José Horta Manzano
Se faço bem as contas, é a segunda vez, em quatro anos, que concordo com alguma opinião de Jair Bolsonaro.
A primeira foi quando ele, logo em começo de mandato, extinguiu a regra de mudar a hora duas vezes por ano alternando hora de inverno e hora de verão. Estudos já demonstraram que o ganho em economia de energia é desprezível, e que os transtornos são mais importantes. Manter esse sistema é uma extravagância desnecessária.
Bolsonaro se queixa de longa espera para a posse de Lula
Faz sentido a reclamação do capitão quanto ao longuíssimo intervalo entre a eleição e a tomada de posse. Neste momento ele está saboreando o famoso “café frio” (ou requentado, que dá no mesmo). Oficialmente, é ainda presidente, mas, na realidade, já não manda. Quase todos os figurões que lhe faziam a corte se bandearam para bajular o novo chefe. Para um sujeito que já tem tendência à depressão, deve ser insuportável. Nessa hora, todas as doenças aparecem.
A França, que é vigorosa democracia, não impõe esse suplício a seus presidentes. Este ano, por exemplo, Macron se candidatou à reeleição e venceu. O voto se deu em 24 de abril. Menos de três semanas depois, em 14 de maio, ele já tomou posse da Presidência. Se a França consegue fazer uma transição em três semanas, por que o Brasil não conseguiria?
Se o Brasil seguisse o sistema francês, Lula estaria sendo empossado hoje, sábado.
Nossa regra de deixar dois meses de espera entre a eleição e a posse vem do tempo em que precisava contar um mês só para a apuração. Hoje não é mais assim; o resultado vem no mesmo dia. Portanto, dá pra aparar, cortar um mês e ficar com um só.
As manifestações de bom senso por parte do capitão são tão raras, que vale a pena tomar nota.
Se forem mudar a regra, que aproveitem o embalo e tirem essa cerimônia de transmissão de faixa do dia 1° de janeiro. É um dia incômodo. Convidados estrangeiros têm de tomar um avião de véspera, largar a família e passar o réveillon em voo. Francamente, tem lugares mais agradáveis pra festejar a entrada do ano.