Eleição eletrizante

José Horta Manzano

Urna 5Você, que achou que a diferença de votos entre Dilma e Aécio no segundo turno da última eleição foi apertada, ficaria excitadíssimo com o que está acontecendo no Peru. A coisa por lá anda eletrizante.

Já faz alguns anos que o país vizinho, à semelhança do Brasil, instituiu o sistema de dois turnos de votação para escolher o presidente do Executivo. A excelente lição vinda da França foi adotada em boa hora.

Domingo passado, realizou-se o segundo turno. Pois imagine que, até a noite de terça-feira, contabilizados 99,1% dos votos, ainda não era possível afirmar qual dos dois candidatos era o vencedor. Diferença de pouco mais de 50 mil votos os separava. Aritmeticamente, nenhum deles podia se proclamar ganhador.

2016-0608-01 La RepublicaFalta ainda apurar o voto dos peruanos do estrangeiro. Aparentemente transportados em canoa a remo, os boletins só devem chegar a Lima pelo fim desta semana. Vai ser necessário contar até a última cédula para para ter certeza. De todo modo, voto no papel é mais confiável que voto virtual, que vigora no Brasil. Caso haja dúvida, é sempre possível recontar.

A vitória será apertada. O desenlace vai deixar marcas e exigirá, do vencedor, gestos concretos de apaziguamento. Sem ser especialista em política peruana, fiquei reconfortado com a declaração de um dos candidatos ‒ Pedro Pablo Kuczynski, PPK para os íntimos. Por sinal, é considerado pelos institutos de pesquisa como virtual vencedor.

Lima, Peru

Lima, Peru

Em declaração reproduzida pelo periódico El Comercio, señor Kuczynski foi incisivo: «Nuestra posición sobre Venezuela es absolutamente categórica. Ha habido una elección que la ganó el partido de oposición y ahora el gobierno está usando artimañas para invalidar el voto popular» ‒ Nossa posição sobre a Venezuela é absolutamente categórica. O partido de oposição ganhou a eleição, e agora o governo está usando artimanhas para invalidar o voto popular.

Nem o Itamaraty de Serra, que tenta desamarrar a política externa indigente herdada do finado governo, chegou a ser tão claro, tão visceral e tão contundente com relação à truculência imposta por señor Maduro a seu castigado povo.

As boas intenções do quase presidente do Peru, por si, não serão suficientes para inflectir o desvario dos mandatários de Caracas. Mas darão contribuição certeira para trazer de volta a civilização ao continente.

Um pensamento sobre “Eleição eletrizante

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