho que o uso da preposição “por” no lugar de “de” se deve ao fato de que “morto” é tanto particípio breve de “morrer” quanto de “matar”. Se entendermos que a covid matou mais de 120 mil pessoas, é lícito dizer que essas pessoas foram mortas pela covid. Mas creio que não era esse o entendimento do estagiário. De todo modo, “mortas de covid” soaria um pouco estranho, você não acha?
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Concordo plenamente com você. Vamos admitir que tenha sido essa a intenção do estagiário. Se assim for, fica o dito pelo não dito.
Forte abraço.
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