Todo mentiroso contumaz, de tanto mentir, já não percebe que cai em contradição a cada esquina. É muito difícil sustentar uma mentira. Dá um trabalho danado. Tem de se policiar a cada frase, a cada instante, a cada dia, que é pra não se desmentir. O mentiroso inveterado não se dá ao trabalho de se autovigiar, então… catapum! Cai do cavalo a toda hora.
Não sei qual dos dois finalistas da corrida presidencial deste ano merece o título de Pinóquio-mor. O páreo está dureza. A dez dias do turno final, Bolsonaro soltou mais um desses pronunciamentos enrolados, com frases que se contradizem.
Ao lado do neo-bolsonarista governador de São Paulo, discursou e conclamou prefeitos paulistas a “virar votos”. Logo em seguida, afirmou que está ganhando “em todos os estados do Brasil, sem exceção”. Disse ainda que “daqui pra lá não vai voto, mas de lá pra cá vem”. Esta última frase deve significar que é possível que eleitores de Lula no primeiro turno votem em Bolsonaro no segundo, mas o vice-versa é impossível. (Há controvérsia.)
Ora, nessa embolada de afirmações, há colisão frontal.
1) Se ele estivesse realmente ganhando em todos os estados e se fosse impossível virar votos “daqui pra lá”, não haveria razão pra pedir empenho aos prefeitos: a vitória já estaria desde já assegurada.
ou
2) Se o capitão vê necessidade de pedir empenho de prefeitos para “virar votos”, é sinal de que a vitória “em todos os estados do Brasil, sem exceção” não está tão garantida assim.
Conclusão
Este blogueiro crava na opção 2. E o distinto leitor?