O indiciamento do capitão visto de fora

José Horta Manzano

Desgraça (ou júbilo, dependendo do ponto de vista) costuma dar a volta ao mundo num segundo. Nem Júlio Verne, em seus eflúvios fantasistas, ousaria imaginar que uma notícia pudesse circular a tal velocidade.

Bastou nossa PF soltar uma nota sobre o pedido de indiciamento de Bolsonaro, que de Buenos Aires a Berlim, de Washington a Moscou, a notícia já estava nos portais por aí afora.

A nota da polícia brasileira não era acompanhada por foto, dando assim liberdade a cada redação para a escolha da imagem. A maioria optou por inserir uma foto do próprio Bolsonaro.

Três das redações postaram uma imagem cômica de Bolsonaro de máscara antiviral. Quanto à expressão facial do capitão, nenhum dos portais foi “bonzinho” na escolha – os instantâneos são todos infelizes.

Ou, quem sabe, ainda está por vir um fotógrafo capaz de colher imagem “feliz” do ex-presidente. O trabalho é complicado e as inscrições para a façanha continuam abertas.

 

Brasil: Polícia acusa Bolsonaro de fraude em registros de vacinas contra a covid

 

 

Brasil, Bolsonaro é indiciado pela polícia por certificados falsos de covid

 

 

No Brasil, Jair Bolsonaro acusado de falsificar certificados de vacinação contra a covid

 

 

Jair Bolsonaro é indiciado por falsificar passaportes de vacinação

 

 

Polícia brasileira pede que Bolsonaro seja indiciado por falsificar sua carteira de vacinação

 

 

Bolsonaro é acusado de falsificar certificados de vacina

 

 

Polícia brasileira acusa Bolsonaro de falsificar registros de vacinação

 

 

Aperta o cerco a Bolsonaro: ele é acusado de “falsificar” registros de vacinação

 

 

Ex-presidente brasileiro Bolsonaro é acusado de falsificar certificado de vacinação contra a covid

 

Mesquinho

José Horta Manzano

«Cancelei, desde o ano passado, todas as assinaturas de jornais e revistas. Ministro que quiser ler jornal e revista vai ter que comprar.»

Essa frase, pronunciada esta semana por doutor Bolsonaro, evidencia mais um aspecto maligno do caráter dele: a mesquinharia. Em repetidas ocasiões, nosso mito tem reafirmado seu agarramento a picuinhas, a revides, a pequenas vinganças.

Se essas birras obstinadas são atributos comuns na adolescência, sua persistência num adulto denota um distúrbio de personalidade. É de crer que nosso presidente teve infância infeliz.

Sabe-se que o presidente tem medo da imprensa, razão pela qual foge de jornais e revistas.

A pequena vingança simbolizada pela suspensão de jornais e revistas no Planalto faz lembrar a história do Joãozinho. Era aquele garoto que ia à rua com a bola (no tempo em que se podia jogar bola na rua) para uma pelada com a garotada. Tudo ia bem até o momento em que Joãozinho, por uma razão qualquer, embirrava. Nessa hora, ele não perguntava se os amiguinhos queriam continuar a jogar ou não: confiscava a bola e ia embora. Para os mesquinhos, vale a norma: os outros que se lixem.

Jairzinho, nosso presidente, é como o Joãozinho da história. Visto que não gosta de ler, confisca jornais e revistas sem se preocupar se os demais gostariam de ler.

Nem o Lula, apesar de confessar seu horror à leitura, ousou confiscar jornais e revistas de seus assessores e privá-los de informação confiável. Nesse ponto, Jairzinho não é igual ao Lula; é pior.

Mesquinho
A palavra mesquinho vem do árabe miskin ou meskin. Nessa língua, significa pobre, desprovido de tudo. A raiz, presente também em hebreu, é atestada já na língua acádia, falada na Mesopotâmia 3.000 anos antes de Cristo. Ao passar para as línguas europeias, o termo sofreu alteração de sentido. Nas línguas latinas, designa aquele que se agarra a coisas pequenas, que não tem grandeza nem generosidade.