José Horta Manzano
Se é seguro entregar o pescoço para um quiroprata manipular? Olhe, fosse o meu pescoço, não deixava de jeito nenhum. Sabe-se lá que formação tem esse camarada?
A primeira parte da palavra [quiro] é raiz grega que significa mão. Quanto à segunda, tudo indica que seja prata mesmo.
Logo quiroprata pode ser um garimpeiro que gira a bateia com as mãos pra encontrar prata.
Outra possibilidade é que seja um rei Midas pobre, que não consegue transformar em ouro o que toca com as mãos, por isso vai-se contentando com prata mesmo.
Pensei ainda num carregador de mochila presidencial que tivesse poderes especiais. Mas não bate; se fosse mochileiro do ex-presidente, não se diria quiroprata, mas quiro-ouro.
Deixando brincadeiras de lado, o termo utilizado na chamada do Estadão não está dicionarizado. Nem nunca ouvi.
Essa técnica de manipulação se chama quiropraxia ou quiroprática. Quanto ao terapeuta, descarte todo quiroprata. Prefira sempre um quiroprático. É mais seguro.
Pois eu já entreguei meu pescoço nas mãos de um quiroprata dezenas de vezes e nunca me perguntei qual era sua formação (o meu era um velhinho japonês que mal falava o português). Antes de chegar ao pescoço, ele manipula várias áreas de seu corpo e dessa forma você percebe se ele tem ou não habilidade e qualificação para a tarefa. A angústia que a gente experimenta antes da manipulação é terrível, mas o alívio que se sente quando o pescoço é liberado é indescritível. Minha terapeuta também manipulava meu pescoço sempre que necessário, sem ter formação em quiropraxia. Confiança é pré-requisito para se entregar, sem dúvida.
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Ah, mas então seu velhinho era um quiroprático de verdade.
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