José Horta Manzano
A morte de Fidel Castro, ocorrida quando o «lider máximo» já estava com 90 anos e enfermo havia uma década, não surpreendeu. Entristeceu alguns, alegrou outros, mas a Terra não vai deixar de girar por causa disso.
De toda maneira, quando se atinge idade canônica, o que tinha de ser feito está feito. Não há mais nada a acrescentar, nem para o lado do bem nem para o lado do mal.
Quanto ao legado do bondoso velhinho de Cuba, não são necessárias muitas palavras: basta observar o dia a dia do povo da ilha, que deixa patente a herança de quase 60 anos de castrismo. Como diz o outro, pior não fica.
Foi-se o comandante mas deixou uma saia justa para os mandatários do mundo. Quando morre um personagem importante ‒ especialmente tão longevo ‒, chefes de Estado ou de governo afluem para assistir aos funerais. É o costume. No entanto, no caso do velho e impiedoso homem forte de Cuba, a presença de personalidades causa embaraço.
De fato, os que forem estarão dando uma espécie de aval à política dos Castros. Já os que deixarem de ir vão marcar certa distância dos métodos da «revolución» e dar mostra de desaprovar o estilo cubano de governar. Ao não comparecer, estarão enfraquecendo sua posição como parceiro preferencial da nova política comercial que está despontando na ilha. Que fazer?
No momento em que escrevo, alguns chefes de Estado ou de governo já definiram posição. Vamos ver como está a lista.
Os que apenas mandarão representante:
● François Hollande (França)
● Shinzo Abe (Japão)
● Johann Schneider-Ammann (Suíça)
● Theresa May (Reino Unido)
● Vladimir Putin (Rússia)
● Felipe VI (Espanha)
● Justin Trudeau (Canadá)
● Michelle Bachelet (Chile)
● Mauricio Macri (Argentina)
● Narendra Modi (Índia)
● Hassan Rohani (Irã)
● Xi Jinping (China)
● Michael O’Higgins (Irlanda)
● Kim Jong-un (Coreia do Norte)
Que se note a curiosa ausência de dirigentes ideologicamente próximos do regime cubano, como o da Rússia, o da China, o do Irã e o da Coreia do Norte. Barack Obama (EUA) ainda não divulgou decisão oficial, mas deu sinais de não ter intenção de comparecer.
Do lado dos que confirmaram presença, estão alguns incontornáveis:
● Nicolás Maduro (Venezuela)
● Evo Morales (Bolívia)
● Daniel Ortega (Nicarágua)
● Rafael Correa (Equador)
Robert Mugabe, presidente do Zimbábue, que está entre os dirigentes malvistos no mundo civilizado, vai estar presente. O ditador Teodoro Obiang, da Guiné Equatorial, também. Jacob Zuma, da África do Sul, fortemente contestado em seu país, é outro que deverá assistir às cerimônias.
Até o momento, o único mandatário europeu a ter confirmado presença é Alex Tsipras, da Grécia.
Em atitude coerente com a atual visão política do Planalto, Michel Temer já designou representante. Despachou dois ministros para marcar presença. Faz sentido.
Alguns dos que citei devem estar-se sentindo incomodados pelo falecimento do «lider máximo». Está-lhes custando tremenda saia justa.