José Horta Manzano
Faz hoje 90 anos que estourou em nosso país uma guerra interna. Em São Paulo, é conhecida como Revolução Constitucionalista, enquanto no resto do Brasil é chamada de Revolução Paulista. Tinha o objetivo de derrubar o governo e destituir o ditador Vargas.
Eram objetivos ambiciosos demais e praticamente impossíveis de alcançar, tanto que o movimento malogrou. As tropas federais eram superiores em número de combatentes e em equipamento. Os combates tiveram início em 9 de julho de 1932 e se encerraram três meses depois, com a rendição do exército paulista e o desterro dos chefes principais.
O capacete de aço, o trem blindado e a matraca entraram para a história como símbolos daquele conturbado período. O capacete de aço protegia a cabeça dos combatentes. O trem blindado, apelidado de “Fantasma da Morte” pelos soldados federais, semeava o terror, fazendo as vezes de um verdadeiro tanque de guerra, camuflado e com canhão. E a matraca era um engodo engenhoso; ao ser girada na noite escura, imitava ruído de metralhadora, assustando e retardando a progressão da tropa inimiga.
Não assisti à Revolução de 1932. Sem querer cometer sacrilégio, matraca, para mim, traz doces lembranças da infância. Era o vendedor de biju doce que passava na rua em frente de casa. O homem andava curvado sob o peso de um enorme tambor verde-claro onde estava armazenada sua preciosa carga de guloseimas.
Para anunciar sua chegada, o vendedor de biju girava uma matraca. Mas era um modelo diferente da que tinha sido usada em ’32. A matraca do biju tinha um som característico, compassado, que me marcou a infância. Será que o homem do biju ainda passa?
Observação
Os símbolos da revolução foram tema de uma irreverente marchinha de carnaval composta por Braguinha, gravada por Almirante e lançada em 1933. No youtube aqui.
Engraçado que, para mim, a matraca está associada a uma coisa boa (o vendedor de biju) e a uma coisa ruim/apavorante (a procissão da Sexta-Feira Santa)
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Gostosa lembrança de infância.
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