Uma vida vigiada

José Horta Manzano

Já disse e repito: estamos cada dia mais vigiados. Big Brother está aí, chegou pra ficar. Meus argutos leitores já se deram conta.

by Olga Subirós, arquiteta espanhola

by Olga Subirós, arquiteta espanhola

O espanhol El País publicou artigo sobre o assunto, de autoria da doutora Gemma Galdon Clavell, da Universidade de Barcelona. Ela assinala uma série de objetos e procedimentos de uso diário cujos dados podem escancarar a vida e a intimidade de cada um de nós.

A lista não é exaustiva.

Interligne vertical 16 3Kf1. Videovigilância. É muito prático poder assistir, de longe, ao que está acontecendo dentro de casa. O chato é que um grampo pode ser instalado por terceiros que poderão, assim, assistir às mesmas cenas.

2. Relógios de luz, termostatos e medidores de água, tão comuns e necessários, fornecem informação sobre hábitos do utilizador.

3. Televisores inteligentes e consoles de videogames dispõem de câmeras e microfones. O usuário pode estar sendo espionado.

4. Cartões de crédito são preciosa fonte de dados. Fornecem informações disputadíssimas sobre hábitos de compra.

5. Controles biométricos de entrada e saída armazenam informação sobre passantes.

6. Monitoramento remoto no trabalho pode, através de captura de tela, medir a produtividade do trabalhador.

7. Bases de dados pessoais contêm dados fiscais e de saúde dos clientes. Essa informação pode cair em mãos alheias.

8. Sensores de contagem de pessoas monitoram o fluxo de compradores e o tempo de permanência.

9. Cartões de fidelidade oferecem vantagens e descontos, mas também recompõem o perfil de cada comprador.

10. Ibeacons enviam ofertas para celulares próximos.

11. Wifi gratuito pode bisbilhotar o perfil Facebook de cada utilizador.

12. Cartões recarregáveis de transporte público guardam dados sobre os deslocamentos de cada passageiro.

13. Redes de automóveis e de bicicletas de aluguel registram trajetos dos clientes.

14. Placas de carros podem ser facilmente lidas por sistemas instalados na via pública.

15. Telefonia móvel permite geolocalizar.

16. Câmeras térmicas e sensores sonoros medem o fluxo de pedestres e níveis de ruído.

17. Mobiliário urbano detecta a presença de pedestres. Câmeras podem gravar, com nitidez, a imagem de quem passar.

18. Sistemas de estacionamento com cartão personalizado guardam dados sobre o utilizador.

Como se tudo isso não bastasse, quem nos garante que todas as nossas comunicações telefônicas não estão sendo armazenadas em gigantescas bases de dados? E nossas mensagens eletrônicas?

Big Brother 1É verdade que não há orelhas suficientes para escutar tudo. No entanto, em caso de necessidade, não deve ser difícil encontrar o que tiver de ser encontrado. Quem procura acha.

O que parecia, vinte ou trinta anos atrás, delirante ficção científica é hoje realidade. Estamos cercados – não dá pra escapar.

6 pensamentos sobre “Uma vida vigiada

    • Pois é, João, assim estão as coisas. Nada se pode fazer pra contrariar, antes, a tendência do movimento é acelerar.

      O que não tem remédio remediado está. Crime sempre existirá, mas vai ficando cada dia mais difícil escapar da sanção.

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  1. Preciso urgentemente de uma nave do tipo Enterprise para me deixar em um planeta um pouco menos informatizado (desde que por lá chegue sinal Wi-Fi aqui da Terra com um bom Firewall intergalático). Imagine agora que um sujeito andou dando entrevista por aí, um certo senhor Richard Terrile, diretor do centro de computação evolutiva e design automatizado do centro tecnológico da NASA. Diz esse cérebro brilhante (igual às luzes da árvore que acendemos durante o Natal) que teremos uma MATRIX até o ano de 2065 “made in Earth”, embora já exista uma em que nós já somos cobaias (AFIRMA). Agora, fazendo uma ligação com a realidade brasileira, tomara que demore a ter uma Matrix nestes lados de Pindorama. Faz medo existir um conhecido núcleo de poder prontinho para mamar nas tetas da Lady Matrix institucionalizada do futuro.

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