Dad Squarisi (*)
Se o falante tem ânsia de brevidade, a língua não o deixa na mão. Colabora. Por isso, inventou a abreviatura. Reduz um palavrão a poucas letras. Doutor vira dr.; Apartamento, ap.; Quilômetro, km. Mas a ajuda tem preço. São as regras para usar as pequeninas. A mais importante: ter pena do leitor. A redução precisa ser familiar, facilmente entendida.
Não só. As abreviaturas formadas pela diminuição de palavras têm três manhas.
● Uma: exigem o ponto final.
● A outra: não abrem mão do s do plural.
● A última, igualmente importante: mantêm o acento original.
Exemplos:
capítulo (caps.),
companhias (cias.),
páginas (págs.),
século (séc.),
código (cód.).
Tal como na vida, na língua há os privilegiados perante a abreviatura. É o caso do símbolo de hora, minuto, segundo, metro, quilo, litro e respectivos derivados (quilômetro, mililitro). Eles são sem-sem – sem o ponto abreviativo e sem o s indicador de plural: 5h30; 3h30min14; 4,5m; 20kg; 10ml.
Pragas aparecem de vez em quando. A mais recente atingiu a nobre figura do professor. Os manuais dizem que a abreviatura do mestre é prof. Mas, por alguma razão alheia à vontade de Deus e dos homens, começaram a brindá-lo com um ozinho (profº). O intruso aparece até em cartazes de faculdade. É a receita do cruz-credo.
A língua detesta redundância. O masculino não precisa do o. O feminino, sim, pede a. O plural, s. Compare: professor (prof.), professores (profs.), doutor (dr.), doutores (drs.), professora (profª), doutora (dra.), professoras ( profªs), doutoras (dras.).
(*) Dad Squarisi, formada pela UnB, é escritora. Tem especialização em linguística e mestrado em teoria da literatura. Edita o Blog da Dad.



