José Horta Manzano
Imagino que muitos de nós – se não todos nós –, na infância, algum dia recitamos a parlenda que ia assim:
Um, dois,
Feijão com arroz;
Três, quatro,
Feijão no prato.
Quando chegava o “cinco, seis”, o coro emendava firme: “falar francês!”.
Por um daqueles acasos com que só a navegação na rede sabe nos brindar, caí hoje nesses versinhos. Surpreso, me dei conta de que sofreram leve alteração.
Francês? Nestes tempos de bilinguismo excludente que resulta num monolinguismo de facto, o francês escorreu pelo ralo. Numa gritante demonstração de que até versos infantis se adaptam ao tempo e ao vento, hoje não mais se fala francês, mas inglês.
Então, distinto leitor, ficamos combinados. Da próxima vez que chegar ao “cinco, seis”, não se esqueça: “falar inglês”.
Para a sequência da parlenda, pode continuar comendo biscoito no “sete, oito”, e pastéis no “nove, dez”. Mas isso pode mudar, que a inflação anda braba!